O tratamento com cannabis tem crescimento exponencialmente nos últimos anos. Conforme consta no Anuário da Cannabis Medicinal de 2024 da Kaya, já são +672 mil pacientes de cannabis no Brasil, sem contar o aumento no número de importações, associações e farmácias que vendem produtos à base da planta.
Mesmo com esse cenário promissor, muitas pessoas ainda sentem uma certa insegurança para usar a cannabis como tratamento terapêutico, seja por falta de informações a respeito da planta ou mesmo por preconceitos e comportamentos conservadores. Fato é que essas questões podem pesar na hora da prescrição médica – e outros pontos que vamos abordar ao longo do artigo também.
O que é cannabis medicinal?
Antes de mais nada, vamos dar uma breve introdução à respeito desta planta que é múltipla em sua forma e no seu uso para a saúde.
A cannabis medicinal refere-se ao uso de produtos derivados da planta de cannabis para tratar ou aliviar sintomas de diversas condições de saúde, incluindo depressão, ansiedade, espectro do transtorno autista, Alzheimer, Parkinson, câncer, dentre outras. Esses produtos podem incluir óleos, extratos, cápsulas ou outros compostos, que são preparados de forma controlada e com dosagens específicas.
A planta de cannabis contém substâncias chamadas canabinoides, sendo as mais conhecidas o THC e o CBD. O THC é a substância psicoativa, que causa a sensação de “ficar chapado”, enquanto o CBD não tem esse efeito, mas tem propriedades que podem ajudar a reduzir diversos sintomas.
Mas, como a cannabis funciona no organismo?
Funciona principalmente devido ao seu efeito sobre o sistema endocanabinoide do corpo humano. Esse sistema é responsável por regular diversas funções, como dor, sono, humor, apetite e resposta imune. Os canabinoides da planta interagem com os receptores desse sistema, ajudando a aliviar sintomas que muitas vezes tiram o nosso bem-estar e qualidade de vida.
Agora que já exploramos um pouco sobre a cannabis medicinal e seu funcionamento no corpo humano, vamos ao que interessa: por que um médico deveria escolher a cannabis para tratar seu paciente?
6 razões para escolher o tratamento com cannabis
Sem mais delongas, vamos trazer 6 motivos para você, médico, compreender porque a cannabis medicinal pode ser a escolha certa para o tratamento terapêutico do seu paciente:
1. Alternativa natural com menos efeitos colaterais
Uma das principais vantagens da cannabis medicinal é que ela é uma alternativa natural aos medicamentos tradicionais. Muitos fármacos usados para tratar condições médicas podem ter efeitos colaterais significativos, como sedação excessiva, ganho de peso, dependência e até danos a órgãos, como fígado e rins.
Por outro lado, os canabinoides, como o CBD, têm um perfil de segurança mais favorável, com menos efeitos colaterais adversos. Enquanto o THC pode causar euforia em algumas pessoas, o CBD é geralmente bem tolerado, não causa dependência e pode até ajudar a reduzir os efeitos colaterais de outros medicamentos. Ao considerar a cannabis medicinal como alternativa, você estará oferecendo aos seus pacientes uma opção terapêutica com menos risco de danos a longo prazo.
2. Excelente opção para condições difíceis de serem tratadas
Pacientes com condições neurológicas, como epilepsia, esclerose múltipla, Parkinson e Alzheimer, frequentemente enfrentam desafios enormes com tratamentos convencionais. Muitas vezes, os medicamentos tradicionais não conseguem controlar os sintomas de forma eficaz ou causam efeitos colaterais problemáticos. A cannabis medicinal, especialmente o CBD, tem mostrado resultados promissores em estudos clínicos para o tratamento de crises epilépticas e distúrbios neurológicos, oferecendo uma alternativa segura e eficaz.
O uso de óleo de CBD é particularmente popular no tratamento de formas raras e graves de epilepsia, como a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut, condições que não respondem bem aos anticonvulsivantes tradicionais e que estão sendo ofertados gratuitamente pelo SUS em São Paulo.
