No tratamento de condições que afetam a nossa saúde mental, diversos psicofármacos de diferentes classes são prescritos. Na nossa série dos psicofármacos, vamos compreender mais detalhes sobre medicamentos usados no caso de transtornos psiquiátricos, começando pelo benzodiazepínico chamado Alprazolam, utilizado com frequência no tratamento da ansiedade e transtornos em que essa queixa é o principal sintoma.
O que é o alprazolam?
O alprazolam pertence à classe das benzodiazepinas e é comumente prescrito para o tratamento de transtornos de ansiedade. O fármaco age diretamente no sistema nervoso central, por meio do aumento da atividade do neurotransmissor GABA, que possui propriedades calmantes e tranquilizantes. Por conta desses efeitos, o alprazolam é voltado para aliviar sintomas como nervosismo, tensão, preocupação excessiva e crises de pânico. No entanto, devido ao risco de causar dependência e efeitos colaterais, seu uso deve ser cuidadoso e restrito à orientação médica.
Quais são os sintomas tratados pelo alprazolam?
O alprazolam é um ansiolítico, ou seja, direcionado para o tratamento de transtornos de ansiedade, que consistem em condições psiquiátricas caracterizadas por sentimentos intensos e persistentes de ansiedade, preocupação, medo ou apreensão que podem interferir significativamente na vida diária de uma pessoa. Além dos distúrbios como transtorno da ansiedade generalizada, agorafobia, crises de pânico, o alprazolam também é indicado no tratamento dos transtornos de ansiedade associados a outras condições, como a abstinência ao álcool.
Quais as contraindicações do alprazolam?
O Alprazolam é contraindicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida a benzodiazepínicos, alprazolam, ou a qualquer composto da sua fórmula, e em pacientes portadores de miastenia gravis ou glaucoma de ângulo estreito agudo. Além disso, o medicamento não é recomendado para menores de 18 anos.
Como usar alprazolam?
A dose ideal de Alprazolam deve ser adequada para o caso de cada pessoa, considerando a gravidade dos sintomas e a resposta individual do paciente. Nos casos em que doses mais altas sejam necessárias, o profissional da saúde responsável pelo andamento do caso, deve prescrever os aumentos com cautela para evitar possíveis reações adversas.
Geralmente, pacientes sem histórico de tratamento com psicotrópicos exigem doses menores do que aqueles que foram previamente tratados com ansiolíticos menores, antidepressivos ou hipnóticos.
É recomendado seguir o princípio de utilizar a menor dose eficaz, especialmente em pacientes idosos ou frágeis, para evitar sedação excessiva ou ataxia. Psiquiatras são experientes nesse tipo de prescrição, e as recomendações devem ser acatadas, de forma a evitar automedicação e aumento de doses sem considerar a experiência de um especialista.
Duração do tratamento
A duração do tratamento varia conforme a necessidade e o quadro de cada pessoa. No entanto, as evidências disponíveis apoiam o uso da medicação por até seis meses para transtornos de ansiedade e por até oito meses no tratamento dos transtornos de pânico. Os transtornos de ansiedade podem apresentar sintomas bem heterogêneos e níveis de sofrimento distintos em cada caso. Por isso, é importante o acompanhamento com um profissional que avalie as doses, a duração e a necessidade de continuidade do tratamento com o fármaco.
Descontinuação do tratamento
Para interromper o tratamento com Alprazolam, é crucial reduzir a dose gradualmente, seguindo as práticas médicas apropriadas. No gerara, os profissionais recomendam diminuir a dose diária do Alprazolam em não mais que 0,5 mg a cada 3 dias. É importante ressaltar que alguns pacientes podem exigir uma redução de dose ainda mais gradual para minimizar os sintomas de abstinência e garantir uma transição suave.
Uso em crianças
A segurança e a eficácia do Alprazolam em crianças não foram bem estabelecidas por meio de estudos clínicos adequados. O uso de benzodiazepínicos, como o Alprazolam, em crianças pode aumentar o risco de efeitos adversos, incluindo sedação excessiva, comprometimento cognitivo, e até mesmo o risco de dependência.
Portanto, o uso de Alprazolam em crianças deve ser estritamente supervisionado por um médico especializado, e geralmente é considerado apenas em casos excepcionais e após uma avaliação cuidadosa dos potenciais benefícios e riscos. Em vez disso, para o tratamento de ansiedade ou outros transtornos em crianças, são geralmente consideradas outras opções terapêuticas, como a psicoterapia, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, medicamentos alternativos mais adequados para essa faixa etária.
Quais os efeitos colaterais do Alprazolam?
