Apesar dos mais de cem anos de proibicionismo e muitos estudos a serem realizados para que se recupere os anos perdidos, a maconha não parece ter perdido seus entusiastas. Os usuários, pacientes e apoiadores da cannabis parecem estar presentes em todos os países do mundo e em cada um deles, desenvolveram uma cultura única desse nicho que inclui uma série de gírias de “maconheiro” e expressões características.
Preparamos um material bem completo e diferente dos que já existem, pois decidimos separar nosso dicionário canábico por categorias do contexto em que são usadas ou a que se referem. Além de palavras específicas desse universo também vamos explorar algumas das principais gírias de maconheiro, revelando um pouco dessa linguagem característica e descontraída.
Cultura canábica e o impacto na língua dos maconheiros
Como falamos e como se vê nas muitas manifestações favoráveis a maconha pelo mundo, essa planta tem muitos apoiadores e até quem diga que fãs. Pelo que a história da cannabis nos conta, seu uso é milenar e a planta era celebrada inclusive por deuses de algumas culturas. Nos tempos modernos os usuários e pacientes, possivelmente devido a sua união na ilegalidade, criaram um universo que possui sua própria cultura.
Os movimentos favoráveis a regulamentação, como são as Marchas da Maconha e outros eventos canábicos, são ambientes em que se vê muitas das expressões que aqui trouxemos, mas basta estar com alguém que se considera um expert para ouvir muita gíria de maconheiro. As expressões criativas e divertidas, particulares desse meio são uma forma de celebração ao uso da maconha e também uma maneira de se compartilhar entre os entusiastas. Essa linguagem especial cria um senso de comunidade e pertencimento, além de representar a afinidade com a planta e seus efeitos.
Línguas estrangeiras e a influência nas gírias de maconheiro tropicalizadas
A cultura canábica não foge da “americanização” de muitos termos e assim como em outras áreas, a língua dos maconheiros também se apropria de termos estrangeiros e os adapta ao contexto canábico. Além das adaptações, esse meio também não traduz algumas expressões e se escuta muitas pessoas falando os termos em inglês mesmo, já que são amplamente conhecidos.
Expressões como “chapado” (do inglês “high”) e “maria joana” (do inglês “mary jane”) são exemplos de como essas palavras se tornaram parte do vocabulário maconhista, refletindo a influência cultural e a internacionalização dessa comunidade.
Principais gírias de maconheiro, separadas por tema
Tentamos trazer todas gírias de maconheiro, entre palavras e expressões que nosso time lembrava, mas queremos sua ajuda também! Coloque nos comentários o que você lembrar que vamos acrescentar no texto!
A Maconha
Banza: um dos muitos nomes para maconha que vamos ver nesse dicionário, pode se referir a maconha em si ou a ela já enrolada.
Bud: é uma parte da estrutura da planta da maconha, nesse caso a flor. Essa é uma expressão adaptada do inglês, mas muito popular no país.
Camarão: esse não é um tipo de maconha, apesar de muitas pessoas confundirem como se fosse, é uma expressão usada para se referir a uma grande flor de maconha.
Chá: expressão popular muito famosa para se referir a maconha.
Ganja: falamos que iamos ter muitos nomes para maconha né? Pois é, ganja é uma forma clássica e bem conhecida para se referir a cannabis (de todos os tipos).
Maria Joana ou Mary Jane: expressão que deriva do termo marijuana da língua inglesa e que se refere a maconha.
Weed: palavra em inglês para maconha.
Consumo da maconha
Apertar um: ato de enrolar um cigarro de cannabis.
Baga: a baga é como se chama o finalzinho do seu baseado, normalmente essa expressão é mais usada para baseados enrolados sem o uso de uma piteira
Baldada: é uma das formas de se usar maconha, com a ajuda de um balde. Nesse tipo de uso, um balde com água é necessário e uma garrafa vazia, com o fundo recortado. Na ponta da garrafa será colocado um baseado ou um apoio para a flor dixavada da maconha, que quando aquecidos, soltarão uma fumaça e essa fumaça é inalada pelo usuário.
Baseado: nome utilizado para se referir ao cigarro da maconha.
