Psicoterapia: O que é, para que serve e quais são os principais tipos 

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A psicoterapia é uma ferramenta muito poderosa para o desenvolver o autoconhecimento e para enfrentar os obstáculos do cotidiano, que muitas vezes causam desconfortos e traumas diversos. Entenda o que é, para que serve e quais são os principais tipos das terapias!

Em 2023, O Globo divulgou em uma matéria que apenas 5% dos brasileiros realizam sessões de psicoterapia, porém, 1 a cada 6 usam medicamentos para tratar transtornos mentais. Além disso, 11,9% da população realiza algum tipo de tratamento alternativo como yoga, meditação ou fitoterapia

Mesmo sendo um dos países com o maior número de pessoas ansiosas no mundo, poucas pessoas realizam terapia, seja por motivos financeiros, por falta de acesso, conhecimento ou mesmo por preconceitos em relação ao tratamento mental. Por esse motivo, vamos explorar os principais benefícios para quem realiza psicoterapia, quais são as abordagens, quando procurar um especialista, relação com a cannabis medicinal e muito mais!

O que é psicoterapia? 

A psicoterapia é uma prática terapêutica amplamente reconhecida por seu papel crucial na promoção do bem-estar psicológico e emocional das pessoas. É um processo colaborativo entre um terapeuta qualificado e um paciente, onde são explorados pensamentos, emoções, comportamentos e experiências vividas pelo indivíduo. Este processo visa promover mudanças positivas e melhorar o bem-estar geral. 

Existem alguns componentes que são fundamentais no processo da psicoterapia: 

Psicoterapia
  • Relação terapêutica: É a base da psicoterapia. Envolve um vínculo seguro e confidencial entre o terapeuta e o paciente, onde este se sente confortável para explorar questões pessoais e emocionais. 
  • Exploração e entendimento: O terapeuta ajuda o paciente a explorar pensamentos, sentimentos e comportamentos que podem estar causando desconforto ou dificuldades na vida. Isso pode envolver reflexão sobre o passado, entendimento do presente e foco em metas futuras. 
  • Estratégias e intervenções: Com base na teoria psicológica e nas necessidades específicas do paciente, o terapeuta utiliza diversas estratégias para ajudá-lo a ganhar insights, adquirir novas habilidades e promover mudanças positivas. Exemplos incluem técnicas cognitivo-comportamentais, psicodinâmicas, humanistas, entre outras. 
  • Suporte e empatia: O terapeuta oferece suporte emocional e demonstra empatia durante todo o processo terapêutico. Isso ajuda o paciente a sentir-se compreendido e encorajado a explorar áreas difíceis. 
  • Autodescoberta e autoconsciência: A psicoterapia visa aumentar a autocompreensão do paciente, ajudando-o a reconhecer padrões de pensamento e comportamento que podem ser prejudiciais ou limitantes. Isso pode levar a uma maior autoaceitação e autoestima. 
  • Resolução de problemas: A psicoterapia muitas vezes foca na resolução de problemas específicos, como lidar com o estresse, melhorar relacionamentos interpessoais, superar traumas passados, gerenciar emoções intensas ou melhorar o funcionamento diário.

A Revista Brasileira de Psicoterapia, em seu artigo sobre “Psicoterapia, Legislação e Prática da Psicologia” aborda sobre a regulamentação da prática como exclusiva para profissionais de psicologia com inscrição ativa em seu conselho de classe. Isso porque, existem muitos profissionais terapeutas que não possuem bacharel em psicologia, não podendo exercer a profissão de psicólogo com um registro ativo pelo conselho da sua respectiva região. No entanto, isso não significa que seja ilegal a prática da psicoterapia por profissionais da saúde mental que não sejam psicólogos.

Benefícios da psicoterapia 

Para quem está em busca de um tratamento psicológico adequado e que seja condizente com as suas necessidades, mas ainda tem dúvidas sobre os reais benefícios desta ferramenta, vamos trazer os principais pontos positivos: 

  • Alívio de sintomas: Redução de sintomas como ansiedade, depressão, estresse, entre outros. 
  • Autoconhecimento: Maior entendimento de si mesmo, de suas motivações e padrões comportamentais. 
  • Melhora nos relacionamentos: Desenvolvimento de habilidades para se relacionar melhor com os outros. 
  • Capacidade de enfrentamento: Aquisição de habilidades para lidar com desafios e crises de forma mais eficaz.

