Ao contrário do que muita gente pensa, a flor da maconha é a parte mais valorizada de uma planta, e não as suas folhas. Conhecidas também como buds, são nelas que os canabinoides, como o THC e o CBD, ficam concentrados, o que faz com que sejam cobiçadas tanto para finalidades medicinais quanto recreativas.
A primeira coisa que devemos saber antes de querer consumir a maconha, é que nem toda planta produz flores. A maconha é uma espécie que também possui machos e fêmeas e apenas durante o desenvolvimento das fêmeas que as flores são produzidas. Durante a fase vegetativa de desenvolvimento da cannabis, ou seja, aproximadamente entre a décima e décima segunda semana, é possível identificar o sexo da planta, e saber se ela vai produzir flores. Caso o objetivo seja obter buds, é importante não compartilhar ambientes entre as plantas, pois a presença de machos pode impedir a colheita.
Além disso, a cannabis é uma planta composta por diferentes cepas, o que significa que nem toda maconha é igual. Essas subespécies se diferem, o que também impacta nas flores, que podem ter aparências diferentes e concentrações variadas de canabinoides.
Essa heterogeneidade ocorre porque a genética interfere ativamente na composição da planta. Apesar dos cuidados durante o cultivo ser um aspecto muito importante, os fatores genéticos determinam muitas das características, inclusive, a densidade e abundância dos buds. Você pode visualizar esses contrastes ao entender as principais diferenças entre as strains, como por exemplo: Lemon haze, Orange kush, Purple kush, 24k Gold, Sour Diesel.
Confira nossa sessão de strains e conheça mais genéticas da cannabis!
Estrutura da planta de maconha
Independente da strain, a flor da maconha possui uma estrutura em comum, que pode ser observada a olho nu.
Tricomas: Ao observar uma flor de maconha, é possível observar a presença de “pelinhos” em sua superfície, que também parecem pequenas “gotinhas” brancas. Essas estruturas são denominadas tricomas e são comuns em diversas espécies. Na cannabis, os tricomas abrigam grande parte da resina da planta e atuam também na produção de canabinoides e terpenos.
Brácteas: Encontradas em muitas plantas, as brácteas são confundidas com pétalas com certa frequência. No entanto, estrutura envolve e protege as flores e são ricas em canabinoides e terpenos.
Pistilos: Em cima das flores, ficam os pistilos, uma estrutura parecida com alguns fiapos, onde se encontram as partes reprodutivas femininas da planta, que estão prontas para serem polinizadas.
Cálice: O cálice é a estrutura feita de sépalas que envolve e protege a flor de danos externos. São abundantes em resinas e também abriga os pistilos e grande parte dos tricomas.
Saiba mais sobre a biologia da planta da cannabis aqui.
Como tornar a flor da maconha (buds) abundante e potente
Mesmo aqueles que tem acesso a strains que produzem buds densos, não podem descartar um cuidado especial com o seu cultivo. Questões como nutrientes e fertilizantes, iluminação, temperatura, água, fluxo de ar, são essenciais para que as flores prosperem e todo o trabalho valha a pena!
O cuidado com os seus buds não termina no momento da colheita. As flores recém-colhidas geralmente estão úmidas, o que pode proporcionar um gosto desagradável. Além disso, o excesso de umidade pode gerar o acúmulo de fungos e outros microrganismos indesejados. Por isso, após colher, o processo de secagem e cura é fundamental para que os buds se tornem mais atrativos.
Para que seus buds sequem, é importante que o ar circule livremente por toda sua superfície, evitando que só algumas partes fiquem secas. Dessa forma, após cortá-los você estender o pendurar os buds, e não esquecer de virá-los caso seja necessário. Por fim, fatores como umidade, temperatura, e a circulação do ar, também impactam no tempo necessário para secar a sua erva. Mas geralmente, esse processo leva de 7 a 12 dias. É natural que ao final dessa fase, seu tamanho tenha diminuído significativamente devido a perda de água.
Para saber se o bud está pronto para a cura, você deve tentar quebrar o galo. Se fizer aquele barulhinho de seco (creck), você já pode se preparar. Caso ele dobre, ainda não é o momento.
Para preservar o sabor, o aroma e a potência de seus buds, o armazenamento apropriado garante sua proteção. A opção mais indicada são pote de cura de vidro com fechamento hermético e mantê-los em ambientes frescos e escuros. A exposição excessiva ao calor e umidade, pode danificar seus buds, além de facilitar a proliferação de fungos. Você pode conferir os detalhes sobre o armazenamento adequado nesse texto aqui.
Formatos da flor da maconha
A forma mais popular no Brasil, é o que chamamos de flor solta. Os buds são exclusivamente comercializados e vendidos soltos, geralmente por peso. Após a compra, costumam ser dichavados e colocados em sedas ou algum outro acessório utilizado para fumar. Em outros países em que o consumo da cannabis é legalizado, as flores podem ser comercializadas pré-prontas, ou seja, em cones pré enrolados. Essa opção é consumida com mais frequência por aqueles que não sabem bolar e pode conter algumas misturas, o que faz com que não seja a primeira opção dos entusiastas da cannabis. Além disso, seus preços geralmente são mais altos.
Por conta da falta de regulamentação no Brasil a maioria da cannabis que é encontrada no mercado ilegal vêm prensada e, por isso, é difícil visualizar os buds nesse formato. Mas, ao lavar o prensado é possível encontrar algumas flores em seu formato original.