Bateu: é o que as pessoas falam depois de consumirem maconha e sentirem os efeitos que a maconha tem no corpo. Essa mesma expressão também é usada para o consumo de outras substâncias.
Beck: outra expressão para o baseado.
Bomba: é o oposto de um beck fino, normalmente é um beck mais gordo e curto que também pode ser chamado de bombinha.
Cone: quando o baseado é enrolado em forma cônica, normalmente ele é mais fino perto da piteira e gordinho na ponta.
Dab: dar um dab é uma forma de se fazer o consumo de maconha, normalmente esquentando uma extração de boa qualidade e colocando-a sobre uma superfície quente (de vidro ou titânio) e inalando a fumaça que sai desse processo.
Dedo de gorila: outra maneira de se referir a um beck grande e gordo.
Dixava ou dixavar: quando você corta com a tesoura ou coloca a maconha em um aparelho com dentes que ajudam a deixar um pedaço em vários pedacinhos.
Fino, fininho ou finório: um baseado fininho que também pode ser chamado de perna de grilo, que vamos explicar melhor abaixo.
Imperial: um baseado feito com o uso de flores e haxixe.
Marola: é a fumaça gerada pelo cigarro de maconha, normalmente essa expressão é usada quando a fumaça está muito pesada no ambiente e outras pessoas, não usuárias, conseguem sentir também.
Paranga: é um pedaço entre 5g a 20g (essa quantidade pode variar) de prensado, muito vendido no comércio ilícito em todo o Brasil.
Pastel: essa é uma expressão muito usada quando alguém quer falar que o baseado que o outro enrolou está feio ou não pode ser fumado de tão mal-feito que está. Faz referência ao formato mais quadrado do que cilindrico de um cigarro de maconha.
Perna de grilo: outra maneira de chamar o beck que é mais fino.
Pilar: pilar um beck significa usar um objeto de ponta mais fina para empurrar o conteúdo do baseado mais pra baixo, ou seja, mais próximo da piteira e deixar o recheio mais concentrado, fazendo uma puxada melhor.
Ponta: a ponta é também uma forma de se referir ao final do baseado, e mais usada para baseados acompanhados de piteira.
Puxa, prende, passa: essa é uma maneira de se fumar, normalmente numa roda de amigos em que cada um segura a fumaça que puxou, passa para o próximo da roda e solta apenas quando o baseado voltar para si.
Senadapo: sabe aqueles guardanapos de bar, que ficam sempre bem juntinhos e não parecem absorver bem? Esses papeis que não são bons para limpar sua mão, também não são bons para se usar no lugar da seda, mas pessoas recorrem quando estão sem.
Splif: palavra derivada do inglês para baseados feitos com tabaco e haxixe
Tabeck: a maneira brasileira de chamar um baseado feito com tabaco e haxixe, mas nesse caso com mais tabaco que haxixe.
Tora: outra forma de se referir a baseados mais gordinhos que o normal.
Tipos e variações da maconha
Bubble Hash: esse é um tipo de haxixe, extraído com água e gelo como separadores dos tricomas da matéria vegetal. É um tipo potente de extração e muito popular no uso recreativo da maconha.
Colô ou colombinha: é uma forma de se chamar a strain Colombian Gold e também um tipo de maconha, muito encontrado na América Latina que cresce outdoor e tem um aspecto particular. Entenda tudo sobre esse tipo nesse texto.
Concentrado: os concentrados de cannabis são extrações (vamos explicar melhor esse conceito abaixo) que justamente concentram as principais moléculas de interesse.
Extração: as extrações da maconha são muitas, pois a planta é resinada e também possui sementes com óleos essenciais, portanto é possível se fazer diferentes tipos de extração para se retirar as moléculas de interesse da matéria vegetal.
Fresh Frozen: a maconha fresh frozen é aquela que é congelada logo na sequência de ser colhida, normalmente faz-se esse processo apenas quando se busca usá-la posteriormente para se fazer haxixe.
Haze: as plantas do tipo haze são aquelas com efeitos mais energéticos e uma estrutura alta e fina.
Kush: atualmente a cannabis é dividida entre indica, sativa e ruderalis. As plantas Kush, são aquelas que tiveram origem na região dos Himalaias.
