O movimento global de legalização da cannabis possibilitou que um mercado que sempre existiu, antes na via da ilegalidade, passasse a oferecer oportunidades de trabalho para quem sonhava em se dedicar à planta.
Em países onde a erva é regulamentada, as taxas de emprego aumentaram e a indústria da cannabis figurou entre uma das principais em termos de número de trabalhadores em tempo integral, como é o caso dos Estados Unidos, onde mais americanos trabalham com maconha do que como engenheiros elétricos. E para quem está em terras nacionais, quais as perspectivas de se trabalhar com cannabis no Brasil, legalmente?
Existem muitos empregos relacionados à maconha, o que pode tornar um pouco complicado descobrir em qual área seu conjunto de habilidades é mais valorizado. Por isso, a Kaya decidiu começar uma série de publicações relacionadas aos empregos da indústria da cannabis. Se você é apaixonado por maconha e cânhamo ou apenas quer conhecer os empregos que existem por aí, este material te ajudará a entender melhor qual é a situação atual do mercado de trabalho da maconha.
Trabalhar com cannabis medicinal no Brasil
O Anuário da Cannabis Medicinal de 2024 produzido pela Kaya, apontou que o potencial tamanho do mercado da cannabis – sem considerar condições transversais como dor, estresse e problemas de sono – gira em torno de +9,4 bilhões. Além disso, 89 autorizações foram concedidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pesquisas com cannabis, mostrando que o Brasil tem se tornado mais aberto em relação a estudos com essa temática.
No Brasil, já existem mais de 672 mil pacientes de cannabis medicinal que foram registrados em 2024, com 313 mil de importação, 212 mil associações e 147 mil farmácias que disponibilizam medicados derivados da planta. Isso só mostra o potencial para o setor profissional que a cannabis está proporcionando para diversas áreas.
Para além das oportunidades de se trabalhar nas empresas que fabricam e comercializam os produtos medicinais importados, existem também as associações de pacientes terapêuticos, que lutam pelo acesso justo a esses medicamentos por parte da população que precisa do tratamento e não pode esperar pelos prazos internacionais ou que não tem renda suficiente para pagar pelos produtos – Todas elas fazem parte da FACT (Federação das Associações de Cannabis Terapêutica).
Na área medicinal e terapêutica, seja trabalhando em uma empresa, indústria farmacêutica ou associação, as posições e vagas são similares. Essas instituições buscam profissionais que saibam lidar com pessoas, auxiliando no atendimento e acolhimento de pacientes medicinais, além de procurarem profissionais médicos que possam acompanhar esses pacientes e fazer pesquisa para desenvolver novos tratamentos.
Então, com o que é possível trabalhar na área medicinal?
- Empresas do setor farmacêutico;
- Associações de pacientes;
- Clínicas especializadas em terapias canabinoides;
- Médicos prescritores e outros profissionais da saúde que podem prescrever.
Não deixe de acessar o blog da Kaya para acompanhar os conteúdos completo para quem busca se especializar na área da saúde.
Especialização para quem quer trabalhar com cannabis
Como o mercado da cannabis é emergente, as especialidades para atuar são variadas, porque há necessidade de muitos profissionais. Ao mesmo tempo, por ser uma indústria inovadora, muitas das empresas oferecem oportunidades para pessoas que têm uma mente mais aberta e que estão dispostas a aprender continuamente no dia a dia.
O tema da cannabis é extremamente novo, mesmo que a planta faça parte da humanidade há milênios, o que faz com que novas descobertas e mudanças surjam ao longo da consolidação do setor.
Hoje, as companhias no Brasil buscam muitos trabalhadores que atuam em marketing, comunicação, administração, comercial, análise de mercado e dados, pesquisa e mais. Não há muitas oportunidades, no entanto, relacionadas ao manejo direto à planta, já que não é permitido cultivar cannabis em território nacional, apesar de existirem algumas exceções, como a Abrace.
Atualmente existem cursos profissionalizantes que ajudam profissionais de todas às áreas a entenderem o mercado da cannabis e conseguirem atuar de forma tranquila e sabendo do que estão falando. A Kaya está com dois cursos online disponíveis na plataforma que são enriquecedores para quem busca maior aprofundamento sobre a cannabis:
- Empreendedorismo Verde: Se você deseja trabalhar ou empreender no mercado da cannabis, esse curso é pra você. Entenda os diferentes setores e as oportunidades de cada um.
- Cannabis para Comunicadores: Todo o conhecimento que você precisa para desenvolver projetos sólidos e entregar melhores resultados na área da comunicação canábica.
Aprenda com os melhores profissionais do mercado da cannabis e leia o nosso conteúdo sobre cursos no mercado canábico.
Setores indiretos para trabalhar com maconha
Existem também os trabalhos com cannabis que não estão relacionados ao uso medicinal e não têm relação de manuseio com a planta. É o caso dos produtores de conteúdo, profissionais de setores secundários e prestadores de serviços.
A área da produção de conteúdo é uma das maiores, com portais como o Growroom e a Smoke Buddies lidando com esse tema há mais de 10 anos.
Além desses grandes portais, também existem outros veículos:
Eles são responsáveis por disseminar informações de qualidade e notícias atualizadas sobre essa indústria tão dinâmica. Alguns são voltados à produção de conteúdo jornalístico, enquanto outros focam na produção de textos mais densos, promoção de cursos e outras atividades. Todos eles trabalham com a contratação de profissionais de marketing, redação, audiovisual e outras profissões.
