De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país que lidera no ranking de pessoas que sofrem com transtornos mentais, com cerca de 19 milhões com ansiedade e depressão. No mundo, a taxa gira em torno de 720 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental. Por esse motivo, entender as diferenças entre psicologia, psiquiatria e psicanálise nunca foi tão importante quanto agora.
Esses dados são alarmantes e retratam um cenário desafiador e até mesmo preocupante para sobrevivência e bem-estar das pessoas. Com o uso excessivo de telas e redes sociais, as jornadas de trabalho cada vez mais desgastantes e tantas outras adversidades do dia a dia, a nossa saúde física e mental fica em segundo plano, gerando um desgaste emocional.
Se você faz parte desse número de pessoas que precisam de uma orientação profissional, neste artigo vamos explorar as diferenças entre as especialidades na área da saúde mental e dar dicas de como escolher a que melhor atende as suas necessidades.
O que faz um psicólogo?
Antes de entender as diferenças, é importante explorar individualmente onde cada área atua e quais são as suas especificidades. O psicólogo é um profissional especializado em compreender, diagnosticar e tratar questões relacionadas ao comportamento, emoções e processos mentais.
Esse profissional é multifacetado e pode envolver diversas atividades e especializações. Vamos explorar como ele atua dentro de cada uma dessas funções:
Avaliação e diagnóstico
- Entrevistas clínicas: Conduzem conversas estruturadas ou semi-estruturadas para entender o histórico de vida, preocupações atuais e sintomas do paciente.
- Testes psicológicos: Aplicam e interpretam testes padronizados para avaliar características como personalidade, inteligência, habilidades cognitivas e padrões de comportamento. Exemplos incluem o Teste de Rorschach, o MMPI (Inventário de Personalidade Multifásico de Minnesota), e escalas de avaliação de estresse ou depressão.
- Observação: Observam o comportamento do indivíduo em diferentes contextos para obter informações adicionais sobre suas dificuldades e interações.
Psicoterapia
Existem diversas linhas da psicologia que podem ser benéficas para o paciente. A escolha irá depender de vários fatores, incluindo a personalidade da pessoa, os objetivos, o estilo do profissional, dentre outras.
Fizemos um texto completo explicando cada uma das abordagens da psicologia, para que você possa analisar qual se encaixa melhor na sua necessidade!
Aconselhamento
- Orientação profissional: Auxilia indivíduos a explorar opções de carreira, fazer escolhas educacionais e desenvolver habilidades para alcançar seus objetivos profissionais.
- Aconselhamento de vida: Ajuda a lidar com questões cotidianas, como gerenciamento de estresse, mudanças de vida e desenvolvimento pessoal.
- Suporte emocional: Fornece apoio e orientação para enfrentar crises, perdas e transições importantes na vida, como divórcios ou mudanças de emprego.
Educação e prevenção
- Programas de educação: Desenvolvem e conduzem workshops e seminários para promover a saúde mental, como técnicas de gerenciamento de estresse, habilidades sociais e estratégias de autocuidado.
- Prevenção: Trabalham para identificar sinais precoces de problemas psicológicos e desenvolver estratégias para preveni-los, promovendo a saúde mental na comunidade.
Esses são apenas alguns exemplos de como os psicólogos podem trabalhar. Além disso, eles podem realizar consultorias, fazer supervisões, trabalhar no time de recursos humanos nas empresas ou mesmo realizar pesquisas científicas. Agora que você já compreendeu o que faz um psicólogo, vamos explorar a área de psiquiatria.
O que faz um psiquiatra?
Os psiquiatras são médicos especializados no diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos mentais e emocionais. O trabalho deles envolve uma combinação de habilidades médicas e psicológicas, e suas responsabilidades abrangem várias áreas importantes.
O diagnóstico ocorre por meio de uma avaliação médica, onde o profissional pede exames laboratoriais e faz uma avaliação no histórico de vida do paciente para identificar condições físicas que possam estar influenciando a saúde mental e chegar a um diagnóstico certeiro.
Além disso, o tratamento pode envolver a prescrição de medicamentos – diferente do psicólogo que não pode prescrever remédios para pacientes. A maioria dos psiquiatras receitam medicamentos, mas existem alguns que incluem a terapia cognitivo-comportamental, terapia psicodinâmica, dentre outras abordagens. Em casos mais graves, os especialistas utilizam terapias como a eletroconvulsoterapia (ECT) para tratar os transtornos.
Dentre outras atividades que esse profissional desempenha, encontram-se:
- Prevenção de gestão e crises;
- Monitoramento e acompanhamento;
- Educação e orientação para pacientes e familiares;
- Estudos clínicos e participação em conferências;
- Atuação em diversos ambientes como clínicas, hospitais e universidades.
O que faz um psicanalista?
Por fim, mas não menos importante, temos o profissional da área de psicanálise. O trabalho de um psicanalista é profundamente baseado na teoria e prática da psicanálise, uma abordagem desenvolvida por Sigmund Freud e expandida por vários teóricos ao longo do tempo. O psicanalista se concentra em entender e tratar processos mentais inconscientes que influenciam o comportamento, os pensamentos e as emoções.
