Como na maioria das profissões, as mulheres ainda não têm o reconhecimento e a presença que merecem na cena canábica. Contudo, o empreendedorismo feminino nesse setor tem ganhado cada vez mais espaço, como merece, afinal, a relação entre mulheres e cannabis é longínqua. Atualmente, mulheres empreendedoras lideram empresas importantes voltadas à maconha, tanto internacionalmente como nacionalmente.
Embora o Brasil tenha descriminalizado o uso pessoal da maconha para adultos, a planta continua proibida no país e os setores industriais ainda se veem de mãos atadas para conseguir empreender e ter um espaço maior e mais disputado neste mercado. O Anuário de Growpshops, Headshops e Marcas da Kaya, produzido em 2024, mostrou o crescimento da indústria canábica nos últimos anos – Ao menos 2,8 milhões de pessoas usam regularmente maconha no país. Esse dado já mostra o potencial tamanho para quem deseja investir.
As mulheres tem mostrado papel relevante no setor canábico, seja na produção de pesquisas científicas ou no empreendedorismo, 36,8% dos cargos executivos desse setor são de mulheres, segundo a pesquisa realizada em 2019 pelo Marijuana Business Daily. Comparado a outros setores existentes que são liderados por mulheres, essa porcentagem é superior à média nacional de 21%.
Quem são essas mulheres empreendedoras no universo canábico?
No Brasil, há regulamentação apenas em relação ao uso medicinal da planta, mas as figuras femininas, mesmo que poucas para o tamanho da indústria da cannabis, têm ocupado diferentes setores da área:
- Eventos;
- Dados;
- Cosméticos;
- Ativismo;
- Associações;
- Comunicação e mais.
Entre elas, estão mulheres empreendedoras que hoje são personagens essenciais na luta pela pauta canábica no país.
Margarete Brito, por exemplo, é fundadora da Apepi, uma associação de pacientes que fazem uso medicinal da cannabis, e que já conseguiu permissão para cultivo, mas, hoje perdeu a liminar. Além disso, faz parte da primeira família brasileira a obter autorização para cultivar a planta para fins medicinais em casa, a fim de tratar a doença de sua primeira filha, Sofia, que nasceu com CDKL5, uma síndrome genética rara que causa convulsões frequentes.
Outra voz importante é a de Viviane Sedola, criadora da Dr Cannabis, plataforma que conecta pacientes e profissionais de saúde que prescrevem produtos à base de cannabis. Segundo a revista High Times, uma das publicações mais importantes do mundo sobre maconha, ela é a única representante latino-americana da lista das 50 mulheres mais influentes do setor canábico.
Katia Cesana é fundadora do Xah com Mariaz, uma comunidade de mulheres que empreendem e levantam a pauta ativista sobre a cannabis. Elas criaram o Hempreenda Mães com a Xah, com o objetivo de atender as mães que desejam empreender e tem dúvidas sobre como começar, além de ajudar a se conectarem com parcerias e desenvolver uma base de modelo sólido e estratégico.
A Camila Miranda é a criadora do Maga Rosa Café, um bar localizado na Vila da Penha, no Rio de Janeiro. Com muitas atrações, incluindo música, comidas e bebidas, o bar apoia a legalização da maconha e realiza diversas atividades para criar um espaço de troca de experiências e muito aprendizado sobre o universo canábico.
Existem milhares de mulheres que estão nesse mercado e merecem destaque, como:
- Poliana Rodrigues – Blazing Beauty
- Cidinha Carvalho – Cultive
- Renata Monteiro – Instituto Jurema
- Luna Vargas – Inflore
- Danila Moura e Katia Cezana – Xah com Mariaz
- Drika Coelho – Sinal de Fumaça
- Carolina Nocetti – Indeov e InterCan
- Camila Teixeira – Indeov
- Carolina Nocetti – InterCan
Evidenciar essas mulheres é de extrema importância, pois, segundo uma análise da Insider, homens brancos representam 70% dos cargos executivos de alto nível das 14 maiores empresas de cannabis de capital aberto do mercado. Isso mostra não só a falta da presença feminina, como também da população negra, que foi uma das principais afetadas pela guerra às drogas durante décadas.
Como as mulheres podem começar a empreender no setor da cannabis?
Empreender no setor da cannabis é uma oportunidade empolgante, especialmente para as mulheres, que estão cada vez mais se destacando no mercado. No entanto, o setor é altamente regulado, o que exige conhecimento específico e uma abordagem estratégica para ter sucesso.
- Entenda sobre o mercado: Aprenda sobre as diferentes variedades de cannabis, como o THC, CBD e cânhamo, seu processo de cultivo e extração. Atualize-se sobre as legislações vigentes em sites confiáveis e estude os modelos de negócios existentes e que mais se enquadram nas suas necessidades e escolhas para negócio.
- Encontre o seu nicho ideal dentro da cannabis: Existem diversos nichos que podem ser explorados, incluindo o de cosméticos, farmacologia, alimentos, dentre outros. Além dessas áreas, você trabalhar como consultora, na área de marketing, tecnologia ou comercial.
- Faça networking: Conecte-se com pessoas da área que podem ser uma ponte para fazer o seu negócio crescer. Participe de conferências, congressos ou eventos de cannabis e torne-se conhecida no mercado.
- Crie uma marca de impacto: Busque sempre inovar e trazer algo transformador na vida das pessoas, além de pensar as questões relacionadas à responsabilidade social, diversidade e inclusão, dentre outras pautas.
- Lembre-se que é um mercado desafiador para mulheres: Assim como outras áreas, a indústria canábica também enfrenta muitos desafios. Por isso, converse com outras empreendedoras, participe de grupos e organizações e promova iniciativas para as mulheres.
O mercado da cannabis está em constante evolução e você pode ser parte dessa mudança e criar um negócio transformador e inovador. O quadro de mulheres empreendedoras vem crescendo cada vez mais, assim como a CEO da Kaya, Maria Riscala, que também enfrenta desafios nesse mercado, mas está sempre em constante desenvolvimento e crescimento, enxerga na cannabis uma forma de transformar o mundo e ajudar milhares de mulheres a empreender.