Marrom: é a maneira que o pessoal chama o haxixe dry sift, esse nome é uma referência a cor do extrato e de onde ele é orginalmente, que é o Marrocos.
Peruana: um tipo de maconha que se assemelha a Colombian Gold, porém é vendida no mercado como superior a colombinha. Sem origem definida e nem características claras.
Pren ou prensado: tipo de maconha muito encontrado na America do Sul que vem em forma de pequenos blocos e nem sempre é de boa qualidade.
Soltinho: o soltinho é um tipo de maconha, muito encontrado no Nordeste e que faz referência a ser uma maconha diferente da prensada que vem no formato de bloco, essa maconha vem solta com os camarões aparentes.
Skunk: as plantas skunk são as mais antigas que conseguimos identificar e as mais cheirosas também.
Verdim ou verdinha: pode ser um dos muitos nomes dados a maconha, mas normalmente é uma referência a quando o prensado está mais verde do que marrom, o que é considerado uma coisa boa.
Gírias de cultivo/cultivador de cannabis
Breeder: esse é o nome dado para as pessoas que fazem a manipulação genética da cannabis em busca do aumento de THC das genéticas
Cepa: é como chamamos as linhagens da maconha, algo similar ao que seria a raça no cachorro, são as cepas da maconha.
Grow: palavra adaptada da língua inglesa para se referir a um cultivo de cannabis.
Grower: também uma adaptação, é a pessoa responsável pelo grow, ou seja, pelo cultivo de cannabis
Growshop: outra variação, são as lojas que vendem os produtos do mundo do cultivo de cannabis
Indoor: é quando o cultivo é feito dentro de algum lugar, que pode ser uma cabine, um armário, um quarto ou uma casa, porém deve usar iluminação artificial ou hibrida.
Landrace: é uma expressão usada para se descrever as strains originais, aquelas que foram identificadas primeiro e não necessariamente existem ainda, como é o caso da Manga Rosa, OG Kush, Afghan, entre outras.
Outdoor: é o oposto de indoor, ou seja, é quando a maconha é cultivada ao ar livre e usa o sol como seu principal provedor de energia
Prenseed: são as sementes encontradas no prensado e como ninguém sabe de quais genéticas são as plantas que deram origem, o prensado em si virou um tipo de maconha que tem suas sementes.
Strain: é o nome em inglês para cepas ou genéticas, que são as linhagens da maconha
Trim ou trimar: é o processo de aparar as folhas que ficam nos buds de maconha, para que o seu consumo seja mais “limpo”, ou seja, tenha menos matéria vegetal e mais canabinóides.
Tricoma: é uma estrutura encontrada na cannabis e em outras plantas que, quando olhada com uma lente macro, se parece com um cogumelo. É nessa estrutura que ficam os canabinóides e outras moleculas terapeuticas da cannabis.
Lifestyle
Brisa: é o sentimento de estar “viajando” ou flutuando, que pode acontecer depois do consumo de cannabis.
Chapar: é o sentimento mais associado ao uso recreativo da maconha, normalmente envolve a classica tranquilidade e lezeira do corpo e mente
Dispensário: são as lojas em que se vende maconha nos países onde o consumo é regulamentado
E, aí, Romário?! ou Passa a bola, Romário!: expressões que normalmente são faladas para aquela pessoa da roda que fica muito tempo com o baseado e não passa para o próximo.
F1 ou Fumar um: quando você convida alguém para te acompanhar na hora de fumar um beck
Headshop: são lojas que vendem artigos voltados para o consumo da cannabis, como sedas, piteiras, bongs e muito mais
Jacaré: falamos jacaré quando o baseado não está queimando linearmente na horizontal, ou seja, algumas partes dele queimam mais rápido do que outras.
Larica: muitas pessoas associam o ato de fumar maconha ao sentimento de fome que vem logo na sequência. A ciencia nos explica por que isso acontece, entenda melhor por que sentimos fome depois de fumar um beck.
Lombra: similar ao que é a brisa ou o efeito de estar chapado, normalmente associado aos sentimentos e efeitos da maconha no corpo depois do seu consumo.
Mafu: o contrário de fuma, o jeito carica de te chamar para fumar um
Marofa: já ouviram alguém falar que o ambiente estava marofado? Isso quer dizer que o ambiente está com muito cheiro de maconha.