Cada pessoa reage de uma forma ao uso de benzodiazepínicos. Os eventos adversos de Alprazolam, se presentes, geralmente são observados no início do tratamento, quando o organismo está “se acostumando” com a nova substância, e tendem a diminuir com a continuidade do tratamento ou diminuição da dose. No entanto, alguns efeitos coleteais comuns incluem sonolência ou sedação excessiva, tonturas ou vertigens, fraqueza muscular, dor de cabeça, incômodos no sistema digestivo, boca seca e alterações no humor.
É importante estar ciente desses possíveis efeitos colaterais ao tomar Alprazolam e comunicar qualquer preocupação ao seu médico. Em casos de efeitos colaterais graves ou persistentes, é importante buscar orientação médica imediatamente.
Interação medicamentosa: posso tomar alprazolam com outras substâncias?
Os benzodiazepínicos, como o alprazolam, têm efeitos depressores no sistema nervoso central (SNC), que podem ser amplificados quando coadministrados com opióides, álcool ou outros medicamentos que também afetam o SNC, podendo levar à depressão respiratória. Além disso, podem ocorrer interações farmacocinéticas quando o alprazolam é usado com medicamentos que interferem em seu metabolismo.
Certos compostos que inibem enzimas hepáticas, especialmente o citocromo P450 3A4, podem aumentar os níveis de alprazolam no corpo e intensificar sua atividade. Estudos clínicos com alprazolam, pesquisas in vitro com esse medicamento e estudos clínicos com medicamentos metabolizados de forma semelhante ao alprazolam destacam várias interações possíveis, variando em grau, com uma variedade de outros medicamentos.
Uso durante a gravidez
As evidências sobre os efeitos do alprazolam no desenvolvimento do feto após o uso de benzodiazepínicos são contraditórias. Embora alguns estudos iniciais com gestantes sugiram uma possível associação entre a exposição intrauterina e malformações, estudos posteriores com benzodiazepínicos não corroboraram essas conclusões de forma clara.
Relatos indicam que crianças expostas a benzodiazepínicos no final da gestação ou durante o parto podem apresentar a síndrome do bebê hipotônico (floppy infant syndrome) ou sinais neonatais de abstinência.
O Alprazolam está classificado na categoria D de risco durante a gravidez, indicando potencial para danos ao feto. Portanto, seu uso não é recomendado para mulheres grávidas sem orientação médica adequada. Em caso de suspeita de gravidez durante o uso de Alprazolam, a paciente deve informar imediatamente seu médico.
Para ter acesso ao alprazolam, é necessário receita médica. Mas é muito importante que pessoas que tenham acesso ao medicamento estejam atentas a quantidade e não aumentem a dose por conta própria. A automedicação é uma prática muito perigosa e pode trazer danos severos à saúde.
Se você faz o uso de alprazolam e não se sente satisfeito com os efeitos, converse com o médico que prescreveu o medicamento e faça seu relato. Lembre-se de não omitir nenhum detalhe para que o profissional possa te ajudar.
O alprazolam pode causar dependência?
Uma das principais dúvidas dos pacientes gira em torno do potencial dos medicamentos psiquiátricos de causar dependência, ou seja, de viciar.
Na realidade, o alprazolam pode causar dependência física e psicológica se usado de forma prolongada ou em doses maiores do que as prescritas.
O potencial de vício está relacionado à capacidade do medicamento de afetar o sistema nervoso central, e produzir uma sensação de relaxamento e alívio da ansiedade. Por isso, é importante seguir rigorosamente as instruções do médico quanto à dose e à duração do tratamento e evitar o uso não supervisionado ou a interrupção abrupta do medicamento, pois isso pode levar a sintomas de abstinência e complicações adicionais.
Se você estiver preocupado com o potencial de vício do alprazolam, é fundamental discutir suas preocupações com um profissional de saúde qualificado para esclarecer se algo pode ser feito para evitar o vício.
A cannabis pode substituir o alprazolam?
A cannabis é uma planta composta por uma variedade de compostos terapêuticos, e dentre eles, o canabidiol (CBD) tem despertado o interesse de especialistas devido ao seu potencial ansiolítico. Nessa direção, derivados da cannabis têm sido frequentemente prescritos por psiquiatras no tratamento da ansiedade e seus distúrbios. Além disso, a cannabis representa uma alternativa mais natural, com menos efeitos colaterais em comparação com medicamentos tradicionais.
Caso você deseje esclarecer possíveis dúvidas em relação a substituição de medicamentos convencionais por compostos da cannabis, é necessário consultar com um especialista nesse tipo de prescrição. Somente um profissional pode indicar qual a dose e os compostos adequados para o seu caso, principalmente quando se trata da substituição de psicofármacos.
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