As mudanças na nomenclatura da cannabis

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O proibicionismo não só impactou a base de dados sobre a cannabis, mas, também, estudos a respeito das nomenclaturas da planta. Em estudo, pesquisador problematizou um dos termos mais utilizados hoje: as "flores" da maconha

“Flores” ou “frutos partenocárpicos”? Estudo propõe mudança importante na nomenclatura da cannabis, a de uma das principais partes de sua estrutura.

O impacto do proibicionismo na nomenclatura da cannabis

Por conta do longo período de proibicionismo, perderam-se vários anos de aprofundamento e estudo em relação à cannabis, não só sobre seus benefícios, mas, também, sobre sua estrutura, biologia e suas nomenclaturas apropriadas. Em dezembro de 2020, o pesquisador franco-argeliano Kenzi Riboulet-Zemouli publicou um estudo sobre a terminologia da planta, problematizando alguns termos usados hoje e atualizando-os, o que gerou um debate importante no meio canábico.

nomenclatura da cannabis

Para o pesquisador, os conceitos utilizados atualmente são “fracos, ambíguos e inconsistentes”, bem como sustentados por uma “base científica insuficiente”. Ele abordou diversos termos, sendo um deles com maior repercussão o de “flores” da maconha, os famosos buds, da palavra em inglês. Para o mercado, elas são as partes mais valiosas da planta, pois concentram a maioria das substâncias que oferecem propriedades terapêuticas, apesar de outros elementos da estrutura, como o caule, a folha e até as raízes, também carregarem uma quantidade relevante de princípios ativos benéficos. 

Essa parte da cannabis já era nomeada de flor, em 1894, no Relatório da Comissão Indiana para Drogas do Cânhamo, que foi uma análise indo-britânica sobre o uso de planta na Índia. Em 2007, ela foi chamada de “inflorescência feminina com sementes maduras” em um artigo que estudou o cultivo da maconha no Nepal. Dois anos depois, ganhou a denominação de “brácteas que circundam os ovários”, seguida de muitos outros termos. 

A nomenclatura da cannabis através da biologia

Segundo Riboulet-Zemouli, no entanto, elas não deveriam receber nenhum desses nomes. Os buds contêm sementes, uma característica incompatível com os fundamentos da botânica das flores. Além disso, para que sejam colhidos, eles precisam amadurecer, outro fato que não condiz com as flores, pois elas não amadurecem e, sim, murcham para se transformar em frutos – esses, por sua vez, amadurecem. 

Por isso, em seu estudo de três anos, o pesquisador denominou essas flores de frutos partenocárpicos, pois podem conter sementes e amadurecem, além dos frutos serem provenientes de flores femininas não fertilizadas – o que define a ciência botânica define como “partenocarpia”. Isso, contudo, não foi bem aceito por alguns especialistas, o que mostra o quanto ainda há necessidade de estudar a terminologia da cannabis.

“Em um contexto de um número crescente de produtos à base de cannabis sendo consumidos (seja via prescrição médica, uso adulto, alimentos e cosméticos de cânhamo ou outros fins), esse estudo pode auxiliar a pesquisa, contribuir para a rotulagem transparente de produtos, a segurança e conscientização do consumidor, farmacovigilância, padrões médicos de atendimento e uma atualização das abordagens de prevenção e redução de danos. Ele também pode informar melhor as políticas regulatórias em torno da Cannabis sativa L., seus derivados e outros produtos contendo canabinoides”, diz o estudo. 

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