Duração e frequência das sessões de psicoterapia 

A duração e a frequência variam dependendo das necessidades individuais do paciente e da abordagem terapêutica utilizada. Algumas terapias são mais breves e focadas em metas específicas, enquanto outras podem ser mais longas e exploratórias. 

Por isso, é importante alinhar as suas expectativas, anseios e dúvidas logo no início do bate papo com o profissional, assim você evita criar obstáculos ao decorrer das sessões e pode aproveitar muito mais desse momento tão valioso e fundamental no seu desenvolvimento pessoal ou profissional. 

Ética e confidencialidade nas sessões 

A psicoterapia é regida por princípios éticos rigorosos que incluem confidencialidade, respeito pela autonomia do paciente e competência profissional do terapeuta. O terapeuta é treinado para manter um ambiente seguro e confidencial para o indivíduo explorar suas questões pessoais sem medo de julgamento. 

Para que serve a psicoterapia e qual a sua importância na saúde mental? 

A psicoterapia serve para diversos propósitos fundamentais relacionados à saúde mental e ao bem-estar psicológico. Sua importância reside na capacidade de ajudar indivíduos a lidar com uma ampla gama de questões emocionais, comportamentais e interpessoais que podem afetar sua qualidade de vida. Como falamos anteriormente, a psicoterapia serve para: 

  • Reduzir sintomas de estresse e ansiedade por meio de técnicas de relaxamento
  • Identificar padrões de pensamentos negativos que podem aumentar os transtornos relacionados a humor, como a depressão. 
  • Técnicas como dessensibilização sistemática e reprocessamento de eventos traumáticos são úteis para ajudar no tratamento de trauma e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). 
  • Melhora nas habilidades comunicacionais e resolução de conflitos, sejam eles familiares, de trabalho ou mesmo nas amizades e relacionamentos amorosos. 
  • Previne recaídas em casos de condições consideradas crônicas, promovendo técnicas e estratégias de manutenção e monitoramento dos sintomas.

Entender para que servem as ferramentas de autoconhecimento, como a psicoterapia, é fundamental para alinhamento de expectativas. É importante frisar que qualquer pessoa, seja uma criança, adulto ou idoso pode se beneficiar das sessões, e não precisa, necessariamente, ter passado por algum tipo de situação desafiadora ou mesmo por algum trauma para realizar a terapia.  

Quais são os tipos e abordagens terapêuticas? 

Antes de falarmos sobre os principais tipos de terapia, é fundamental entender a diferença entre tipos e abordagens:

Abordagem terapêutica 

Refere-se aos princípios teóricos, filosóficos e metodológicos que guiam o trabalho do terapeuta durante o processo terapêutico. É um conjunto de orientações gerais sobre como entender e abordar os problemas psicológicos dos pacientes. Ela define os fundamentos sobre os quais o terapeuta baseia suas intervenções e interpretações. 

Tipos de psicoterapia  

São os métodos específicos e as técnicas utilizadas dentro de uma abordagem terapêutica particular para ajudar os pacientes a resolverem problemas psicológicos ou emocionais. Cada tipo de psicoterapia possui suas próprias técnicas, estratégias de intervenção e procedimentos terapêuticos. Por exemplo, dentro da abordagem cognitivo-comportamental, os tipos de psicoterapia incluem terapia de exposição, reestruturação cognitiva, treinamento em habilidades sociais, entre outros. 

Agora que já esclarecemos essa diferença – que muita gente acaba confundindo – vamos explorar as principais abordagens: 

