O uso recreativo de cannabis é uma das frentes mais conhecidas do meio canábico, mas ao mesmo tempo é a que sofre mais preconceito. Esse é o tipo de consumo voltado para a diversão ou o prazer e que pode ser realizado por meio do fumo, vaporização, bebidas infusionadas com maconha, comidas com ingredientes da planta e outros métodos.
No Brasil, o uso recreativo de drogas, categoria em que a maconha, muitas vezes, é incluída, é ilegal, mas discriminalizado via Lei nº 11.343/2006, enquanto a cannabis para fins medicinais já tem uma certa regulamentação via Anvisa. Isso porque o consumo recreativo causa efeitos psicotrópicos, os quais são erroneamente associados a comportamentos e ações negativas dos indivíduos, além de carregar um estigma social e racial histórico – entenda mais sobre esse tema aqui.
Quais os efeitos do uso recreativo?
A cannabis para fins recreativos é aquela que “chapa”, pois as quantidades de THC presentes são mais altas e esse fitocanabinoide, quando passa por um processo de descarboxilação, ou seja, entra em contato com o calor como por meio do fogo no momento do fumo, tem suas propriedades psicotrópicas ativadas. Os efeitos mais comuns são:
- Euforia;
- Sonolência;
- Relaxamento;
- Risos espontâneos;
- Leve perda de coordenação motora;
- Olhos pequenos e vermelhos;
- Boca e lábios secos;
- Aumento do apetite, a famosa larica;
- Etc.
Esses efeitos podem ser diferentes em cada pessoa, dependendo do tipo de cannabis a ser consumida, pois cada strain ou cepa tem uma combinação diferentes de fitocanabinoides, terpenos e canaflavinas que, a depender da forma de cultivo, armazenamento e consumo, terão efeitos diferentes em cada pessoa.
Há outras consequências do uso recreativo a longo prazo, como a leve perda de memória, mas não há nenhuma gravidade relacionada a esses efeitos. Ainda assim, é contraindicado para adolescentes e para pessoas com transtornos psicóticos, inclusive podendo agravar os sintomas da ansiedade.
Diferença de uso recreativo e uso medicinal
Por mais que, em alguns casos, o uso medicinal da maconha também seja realizado à base de produtos que contêm THC em seus ingredientes, a concentração e a forma como são feitos não possibilita o efeito psicotrópico tão comum no consumo recreativo. O THC é utilizado de forma medicinal, pois, além de “chapar”, também oferece benefícios terapêuticos importantes, como relaxamento, aumento de apetite, alívio de dores e muito mais.
Ainda, ambos os usos se diferem também na forma farmacêutica e vias de administração, isto é, o tipo de produtos a serem consumidos e por que via corporal são consumidos. Por exemplo, o uso recreativo é comumente praticado pelo fumo, consumo de bebidas e alimentos, vaporização, entre outros. Por outro lado, no uso medicinal, também pode-se utilizar essas formas farmacêuticas, bem como cremes, óleos, pomadas, comprimidos, bombas de banho e muito mais. Veja aqui alguns produtos medicinais disponíveis para venda no Brasil.
Ainda, muitos acreditam que o CBD é um fitocanabinoide exclusivo à cannabis para fins terapêuticos, mas não: ele também está presente no uso recreativo, assim como outros fitocanabinoides, terpenos e canaflavinas.
O “uso terapêutico” da cannabis é considerado por especialistas aquele que, independente da forma de consumo, busca o bem estar do indivíduo. Essa forma de enxergar o consumo de maconha existe também historicamente, uma vez que diversos povos fizeram esse uso tanto para rituais em que buscavam o efeito intoxicante quanto como tratamento para diferentes condições médicas.
Uso adulto x uso recreativo
Uso adulto e uso recreativo se referem à mesma forma de uso da maconha, mas o primeiro é um termo mais técnico e correto, pois indica que o consumo de cannabis para fins de lazer é mais limitado e deve ser praticado apenas por adultos. O termo “uso recreativo”, apesar de mais popular e muito disseminado entre a mídia, deixa esse consumo mais amplo e pode, inclusive, ser mais apelativo para crianças e adolescentes, público para o qual não se recomenda o uso da planta para prazer e diversão.