Na de um: nermo usado para que cada pessoa da roda dê apenas um pega (explicamos o que é essa expressão abaixo) no baseado, normalmente falado quando o beck está próximo do fim para que todos possam fumar.
Nóia: é uma gíria para se referir a quem fuma muito ou está na paranóia depois de fumar um.
Pega: dar um pega é puxar uma vez a fumaça do baseado. Cada trago é um pega e essa é uma expressão muito usada entre os usuários de maconha.
Pit: diminutivo de piteira
Plug: gíria usada para se referir as pessoas que vendem maconha no mercado ílegal, ou seja, os traficantes.
Quatro e vinte (420): esse é o número da maconha ou assim a cultura canábica acabou chamando. Nesse texto te explicamos melhor de onde vem esse termo.
Queimar um: assim como o fumar um, o queimar um é a referência para fumar maconha
Tapa na pantera: nome do clássico curta de 2006 com Maria Alice Vergueiro e também o ato de dar um pega ou dar uma fumada no baseado.
Tira da meia: uma forma de falar para alguém colocar um beck na roda, ou seja, fornecer a maconha para um grupo fumar.
To na B: significa que você é o próximo da roda a fumar, ou está pedindo para ser.
Expressões do uso medicinal e terapêutico
Efeito entourage: muito defendido e também debatido, esse efeito é um resultado da combinação de canabinoides, terpenos e outras moléculas terapêuticas da cannabis
Full Spectrum: são os produtos de maconha que derivam de extrações que não isolam os compostos, ou seja, são produtos feitos com todas as moléculas originais da planta que são resultado.
Óleo de canabidiol/óleo de CBD: é o óleo extraído da planta da maconha que é rico no canabinoide CBD (canabidiol). Esse tipo de produto é muito popular, pois tem diversos usos terapêuticos e tem se provado um aliado no tratamento de diversas condições médicas.
Redução de danos: as estratégias de redução de danos são práticas muito usadas para diminuir os impactos do consumo de maconha e outras drogas no corpo dos usuários.
Tintura: é um tipo de extração da cannabis, normalmente feita com álcool, que transforma uma matéria vegetal em um concentrado, muito usado no uso medicinal da maconha
Itens do mercado da cannabis
Bolador: aparelho que faz o processo de enrolar um beck para você.
Bong: um item normalmente de vidro ou silicone que contém água e possibilita que se fume sem o uso de papel.
Esmurrugador: uma maneira de se falar dixavador
Marica: uma piteira ou apoio ao baseado normalmente feita de madeira
Pipe: um utensílio de vidro, silicone ou metal que se assemelha a um cachimbo, porém reto. Na boca mais longe da boca se coloca a maconha em cima de uma redinha ou buraquinho e se esqunta, a fumaça será puxada através do utensilio
Piteira: objeto de papel, vidro, murano, entre outras que é colocada na ponta que encosta na boca do usuário e serve para criar uma distância entre os lábios e a fumaça mais quente.
Seda: é como se chamam os papeis usados para se enrolar um baseado, podem ser feitas de diferentes materiais.
Vaporizador: os vaporizadores são aparelhos eletrônicos que possuem algum tipo de resistência que aquele a maconha para que a fumaça seja inalada. Podem ou não conter água, filtro, controle de temperatura, entre outros diferenciais.
Xapa xana: é o nome de um lubrificante de cannabis e uma marca uruguaia, que é vendido no Brasil. Também virou uma expressão para se falar de lubrificantes de maconha em um geral.
Eai, nos esquecemos de alguma coisa? Deixe nos comentários e vamos adicionar 🙂
Como se fala aquilo que se faz em dois?
session ou sexo
Seria a famosa “peruana”, Raissa?
Quais os nomes que se dá à porção qdo se vai comprar do fornecedor. Me refiro ao pacotinho!
Balinha ou quase sempre “uma de (valor que você quer)”
Ex: uma de 10
Oi, Edson! Eu conheço como paranga/paranguinha. Mas, nosso amigo aqui em cima, conhece como balinha, por isso, acredito que varia muito de acordo com a localidade. 🙂
A de 10 também é chamada de DOLA