  • Psicanálise: Desenvolvida por Sigmund Freud, a psicanálise é uma abordagem que busca explorar o inconsciente do paciente para entender os processos mentais subjacentes. Isso é feito através de técnicas como a livre associação, interpretação dos sonhos e análise dos lapsos verbais. O objetivo é trazer à consciência conflitos não resolvidos e padrões inconscientes que podem influenciar o comportamento e os sintomas atuais do paciente. 
Benefícios da terapia
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC é focada na identificação e modificação de pensamentos distorcidos (cognições) e comportamentos problemáticos que contribuem para a angústia emocional. Utiliza técnicas como reestruturação cognitiva (reformulação de pensamentos disfuncionais), técnicas de exposição (exposição gradual a situações temidas) e técnicas comportamentais (como treinamento de habilidades sociais). A TCC é amplamente utilizada para tratar uma variedade de transtornos mentais, como depressão, ansiedade, transtornos alimentares, entre outros. 
  • Terapia Humanista: Desenvolvida por Carl Rogers, enfatiza a aceitação incondicional, a empatia e a congruência do terapeuta para promover o crescimento pessoal do paciente. O foco está na auto-atualização e na capacidade inerente do indivíduo de se autorregular e se desenvolver positivamente. A terapia centrada no paciente é não diretiva, o que significa que o terapeuta não dá conselhos ou interpretações, mas sim facilita um ambiente de suporte onde o indivíduo pode explorar seus próprios sentimentos e ideias. 
  • Terapia Psicodinâmica: Derivada da psicanálise, foca nas relações interpessoais atuais e na compreensão dos padrões de comportamento que se repetem ao longo da vida do paciente. O terapeuta ajuda o paciente a explorar questões emocionais profundas, conflitos internos e padrões de relacionamento através da interpretação e da análise das dinâmicas inconscientes. 
  • Terapia Behaviorista ou Comportamental: A terapia comportamental se concentra na modificação dos comportamentos problemáticos através de técnicas como o condicionamento operante (reforço positivo e negativo), a dessensibilização sistemática (exposição gradual a estímulos temidos) e o treinamento de habilidades sociais. É especialmente eficaz no tratamento de fobias, transtornos obsessivo-compulsivos e outros comportamentos disfuncionais. 
  • Terapia Familiar e Terapia de Casal: Essas terapias são voltadas para melhorar a comunicação, resolver conflitos e fortalecer os laços afetivos entre os membros de uma família ou entre parceiros íntimos. O foco está nas dinâmicas relacionais e nos padrões de interação que contribuem para os problemas emocionais dentro do sistema familiar ou do relacionamento conjugal. 
  • Terapia Gestalt: A terapia gestalt enfoca a percepção consciente do momento presente e a integração de aspectos fragmentados da personalidade do paciente. Utiliza técnicas criativas e experimentais, como dramatização, role-playing e foco no aqui e agora, para aumentar a autoconsciência e promover a resolução de conflitos internos. 
  • Terapia Junguiana ou Psicologia Analítica: É uma abordagem psicoterapêutica desenvolvida por Carl Gustav Jung, um psiquiatra suíço e discípulo de Freud. Esta abordagem difere da psicanálise tradicional ao incorporar elementos de mitologia, religião, simbolismo e espiritualidade, além de dar ênfase ao inconsciente coletivo e aos processos de individuação. 

Como você viu, existem inúmeras abordagens de terapias e a escolha irá depender de diversos fatores que envolvem a vida do paciente e as suas necessidades. Escolher a abordagem certa fará total diferença no seu desenvolvimento e evolução no processo terapêutico. 

Agora, vamos abordar os principais tipos: 

  • Terapia de exposição: É uma técnica utilizada principalmente na terapia cognitivo-comportamental (TCC) para tratar transtornos de ansiedade, fobias e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Consiste na exposição gradual do paciente a situações, objetos ou pensamentos que provocam ansiedade ou medo. O objetivo é ajudar o paciente a enfrentar e superar suas ansiedades através da exposição controlada e repetida. 
  • Terapia interpessoal (TIP): É uma abordagem focada nas relações interpessoais e na comunicação. Ela visa melhorar as habilidades de comunicação do paciente e resolver problemas interpessoais, especialmente útil no tratamento de transtornos de humor como a depressão. A TIP identifica e trabalha com quatro áreas principais: luto, papel de mudança, conflito interpessoal e déficits interpessoais. 
  • Terapia existencial: Explora questões fundamentais da existência humana, como a liberdade, a responsabilidade, o sentido da vida e a mortalidade. Foca na experiência subjetiva e na busca de significado pessoal, ajudando o paciente a confrontar e lidar com dilemas existenciais. Utiliza técnicas de reflexão, diálogo filosófico e exploração da experiência vivida. 
  • Terapia narrativa: Centra-se na ideia de que as pessoas constroem significado e identidade através de histórias pessoais e sociais. O terapeuta ajuda o paciente a reconstruir e reescrever suas narrativas de vida, explorando como histórias dominantes e contrapostas influenciam a percepção de si mesmo e do mundo. Promove a reflexão crítica sobre as narrativas dominantes e a criação de novas histórias que possam empoderar o paciente. 
  • Terapia sistêmica: Enfatiza a interconexão entre os membros da família ou outros sistemas, buscando entender como os padrões de interação afetam o bem-estar individual. Utiliza técnicas de intervenção sistêmica e reflexão sobre padrões de comunicação e dinâmicas familiares para promover mudanças positivas. 
  • Terapia breve orientada para soluções: Esta abordagem é centrada na identificação e solução rápida de problemas específicos do paciente. O terapeuta colabora com o paciente para estabelecer metas claras e desenvolver estratégias práticas para alcançá-las. Foca menos na análise detalhada do passado e mais na identificação de recursos internos e externos para promover mudanças positivas no presente. 
  • Terapia integrativa: Combina elementos de diferentes abordagens terapêuticas para atender às necessidades individuais do paciente. Pode envolver a integração de técnicas e princípios da TCC, psicodinâmica, humanista, entre outras, com o objetivo de oferecer uma abordagem mais abrangente e adaptada às complexidades do paciente e do problema apresentado.