O modelo de negócio mais disseminado atualmente, no entanto, é o das tabacarias, headshops e growshops. De acordo com o anuário 2024 da Kaya, existem ao menos 812 growshops, 999 headshops e 7.100 tabacarias ativas no Brasil. A maioria desses estabelecimentos busca profissionais para trabalhar:
- Atendimento ao cliente;
- Marketing (especialmente o digital);
- Área de logística;
- Área administrativa;
- Área financeira;
- Indústria têxtil;
- Alimentos de cânhamo, como suplementos e leite;
- Indústria automobilística.
Outro segmento importante, mas que é menos explorado, é o das empresas que prestam serviços, como é o caso da Kaya, que atua na área de inteligência de mercado e dados. É difícil levantar quais são as vagas disponíveis, afinal, cada empresa tem seu escopo de atuação, mas em relação à Kaya, a busca é por profissionais multidisciplinares, que tenham forte capacidade analítica e entendimento de lógica.
Trabalhar com cannabis nos Estados Unidos e Canadá
Apesar da cannabis não ser legalizada federalmente nos EUA, grande parte dos estados permite o cultivo e uso medicinal da planta, permitindo ainda mais possibilidades de emprego nessa área.
As posições de trabalho em escritórios são poucas e as oportunidades são baseadas em know-hows específicos. Nos empregos de cultivador, aparador ou colhedor, que exigem envolvimento físico com a maconha, as empresas optam por contratar operadores e produtores com experiência prévia, devido a sensibilidade das plantas. Inclusive, o campeão mundial de skate Bob Burnquist explicou à Kaya Mind que a Farmaleaf, sua empresa de produtos derivados de maconha, precisou escolher cuidadosamente seu fornecedor de matéria-prima.
Há outros cargos possíveis, como aqueles voltados para o ponto de venda – caixa e budtender (bartender das flores da maconha), por exemplo – que exigem bom relacionamento com o cliente e habilidades de comunicação. Por outro lado, posições gerenciais e de liderança são mais escassas devido ao baixo número de novas empresas de médio e grande porte.
Como mencionado anteriormente, o ambiente e a demanda de trabalho na indústria da cannabis são baseados em empregos que necessitam de habilidades específicas e, portanto, ainda não têm salários estáveis. A disponibilidade de empregos, especialmente para produtores, podadores e colhedores, pode ser sazonal, em tempo parcial ou integral, dependendo da estrutura operacional do negócio ou empresa, o que pode gerar dificuldade para quem deseja trabalhar nesse meio.
Como a indústria da cannabis diminuiu o desemprego nos Estados Unidos?
Diferente de muitas indústrias, o mercado da maconha não foi tão atingido pelas consequências da Covid-19 nos EUA, pois, em muitos dos estados, governadores optaram por categorizar os comércios relacionados à planta como serviços essenciais. Assim, as vendas cresceram vertiginosamente, já que os consumidores decidiram estocar produtos da erva para cumprir o isolamento social e ficar em casa, recorreram à maconha para diminuir ansiedade e estresse causados pela pandemia, e participaram predominantemente de atividades cannabis-friendly, como assistir à filmes e séries.
Até janeiro de 2022, foram calculados 428,059 mil empregos relacionados à maconha no país estadunidense. Há mais vagas disponíveis nas regiões da Califórnia, Colorado, Michigan, Illinois, Massachussetts, Pensilvânia, Flórida, Arizona, Washington e Oregon, sendo na Pensilvânia e Flórida voltada exclusivamente ao mercado medicinal.
Para se ter uma ideia do tamanho dessa indústria nos Estados Unidos: enquanto o mercado de trabalho da área de enfermagem teve um desenvolvimento de 53% em 10 anos, a da maconha expandiu 161% em apenas quatro anos.
Disponibilidade de empregos no mercado da cannabis
No Brasil, apesar de uma variedade de setores para trabalhar com cannabis, mesmo que indiretamente, ainda não há uma vasta quantidade de empregos disponíveis para as pessoas interessadas em atuar na área. Sem uma regulamentação abrangente, a empregabilidade desse mercado no país é muito menor do que poderia ser.
No relatório “Impacto Econômico da Cannabis”, publicado pela Kaya, estimou-se que, no quarto ano de regulamentação abrangente de todos os usos da cannabis – medicinal, adulto e industrial -, seriam movimentados por volta de R$ 26,1 bilhões e R$ 8 bilhões de impostos seriam arrecadados. Além disso, como essa legislação abraçaria indústrias diferentes, por volta de 117 mil empregos poderiam ser criados.
Vale lembrar que o Brasil, no quarto trimestre de 2021, teve o total de 11,1% desempregados, o que corresponde a 13,9 milhões de pessoas. Esses dados foram coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Aqui, no Cannabis Empregos, você pode encontrar algumas das vagas em aberto.
Expansão da indústria para quem deseja trabalhar com cannabis
A forte expansão desse mercado é uma realidade e deve crescer a uma taxa exponencial nos próximos anos. Por isso, empresários buscam candidatos com vontade de aprender o ofício, mas que também acreditem na causa da empresa e da maconha, pois serão porta-vozes do tema e influências essenciais para a mudança de pensamento nos meios em que ocupa.
A indústria da cannabis ainda está em lenta evolução quando se faz a comparação do Brasil com o mundo, mas o país seguramente está se estabelecendo como um forte player de mercado. Seu impacto econômico já é desfrutado por aqueles que podem trabalhar com esse segmento.
Um trabalho na indústria da maconha, portanto, é o mesmo que em qualquer outra indústria: você executa diligentemente suas tarefas e é pago. O modo como você se dedica ao trabalho pode ser subjetivo e variar de acordo com cada trabalhador, mas a escolha de buscar um emprego com cannabis depende de determinação e comprometimento, além do status de legalização do país.