A ansiedade é um tema que desperta o interesse de muitas pessoas. O Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo, o que significa que muita gente sofre com esse tipo de sintoma. Por isso, vamos explicar como são definidos os transtornos que derivam desses sintomas e compreender o que chamamos de Transtorno da Ansiedade Generalizada.
O que é a ansiedade?
A ansiedade é uma sensação difusa e desagradável de medo e apreensão, manifestada por uma tensão ou desconforto decorrente da expectativa de perigo, do desconhecido ou do incomum. Mas ao contrário do que muita gente imagina, a ansiedade é reconhecida como uma resposta natural e vital ao comportamento humano, pois representa um alerta que capacita o indivíduo a ficar vigilante diante de perigos iminentes. Essa reação indica a necessidade de adotar medidas para lidar com a ameaça, e funciona como um impulso e uma motivação que visam preservar o bem-estar do indivíduo. Apesar de se tratar de uma é uma emoção humana considerada natural, entretanto, essa manifestação quando ocorre em excesso, pode ter um significado patológico.
Para compreender melhor sobre o assunto, é preciso esclarecer que a ansiedade se manifesta de diversas formas, e por isso seus sintomas variam em frequência, intensidade e são representados por diferentes aspectos. Embora os sinais sejam muito particulares, inicialmente, é comum que as pessoas lidem com algumas sensações em comum:
- Tensão, nervosismo e agitação
- Cansaço constante
- Dificuldade de concentração
- Irritabilidade
- Tensão muscular
- Dificuldade para dormir
- Desconforto físico
- Sudorese
- Palpitações
Quando essas sensações se manifestam em excesso, o conjunto de sintomas pode caracterizar o que os especialistas chamam de Transtornos de Ansiedade. Para classificar esses transtornos, o guia mais utilizado é o Manual Diagnostico e Estatístico do Transtornos Mentais (DSM-5), que já se encontra em sua quinta edição, e é uma referência muito usada pelos clínicos para encontrar os diagnósticos adequados e diferenciar os sintomas de cada classificação
Transtornos de Ansiedade
De acordo com o DSM-5, os transtornos de ansiedade englobam condições que apresentam características de medo e ansiedade excessivos, juntamente com perturbações comportamentais relacionadas. Diversas classificações de Transtornos de Ansiedade estão dispostas no Manual, como por exemplo: Transtornos da Ansiedade Generalizada, Agorafobia, Mutismo Seletivo, Transtorno de Pânico, entre outros.
Esses transtornos incluem diferentes comportamentos, estados e níveis de ansiedade. O medo representa uma resposta emocional a uma ameaça iminente, real ou percebida, enquanto a ansiedade refere-se à antecipação de uma ameaça futura. Embora esses dois estados se sobreponham, também são diferentes, pois o medo é frequentemente associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para a proteção (luta ou fuga), pensamentos de perigo imediato e comportamentos de evasão.
Em contraste, a ansiedade está mais frequentemente relacionada à tensão muscular, vigilância em preparação para perigo futuro (ainda não identificado) e comportamentos de cautela ou esquiva.
Os transtornos de ansiedade diferem entre si principalmente quanto aos tipos de objetos ou situações que provocam medo, ansiedade ou comportamentos de evasão. Embora esses transtornos geralmente se apresentem de forma conjunta, sua diferenciação pode ocorrer por meio da análise detalhada do contexto e da situação, bem como do conteúdo dos pensamentos ou crenças associados.
A distinção dos transtornos de ansiedade reside no fato de serem excessivos ou persistirem além dos períodos apropriados ao desenvolvimento, diferem também dos episódios transitórios de medo ou ansiedade frequentemente induzidos por estresse, principalmente por serem mais duradouros e persistentes (o transtorno geralmente tem duração mínima de seis meses).
Dado que os indivíduos com transtornos de ansiedade geralmente superestimam o perigo nas mais variadas situações, a avaliação primária do grau de excesso ou desproporção do medo ou ansiedade é realizada pelo profissional de saúde, que leva em consideração diversos fatores contextuais e culturais.
Muitos desses transtornos têm origem na infância e tendem a persistir se não forem tratados, sendo mais prevalentes em indivíduos do sexo feminino em comparação ao masculino (proporção de aproximadamente 2:1). O diagnóstico de cada transtorno de ansiedade é feito exclusivamente quando os sintomas não são resultantes dos efeitos fisiológicos do uso de substâncias/medicamentos ou de outra condição médica, e não são explicados por outro transtorno mental.,
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
O TAG é um distúrbio psiquiátrico caracterizado pela preocupação excessiva. Segundo a o DSM-5, para o diagnóstico do Transtorno de Ansiedade Generalizada, a preocupação excessiva deve acompanhada pelo menos três dos seguintes sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses):
- Irritabilidade
- Fatigabilidade
- Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
- Perturbação do sono
- Tensão muscular
- Dificuldade de concentração.
O TAG está entre os transtornos mentais mais encontrados na prática clínica e, ainda que inicialmente fosse visto como um transtorno leve, atualmente é considerado uma doença crônica, associada à comorbidades relativamente altas e a grandes prejuízos sociais e individuais
Como o TAG é um distúrbio psiquiátrico extremamente prevalente na nossa sociedade, é comum que seja a causa de diversos problemas sociais. Diante disso, é muito importante que o transtorno seja diagnosticado de forma correta, a fim de que mais danos e complicações sejam evitados.