Tipos de flor de maconha
Infelizmente, quando se fala de cannabis no Brasil, é difícil identificar e categorizar suas variedades. O proibicionismo interfere no controle de qualidade e na identificação das variadas strains disponíveis em outros mercados. Em países em que o consumo é regulamentado, alguns termos são utilizados para categorizar os buds.
Top-Shelf: é a nomenclatura utilizada para caracterizar os buds de alta qualidade, onde diversos cuidados foram tomados durante todo o cultivo da planta. Esses processos mais trabalhosos, muitas vezes geram flores potentes e abundantes. Conforme o esperado, essa categoria inclui buds mais caros
Bottom-Shelf: é o termo que caracteriza buds de baixa qualidade e consequentemente de valores mais baixos. Geralmente, as flores classificadas como “bottom shelf” possuem um número mais baixo de canabinoides, poucos tricomas e um sabor menos puro.
Reserva Especial: essa é a nomenclatura que classifica os buds caracterizados por produção própria, ou seja, o dispensário de origem é o responsável pela qualidade atribuída ao seu cultivo e colheita.
Envelhecimento/degradação de buds
Com o tempo, é natural que os buds fiquem velhos e os principais sinais é o aroma e o sabor dessas flores.
A exposição prolongada de oxigênio, aumenta a proliferação de fungos e também produz um cheio desagradável, como se a flor tivesse passado por um processo de “fermentação”. Além disso, consumidores mais experientes conseguem perceber o sabor de um bud envelhecido, pois o tempo é capaz de transformar seus principais canabinoides em CBN, e o sabor se torna um pouco mais terroso.
Flores de CBD
Atualmente, têm crescido a popularidade das flores de CBD, uma alternativa terapêutica para uma variedade de sintomas. Essas flores são utilizadas com finalidade medicinal por meio da vaporização ou em alimentos e possuem uma série de benefícios em termos clínicos.
Diferença entre flor de cânhamo e flor de maconha
O cânhamo, uma das variações da cannabis, é reconhecido por suas inúmeras finalidades industriais, mas também produz flores. No entanto, o cânhamo possui níveis baixíssimos de THC, a propriedade psicoativa da cannabis, por esse motivo, suas flores não são utilizadas com fins recreativos. Apesar disso, o cânhamo ainda possui estruturas extremamente importantes, seus caules e sementes são ricos em fibras e em nutrientes, e faz com que a planta seja útil em inúmeros setores.
A principal diferença entre essas duas variações é que flor de cânhamo é utilizada para fins medicinais, terapêuticos e industriais, enquanto a maconha é frequentemente usada para fins recreativos.
A regulamentação das flores no Brasil
A Anvisa autoriza, por meio da resolução RDC 660/22, a importação de flores de Cannabis para fins medicinais. Para ter acesso a um tratamento com derivados da planta, é necessário passar por uma consulta com um médico prescritor de produtos à base de cannabis. Após obter a receita médica, os medicamentos podem ser obtidos via importação, e outros derivados, como o Óleo de CBD, também podem ser encontrados em farmácias.
Pouquíssimas pessoas possuem autorização judicial para o auto cultivo de cannabis, que também é exclusivamente medicinal e exige diversos documentos e comprovantes. Já o uso recreativo da cannabis não é legalizado no Brasil. Devido ao proibicionismo, é muito difícil identificar cepas, quantidade de canabinoides e a qualidade das flores que são vendidas no comércio ilegal.
sempre tive essa dúvida e nunca consegui a resposta, mas…
as Brácteas, as “folhinhas da bud”, também chapam?
vejo muitas pessoas tirarem essa parte na hora de dixavar e adoraria saber se isso é certo ou não, geralmente a justificativa é de que esta parte não chapa e dá dor de cabeça, mas pelo que entendi existe sim uma concentração leve de propriedades nessa parte?!
Olá, Reynnã! Essa é uma ótima pergunta e um ponto de confusão comum entre usuários de cannabis. As brácteas são pequenas folhas verdes que envolvem a flor da cannabis, e sim, elas contêm canabinoides, incluindo THC e CBD, embora em concentrações geralmente menores do que as encontradas diretamente nos tricomas das flores. Os tricomas são aquelas estruturas cristalinas que cobrem as partes mais potentes da planta.
A razão pela qual algumas pessoas preferem remover as brácteas ao dichavar é que elas podem ser mais duras e fibrosas do que as flores, o que pode afetar a qualidade da fumaça ou do vapor, tornando-o mais áspero. Além disso, a presença de clorofila nas brácteas pode alterar o sabor e, em alguns casos, se consumida em grandes quantidades, pode contribuir para dores de cabeça.
No entanto, se bem manuseadas, as brácteas ainda podem ser utilizadas, especialmente em aplicações onde são extraídos os canabinoides, como na fabricação de óleos e comestíveis, onde esses aspectos menos desejáveis (como a dureza e o sabor da clorofila) podem ser mitigados durante o processo de extração.
Em resumo, se você está procurando aproveitar ao máximo todos os componentes da sua cannabis e não se importa tanto com a suavidade da fumaça, você pode optar por deixar as brácteas. Caso contrário, retirá-las pode melhorar a experiência de consumo. Espero que isso tenha esclarecido sua dúvida! 🙂
Queria usar flor para fazer um chá para insônia, alguém tem alguma sugestão já faço uso oleo e muito caro.
Olá, Isa! Além da cannabis ser uma excelente fonte para ajudar na insônia, existem outros chás que podem ser úteis para esse caso. Nosso blog está repleto de conteúdos sobre chás e seus benefícios para a saúde! 🙂