A entrevista inicial ocorre para compreender o histórico do paciente, seus sintomas e questões que o levaram a buscar um tratamento. Essa entrevista ajuda a formular um plano de tratamento e explorar melhor o inconsciente do paciente, procurando por traumas, padrões e conflitos que podem estar influenciando o seu comportamento e estado emocional.
Vamos entender como funcionam as sessões de psicoterapia psicanalítica:
- Sessões de psicanálise: As sessões geralmente ocorrem de forma regular (por exemplo, uma vez por semana, mas podem ser mais frequentes) e seguem um formato em que o paciente se deita no divã ou se senta de frente para o psicanalista. O objetivo é criar um espaço seguro para que o paciente se sinta confortável em falar livremente.
- Associação livre: O paciente é encorajado a falar livremente sobre seus pensamentos, sentimentos e sonhos sem censura. Essa técnica é utilizada para acessar o material inconsciente e revelar conflitos e desejos subjacentes.
- Interpretação dos sonhos: Os sonhos são analisados como uma forma de acessar o inconsciente. O psicanalista ajuda o paciente a entender o significado simbólico dos sonhos e como eles se relacionam com suas preocupações e conflitos internos.
- Análise de resistências e transferências: O psicanalista observa e interpreta resistências (evitação de certos tópicos) e transferências (sentimentos projetados pelo paciente no terapeuta, que podem refletir relações passadas). Essas observações ajudam a entender e trabalhar através de dinâmicas inconscientes.
Além dessas abordagens, o psicanalista também explora conflitos internos e mecanismos de defesa, busca aumentar a consciência do paciente sobre o seu mundo interno para se chegar a um autoconhecimento, trabalha as relações e interações, ajuda na resolução de problemas específicos, dentre outras atividades.
Qual a diferença entre psicologia, psicanálise e psiquiatria?
Agora que já passamos pelos três profissionais, ficou mais fácil compreender as suas diferenças e funções, certo? Mas, para deixar ainda mais claro, vamos recapitular e dar um resuminho:
Psicologia:
- Foco: Comportamento e emoções.
- Método: Diversas terapias (como TCC).
- Formação: Graduação em Psicologia.
- Tratamento: Terapias, não prescreve medicamentos.
Psicanálise:
- Foco: Conflitos inconscientes e processos mentais profundos.
- Método: Associação livre, análise de sonhos e transferência.
- Formação: Formação específica em psicanálise.
- Tratamento: Sessões regulares e profundas.
Psiquiatria:
- Foco: Transtornos mentais, combinação de medicina e psicoterapia.
- Método: Prescrição de medicamentos, psicoterapia, tratamentos biológicos.
- Formação: Medicina + residência em Psiquiatria.
- Tratamento: Medicamentos e gestão de crises.
Como saber qual especialista escolher?
A escolha do profissional para realizar um acompanhamento a médio e longo prazo não é tarefa fácil. Isso porque esse especialista fará parte da sua rotina, saberá de todos os sentimentos e questões que afligem a sua vida e conduzirá as suas escolhas para trazer maior qualidade de vida e bem-estar.
Por esse motivo, vamos trazer algumas sugestões de como você pode iniciar essa busca e optar pelo melhor profissional:
- Entenda a gravidade dos seus sintomas e quais condições médicas você já possui. Para casos de ansiedade, depressão ou estresse, sessões de psicoterapia são aconselháveis. Para pessoas que já tem condições mais severas como transtornos psicóticos, um psiquiatra é o mais aconselhável.
- Escolha a abordagem que você se sinta mais confortável. Explore as linhas que falamos no outro artigo e veja qual se encaixa melhor no seu perfil.
- Analise quais são as suas expectativas e experiências anteriores. Você pode pedir indicações de outras pessoas que já se consultaram com esses especialistas.
- Marque uma consulta para conhecer o profissional e a sua forma de trabalhar e entenda se está alinhando com aquilo que você busca nesse momento.
Essas são algumas dicas que você pode implementar inicialmente para escolher o profissional ideal.
Como a Cannabis medicinal pode ajudar na saúde mental?
A Cannabis é uma planta muito utilizada como complemento para tratar diversas condições médicas, principalmente para problemas de saúde mental. Diversas pesquisas vêm sendo realizadas para explorar o potencial dessa planta para a saúde, entendendo como ela age no corpo humano e quais são os benefícios e também os riscos.
Por meio dos seus princípios ativos terapêuticos, como os fitocanabinoides, terpenos e canaflavinas, interagem com o sistema endocanabinoide e modulam os mecanismos para atingir o equilíbrio do nosso organismo.
As suas propriedades presentes nos canabinoides como o CBD e THC, interagem no corpo humano e possuem diversos efeitos sobre a ansiedade, depressão, glaucoma, Parkinson, Alzheimer, câncer, transtorno do espectro autista (TEA), dentre tantas outras condições médicas.
A cada ano surgem mais pesquisas científicas que estudam essa interação da planta com o organismo e os resultados são promissores. Condições como insônia, dores musculares e tensões já foram testadas e aprovadas por milhares de pacientes que usam os fitoterápicos como tratamento.
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