Segundo o Anuário da Cannabis Medicinal de 2024, produzido pela Kaya, o potencial tamanho de mercado da cannabis medicinal – desconsiderando condições transversais como dor, estresse e problemas do sono – são +9,4 bilhões somente no Brasil. Por esse motivo, a prescrição de canabidiol é tão importante para a saúde do paciente.
Acompanhe com a gente 10 dicas para você – médico e dentista – aplicar na sua prática terapêutica e ter sucesso no tratamento das mais variadas condições que acometem as pessoas no decorrer de suas vidas. A Kaya e a plataforma Kaya Doc está aqui para ser um guia, com conteúdos, ferramentas e todo o suporte necessário na prescrição canábica.
O que significa prescrição de canabidiol?
A prescrição de CBD é um tema crescente na prática médica, principalmente à medida que o uso de produtos à base de cannabis se torna cada vez mais acessível e reconhecido no tratamento de diversas condições clínicas. O canabidiol, um dos principais compostos presentes na planta de cannabis, tem sido estudado por suas propriedades terapêuticas, como o alívio da dor crônica, o controle de crises epilépticas, a redução da ansiedade, entre outros benefícios potenciais.
Contudo, a prescrição de CBD exige um conhecimento aprofundado, além de uma abordagem cuidadosa e responsável. Ao prescrever canabidiol, o médico deve ter clareza sobre os tipos de produtos disponíveis no mercado, suas indicações específicas, dosagens e possíveis efeitos colaterais.
Mais do que isso, é essencial garantir que o paciente compreenda a proposta terapêutica e que o tratamento seja monitorado de forma contínua.
Quem pode prescrever cannabis?
No Brasil, a prescrição de canabidiol está regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e é permitida para médicos de diversas especialidades, desde que atendam a alguns critérios e normas. Entre as especialidades que mais frequentemente lidam com o uso de canabidiol, destacam-se:
- Neurologistas, principalmente no tratamento de epilepsia resistente a medicamentos convencionais;
- Psiquiatras, no manejo de condições como transtornos de ansiedade, depressão e outros distúrbios psiquiátricos;
- Clínicos gerais, para pacientes que buscam o alívio da dor crônica;
- Reumatologistas e ortopedistas, no contexto de doenças autoimunes e distúrbios musculoesqueléticos.
Além disso, o médico deve estar atento à regulamentação vigente e às orientações da ANVISA, que exigem uma prescrição criteriosa, com informações detalhadas sobre a dosagem e a duração do tratamento. A prescrição também deve ser registrada de forma precisa para garantir o acompanhamento adequado do paciente.
10 dicas para prescrição de canabidiol
A prescrição de canabidiol deve ser realizada de maneira meticulosa, levando em consideração diversos fatores clínicos e legais. Vamos apresentar 10 dicas detalhadas que ajudarão os médicos e dentistas a conduzir esse tratamento com responsabilidade, garantindo a eficácia e a segurança dos pacientes.
1. Conheça as indicações terapêuticas do canabidiol
É essencial que o médico tenha um conhecimento aprofundado sobre as condições que podem ser tratadas com canabidiol. O CBD tem demonstrado eficácia em diversos estudos científicos, sendo indicado principalmente para:
- Epilepsia refratária: O CBD tem se mostrado eficaz no controle de crises em casos de epilepsia resistente aos medicamentos convencionais, especialmente em crianças com Síndrome de Dravet e Síndrome de Lennox-Gastaut.
- Dor crônica: O canabidiol tem propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, sendo utilizado no tratamento de dores crônicas, como nas doenças reumáticas (artrite, fibromialgia) e neuropáticas.
- Transtornos psiquiátricos: O CBD tem um papel promissor no manejo de condições como transtornos de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático, embora os estudos ainda estejam em evolução.
- Doenças neurodegenerativas: Existem pesquisas que indicam que o CBD pode ajudar na redução dos sintomas de doenças como Parkinson e Alzheimer, devido às suas propriedades neuroprotetoras.
Conhecer essas indicações e avaliar a evidência científica disponível é fundamental para garantir que a prescrição seja realmente necessária e eficaz para o paciente.
2. Escolha o produto adequado
O mercado de produtos à base de canabidiol é amplo e diversificado, com diferentes formulações (óleos, cápsulas, cremes, entre outros) e concentrações. Ao prescrever CBD, o profissional da saúde deve:
- Verificar a qualidade do produto: Certifique-se de que o produto é de uma marca regulamentada e que possua a certificação de qualidade, incluindo o selo de boas práticas de fabricação. A ANVISA estabelece normas rigorosas para garantir a segurança dos produtos disponíveis.
- Selecionar a forma de administração adequada: Dependendo da condição do paciente, algumas formas de administração são mais apropriadas do que outras. Óleos e tinturas sublinguais têm absorção mais rápida, enquanto cápsulas podem ser mais convenientes para pacientes que preferem doses precisas.
- Verificar a concentração de CBD: Produtos com diferentes concentrações de CBD estão disponíveis, e a escolha da concentração deve levar em conta a condição clínica do paciente e sua tolerância.
3. Determine a dosagem correta e faça uma titulação gradual
A dosagem de canabidiol deve ser cuidadosamente ajustada, pois cada paciente pode reagir de maneira diferente ao tratamento. Para isso, a titulação gradual é um método recomendável. Comece com uma dose baixa e aumente progressivamente até encontrar a dose eficaz. Algumas considerações importantes:
- Comece com doses baixas: Inicie com uma dose baixa e aumente gradualmente, por exemplo, 2,5 mg de CBD por dia, aumentando de 2,5 mg a cada 3-7 dias, até atingir a dose eficaz.