Agora que você já sabe qual é a diferença entre os tipos e abordagens de cada terapia, ficou mais fácil escolher a que melhor se encaixa nas suas necessidades, não é mesmo? 

Quando procurar um psicoterapeuta? 

Você pode procurar o auxílio de um psicoterapeuta em qualquer momento da sua vida. Como já falamos ao longo do conteúdo, a terapia não serve apenas para um momento específico da vida, mas para ajudar a conciliar e se desenvolver nas diversas fases que vivenciamos no decorrer da nossa existência. 

No entanto, é aconselhável procurar um psicoterapeuta quando você estiver enfrentando dificuldades emocionais, comportamentais ou psicológicas que estão afetando significativamente sua qualidade de vida, bem-estar ou funcionamento diário. Vamos mostrar alguns sinais que podem ser indicativos de que você precisa buscar ajuda: 

  • Sentimentos intensos de tristeza, ansiedade, depressão, medos persistentes, raiva descontrolada ou pensamentos perturbadores. 
  • Problemas familiares ou no trabalho, dificuldades de comunicação, problemas de confiança e isolamento social. 
  • Mudanças de rotina como mudar para outra cidade, país ou para outro emprego. 
  • Necessidade de autoconhecimento e crescimento pessoal para melhorar a autoestima. 
  • Diagnóstico para algum tipo de transtorno mental como bipolaridade, depressão e transtorno de ansiedade.

Se você sente algum ou mesmo mais de um sintoma citado acima, é importante conversar com um psicoterapeuta ou psicólogo para que você tenha o tratamento adequado e possa melhorar a sua qualidade de vida. 

Cannabis e psicoterapia 

Antes de falarmos sobre a relação da cannabis medicinal com a psicoterapia, é crucial entender que somente médicos prescritores e credenciados pela Anvisa podem receitar o uso da planta para fins medicinais, ou seja, tanto psicólogos quanto psicoterapeutas não podem prescrever a cannabis. 

Psicoterapia e Cannabis

A saúde mental é um assunto muito importante e, muitas vezes, acabamos negligenciando por falta de tempo, dinheiro ou mesmo por não entender o quanto impacta na nossa rotina diária. A cannabis pode ser utilizada para complementar o tratamento de diversas condições mentais, como a ansiedade, depressão, transtornos alimentares ou bipolaridade

Pesquisas científicas têm mostrado cada vez mais a importância de unir a cannabis a práticas terapêuticas convencionais, isso porque, por meio do sistema endocanabinoide presente na planta e também no nosso corpo, ocorre as modulações que auxiliam no equilíbrio das condições de saúde que citamos acima e de tantas outras. A maconha contém compostos como o CBD e o THC que possuem propriedades medicinais muito efetivas para tratar a saúde física e mental. 

Lembre-se que é importante conversar com o seu terapeuta sobre o uso da cannabis medicinal, para que ele possa realizar o tratamento de forma mais transparente e analisando os efeitos da planta no seu desenvolvimento pessoal.  

Se você ainda não utiliza produtos à base de cannabis mas tem interesse em começar, a Kaya Mind Saúde pode te ajudar nesse processo! Facilitamos o caminho para você encontrar os melhores médicos prescritores do Brasil. 

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