A ansiedade em excesso é um dos desconfortos que mais comprometem a vida de uma pessoa, e pode desencadear problemas em diversas áreas, como ocupacional, acadêmica social. Além disso, é importante ressaltar que algumas pessoas enfrentam problemas físicos como dores crônicas, cólicas intestinais, insônia, gastrites e úlceras, e muitas vezes desconhecem que o principal gatilho para esses quadros foi a ansiedade. O TAG é muitas vezes subdiagnosticado e tratado de maneira incorreta. Por isso, os profissionais da saúde alertam sobre a importância do diagnóstico e tratamento adequado.
O tratamento do Tanstorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Algumas estratégias são reconhecidas por amenizar os sintomas da ansiedade. Existem três intervenções convencionais para os transtornos de ansiedade; terapia medicamentosa; psicoterapia e a combinação entre os dois, que seria o mais apropriado. O tratamento do TAG e de outros transtornos da ansiedade é personalizado, pois cada pessoa tem as próprias necessidades e enfrenta um nível de intensidade e frequência dos sintomas.
A terapia cognitivo comportamental é a abordagem mais indicada para o tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada . Indivíduos que experimentam ansiedade têm a tendência de exagerar na avaliação da probabilidade de eventos negativos ocorrerem. Sentem-se ameaçados pelo perigo e agem de acordo com essa percepção. A elevada percepção de perigo ou ameaça, ao superestimar a iminência desse perigo, está associada à sensação de baixa capacidade para lidar com a ameaça.
A constante apreensão em relação ao futuro, ao que ainda não aconteceu, é uma característica marcante no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), e a interpretação negativa contínua de estímulos, eventos ou situações desempenha um papel crucial na compreensão dos transtornos de ansiedade. A partir da reestruturação cognitiva e a mudança comportamental, promove ao sujeito maior controle e domínio de si mesmo e consequentemente o alívio dos sintomas e das queixas.
O tratamento medicamentoso da ansiedade envolve o uso de diferentes classes de medicamentos, prescritos por profissionais de saúde, como psiquiatras ou médicos especializados em saúde mental. Cada classe de medicamento atua de maneira específica no sistema nervoso para ajudar a aliviar os sintomas da ansiedade. Vale ressaltar que a escolha do medicamento e a dosagem dependem da gravidade dos sintomas, da avaliação do profissional e das características individuais do paciente.
As principais classes de medicamentos utilizadas no tratamento da ansiedade incluem Benzodiazepínicos, Antidepressivos (especialmente inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e inibidores seletivos da recaptação de serotonina e norepinefrina (ISRSN)), Buspiridona, Fitoterápicos e outras alternativas terapêuticas.
Além dessas propostas, há algumas técnicas utilizadas para aliviar os sintomas momentaneamente. Nesse texto, confira as dicas para aliviar os sintomas rapidamente. Mas lembre-se, ansiedade é um assunto muito sério, e ao experenciar esses sintomas com certa frequência, é fundamental procurar um profissional de saúde que possa investigar e indicar o tratamento adequado para o seu caso.
Como a cannabis pode ajudar a enfrentar o Tanstorno de Ansiedade Generalizada (TAG)?
A cannabis contém compostos ativos chamados canabinoides, sendo o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD)e os mais conhecidos. Até o momento, os estudos científicos que envolvem os efeitos terapêuticos dos compostos da cannabis e a ansiedade revelam que o CBD tem potencial ansiolítico e proporciona ter efeitos calmantes.
Além disso, o CBD tem se tornado uma proposta interessante no combate a ansiedade principalmente por se mostrar uma alternativa natural, com baixos relatos de dependência e efeitos colaterais, diferente dos fármacos convencionais prescritos para esse tipo de tratamento.
Em contraste com a cannabis, nos tratamentos convencionais, algumas queixas são bem comuns. Os pacientes geralmente relatam sonolência, prejuízo da concentração e do desempenho cognitivo após o uso de ansiolíticos, principalmente benzodiazepínicos. Nesses casos, a interrupção abrupta também pode desencadear sintomas de abstinência, como ansiedade intensificada, insônia e irritabilidade.
Além disso, muitas pessoas lidam com o receio de que o uso prolongado possa levar à dependência física e tolerância, que podem exigir doses mais altas para alcançar os mesmos efeitos.
No entanto, o acompanhamento com o profissional da saúde especialista na área é fundamental. O médico psiquiatra pode tirar todas as suas dúvidas, analisar seu caso em específico e prescrever o tratamento mais adequado para o seu quadro. Há muitos psiquiatras que atuam com possibilidades terapêuticas derivadas da cannabis.
Não se esqueça que ansiedade é assunto muito sério, realmente prejudica a qualidade de vida e acarreta prejuízos consideráveis para a saúde mental e física. Não vamos ignorar os sintomas! O tratamento adequado realmente promove o bem-estar e pode nos livrar de tantas sensações desagradáveis!