Nesse texto, vamos entender a relação entre a cannabis e a dependência química. A versatilidade da cannabis faz com que seu uso recreativo e medicinal seja comum, e o principal esclarecimento é: um consumo não tem relação com o outro. Ao mesmo que tempo que muita gente se pergunta se fumar maconha vicia, a mesma planta tem sido usada para tratar a dependência química sob a perspectiva terapêutica.
O que é a dependência química?
A dependência química, também conhecida como dependência de substâncias ou abuso de substâncias, é uma condição caracterizada pelo uso compulsivo e descontrolado de uma substância psicoativa, como álcool, drogas ilícitas ou medicamentos. Essa condição pode levar a uma série de problemas físicos, psicológicos, sociais e emocionais.
A dependência química envolve uma tolerância crescente à substância, o que significa que a pessoa precisa de quantidades cada vez maiores para alcançar os mesmos efeitos. Além disso, a interrupção do uso da substância pode levar a sintomas de abstinência, que podem ser desconfortáveis e até perigosos.
A dependência química é considerada uma condição médica crônica, e fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicossociais podem contribuir para o seu desenvolvimento. O tratamento da dependência química geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo intervenções médicas, terapia comportamental, apoio psicológico e programas de reabilitação.
O tratamento
O tratamento da dependência química envolve uma série de fatores que dependem das variáveis de cada caso, como por exemplo, a substância utilizada, o nível de sofrimento, a frequência de consumo, entre outras características. Algumas estratégias podem ser incorporadas em cada situação, como por exemplo:
- Desintoxicação (Detox): A desintoxicação é um processo no qual o corpo é libertado das substâncias tóxicas acumuladas. É particularmente importante em casos de dependência física, onde a interrupção abrupta do uso pode levar a sintomas de abstinência. A desintoxicação geralmente ocorre em ambientes supervisionados por profissionais de saúde;
- Avaliação médica e psicossocial: A avaliação abrange uma análise completa da saúde física e mental do indivíduo, bem como suas circunstâncias sociais. Essa abordagem holística ajuda a identificar fatores subjacentes que podem contribuir para a dependência e orienta o desenvolvimento de um plano de tratamento personalizado;
- Tratamento medicamentoso: Alguns medicamentos são utilizados no tratamento da dependência química. Por exemplo, medicamentos como a metadona ou a buprenorfina podem ser usados para ajudar na recuperação de dependência de opiáceos. Medicamentos para gerenciamento de ansiedade ou depressão também podem ser prescritos, se necessário;
- Terapia comportamental: A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem comum, focada em modificar padrões de pensamento e comportamento associados ao uso de substâncias. A Terapia Motivacional é outra técnica eficaz que ajuda a aumentar a motivação para a mudança;
- Apoio social e familiar: O envolvimento da família e a participação em grupos de apoio são componentes cruciais. Esses grupos fornecem um ambiente onde os indivíduos podem compartilhar experiências, receber apoio emocional e aprender estratégias eficazes de enfrentamento;
- Reabilitação residencial (Internação): Em casos mais graves, a internação em um centro de reabilitação pode ser necessária. Nesses ambientes, os indivíduos recebem suporte 24 horas por dia, participam de terapias intensivas e têm a oportunidade de se concentrar completamente na recuperação.
É importante destacar que o tratamento da dependência química consiste em um processo contínuo e multifacetado. As estratégias são adaptadas às necessidades específicas de cada pessoa, e a abordagem integrada visa não apenas a abstinência, mas também a promoção de mudanças de estilo de vida e saúde mental a longo prazo.
Como a cannabis atua
O tratamento da dependência de drogas muito mais prejudiciais, como crack, cocaína, heroína e até o álcool têm sido tratados com cannabis. Apesar dos estudos estarem em fases iniciais, resultados preliminares indicam que o CBD é uma alternativa eficaz no tratamento do uso abusivo da própria cannabis, e que a dependência não é causada pela substância.
Ao atuar sobre o Sistema Endocanabinoide, um importante regulador dos neurotransmissores ligados à dependência de substâncias, o canabidiol promove uma redução progressiva do desejo do usuário por experiências eufóricas resultantes do uso de drogas. Acredita-se que os efeitos da cannabis podem ajudar a reduzir os sintomas de abstinência e melhorar o controle dos impulsos. As últimas evidências científicas indicam que os fitocanabinoides, especialmente o canabidiol (CBD), podem ser uma alternativa promissora no tratamento da dependência química pois suas propriedades terapêuticas atuam diretamente em áreas do cérebro responsáveis pelos sintomas de abstinência e fissura.
Estudos sugerem que um dos s benefícios do uso de CBD é a sua capacidade de minimizar a dependência e os sintomas relacionados ao abuso de substâncias, oferecendo uma alternativa com efeitos terapêuticos significativos e baixa ocorrência de efeitos adversos. Experimentos realizados com animais e humanos têm mostrado que o CBD pode reduzir a motivação para o consumo de etanol, ajudar na prevenção de recaídas, minimizar os sintomas da síndrome de abstinência alcoólica e reduzir a quantidade diária de álcool ingerido. Além disso, o CBD tem se mostrado eficaz no tratamento da dependência de opioides, auxiliando no controle da dor crônica (um dos principais motivos que levam ao uso de opioides) e amenizando os efeitos da abstinência durante o processo de desmame dessas medicações.
Os compostos da cannabis são eficazes no combate da uma série de sintomas de abuso de substâncias. Pesquisas sugerem o potencial do CBD no tratamento da dependência de outras drogas, auxiliando no controle da fissura e funcionando como um valioso ansiolítico, pois possui a capacidade de reduzir outros sintomas associados ao vício. A interação do CBD com o sistema endocanabinoide, estimula a diminuição gradativa da vontade de buscar as sensações de euforia decorrentes do consumo de drogas. Além disso, alguns estudos sugerem que o CBD pode ter propriedades que influenciam os sistemas de recompensa e motivação no cérebro, podendo ter potencial no tratamento de dependência de substâncias como álcool, opioides e nicotina.
Contudo, um dos maiores desafios na prescrição de derivados canabinoides para tratar a dependência química é encontrar uma formação adequada na área, que possibilite aos médicos incorporar essas novas ferramentas terapêuticas com segurança, eficácia e assertividade.
É importante ressaltar que, para cada medicação, há indicações e contraindicações relacionadas ao histórico de cada paciente, e a prescrição dessas substâncias deve ser cuidadosamente avaliada por um médico especializado na área. As evidências apontam para uma abordagem promissora, mas a pesquisa ainda está em andamento para entender completamente os mecanismos e a eficácia do CBD e outros canabinoides no tratamento da dependência química.
O tratamento de dependência química envolve uma abordagem multidisciplinar com médicos psiquiatras, psicólogos e outros profissionais da saúde. Se você sofre com sintomas de dependência química, não deixe de procurar um profissional de saúde capacitado. Esses profissionais são essenciais para avaliar a extensão do problema, diagnosticar condições coexistentes, e desenvolver um plano de tratamento abrangente. A compreensão da dependência química como uma condição complexa, que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais, é fundamental para o sucesso do tratamento.
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