- Dosagem personalizada: A dosagem ideal depende de fatores como o peso do paciente, a gravidade da condição, e o tipo de produto. Não existe uma dose única para todos, por isso, a observação da resposta clínica é crucial.
- Monitoramento constante: Acompanhamento regular é necessário para ajustar a dosagem e garantir que o tratamento esteja funcionando de maneira eficaz e sem efeitos colaterais.
4. Esteja atento aos efeitos colaterais
Embora o canabidiol seja geralmente bem tolerado, alguns efeitos adversos podem ocorrer. Os efeitos mais comuns incluem:
- Sonolência e fadiga: Em algumas pessoas, especialmente quando em doses elevadas, o CBD pode causar sonolência. Isso pode ser um efeito desejado em pacientes com distúrbios do sono, mas é necessário monitorar.
- Alterações no apetite e no peso: O CBD pode ter um efeito sobre o apetite, levando a um aumento ou diminuição da ingestão alimentar.
- Distúrbios gastrointestinais: Alguns pacientes podem relatar desconforto gastrointestinal, como diarreia ou náuseas, especialmente nas fases iniciais do tratamento.
É importante comunicar esses possíveis efeitos ao paciente e monitorar de perto durante as primeiras semanas de tratamento. Se efeitos adversos forem severos ou persistirem, a dose deve ser reduzida ou o tratamento interrompido.
5. Registre a prescrição de forma detalhada
A prescrição de canabidiol deve ser realizada de maneira detalhada e documentada. Você deve incluir informações precisas sobre:
- Dosagem e forma de administração: Especifique claramente a dose diária, o tipo de produto e a concentração de CBD.
- Duração do tratamento: Indique o período durante o qual o paciente deverá usar o produto, além de orientar sobre a necessidade de reavaliação periódica.
- Objetivos terapêuticos: Descreva claramente os objetivos do tratamento, seja o controle de dor, redução das crises epilépticas, ou alívio da ansiedade, para ajudar no acompanhamento e na avaliação da eficácia.
Esse registro é crucial para o seguimento e deve ser mantido no prontuário do paciente, além de garantir que o tratamento esteja em conformidade com as normativas da ANVISA.
6. Atenção às interações medicamentosas
O canabidiol pode interagir com diversos medicamentos, especialmente aqueles metabolizados pelo fígado. Essas interações podem alterar a eficácia dos medicamentos ou aumentar o risco de efeitos adversos. Alguns exemplos incluem:
- Anticoagulantes: O CBD pode aumentar os efeitos de anticoagulantes, como a varfarina, aumentando o risco de sangramentos.
- Antiepilépticos: Pode interagir com medicamentos usados no controle de crises, como fenitoína, carbamazepina e valproato, alterando seus níveis no sangue.
- Inibidores da CYP450: O CBD pode afetar enzimas hepáticas envolvidas no metabolismo de diversos medicamentos, como benzodiazepínicos, antidepressivos e antipsicóticos.
Por isso, é fundamental revisar todas as medicações que o paciente já usa e monitorar os efeitos do CBD com rigor. Em alguns casos, ajustes nas doses dos outros medicamentos podem ser necessários.
7. Explique o tratamento ao paciente
A educação do paciente é um dos pilares para o sucesso do tratamento com CBD. A comunicação clara e empática é fundamental, incluindo:
- Objetivos do tratamento: Explique ao paciente por que o canabidiol foi prescrito, quais condições ele pode ajudar a melhorar e como deve ser usado.
- Possíveis efeitos colaterais: Informe sobre os efeitos adversos mais comuns e o que fazer caso o paciente experimente algum sintoma indesejado.
- Expectativas realistas: Deixe claro que o efeito do CBD pode levar algum tempo para se manifestar e que o tratamento deve ser monitorado com regularidade para ajustes na dosagem, se necessário.
Essa abordagem ajuda a criar uma relação de confiança entre médico e paciente, o que é essencial para o sucesso do tratamento.
8. Acompanhe o paciente de forma contínua
O monitoramento contínuo é essencial para ajustar o tratamento e garantir sua eficácia. Alguns pontos importantes para um bom acompanhamento incluem:
Verifique regularmente se os objetivos do tratamento estão sendo alcançados. No caso de dor crônica, por exemplo, o paciente deve ser questionado sobre a redução da dor e a melhora na qualidade de vida. Além disso, se os efeitos terapêuticos não forem adequados ou se o paciente apresentar efeitos colaterais, a dosagem pode precisar ser ajustada.
Realize consultas periódicas, especialmente nas primeiras semanas de tratamento, para avaliar a resposta e a tolerabilidade do paciente ao CBD.
9. Mantenha-se atualizado sobre os estudos científicos
A pesquisa sobre o canabidiol e suas indicações terapêuticas está em constante evolução. Novos estudos e dados estão sempre surgindo, e o profissional deve estar atento às mudanças e descobertas nesse campo.
Você pode participar de eventos científicos, simpósios e webinars sobre cannabis medicinal. Além disso, esteja atento às novas publicações científicas sobre a eficácia do CBD e novas indicações terapêuticas.
Isso garantirá que o médico esteja sempre atualizado sobre as melhores práticas e novas evidências para uma prescrição segura e eficaz.
10. Esteja ciente da regulamentação legal
A prescrição de canabidiol deve estar em total conformidade com a regulamentação vigente. A ANVISA e outras autoridades de saúde têm normas específicas para o uso de medicamentos à base de cannabis, e é fundamental que o médico esteja ciente exigências.
Para os profissionais que estão buscando inovar no método de prescrição, o Kaya Doc é a ferramenta ideal. Você terá acesso a uma biblioteca de estudos científicos atualizados sobre cannabis medicinal, poderá comparar produtos regulamentados para escolher o que melhor se encaixa no tratamento e ter acesso a lista completa dos produtos à base de cannabis regulamentados!