3. Tratamento personalizado e ajustável às necessidades do paciente
Uma das grandes vantagens da cannabis medicinal é que ela pode ser personalizada para atender às necessidades específicas de cada paciente. Os médicos podem ajustar as doses ou até escolher diferentes formas de administração, dependendo dos sintomas a serem tratados e das características individuais de cada paciente, incluindo:
- Óleos;
- Cápsulas;
- Vaporizadores;
- Cremes tópicos.
O tratamento oferece flexibilidade e a possibilidade de titulação da dosagem para garantir que o paciente receba o máximo benefício com o mínimo de efeitos colaterais. Esse caráter personalizável torna a cannabis medicinal uma opção atraente para tratar condições complexas e variadas.
4. Ser um tratamento regulamentado no Brasil
O potencial tamanho de mercado da cannabis já ultrapassa 9,4 bilhões sem considerar condições como dores, estresse e problemas do sono. Com os avanços legislativos e as pesquisas científicas que crescem mais a cada dia, tratamentos naturais têm se tornado uma grande pauta e conquistado um espaço significativo na área médica.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio das RDCs como a 327/2019 que permite a empresas interessadas fabricar e comercializar medicamentos à base de cannabis nas farmácias brasileiras, temos visto um salto no acesso aos produtos, sem contar a importação.
Por esse motivo, é viável e seguro usar a cannabis medicinal como tratamento para seu paciente.
5. Potencial terapêutico para melhorar a qualidade do sono
A cannabis medicinal pode ser uma opção terapêutica eficaz para tratar distúrbios do sono, especialmente com o uso de CBD, que tem efeitos calmantes e ansiolíticos, e THC, que pode ajudar a induzir o sono e melhorar a qualidade do descanso. O CBD, em particular, tem mostrado efeitos promissores por ajudar a reduzir a ansiedade e promover relaxamento, fatores que frequentemente contribuem para a insônia.
Além disso, a cannabis pode ser útil para pacientes com síndrome das pernas inquietas ou problemas relacionados à dor crônica, que muitas vezes interrompem o sono. O alívio desses sintomas pode levar a uma melhora significativa no padrão de sono, oferecendo aos pacientes mais energia, disposição e qualidade de vida.
6. Controle de efeitos secundários de medicamentos pesados
Pacientes que estão em tratamento de longo prazo, especialmente os idosos ou aqueles com doenças crônicas complexas, frequentemente enfrentam o problema da polifarmácia, que é o uso simultâneo de múltiplos medicamentos. Isso pode aumentar o risco de interações medicamentosas adversas, efeitos colaterais e até a dependência de medicamentos.
A cannabis pode ser uma maneira eficaz de reduzir a quantidade de medicamentos necessários, oferecendo um alívio de sintomas com um perfil de efeitos colaterais mais suave.
A substituição ou redução de doses de medicamentos pesados pode melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente, minimizando os riscos associados à polifarmácia e melhorando a adesão ao tratamento a longo prazo.
Viu só como existem muitos motivos para o tratamento com cannabis ser a escolha certa para seu paciente? Mas, agora que você já compreendeu essa parte, deve estar se perguntando: Como vou abordar o assunto com meu paciente? Vamos falar sobre isso!
Como abordar o tratamento com cannabis com meu paciente?
Abordar o tratamento com cannabis medicinal com seu paciente exige empatia, clareza e uma abordagem personalizada. Siga as nossas dicas para não errar na consulta:
- Estude os benefícios, riscos e regulamentações sobre a cannabis medicinal para responder com segurança às dúvidas do paciente.
- Inicie a conversa de forma respeitosa e não impositiva. Pergunte o que o paciente pensa sobre opções alternativas de tratamento.
- Fale de forma clara sobre como a cannabis pode ajudar em sintomas específicos, como dor crônica, ansiedade ou insônia, destacando os possíveis efeitos colaterais.
- Apresente as diferentes opções de uso e como a dosagem será ajustada conforme a necessidade do paciente.
- Reforce a importância do monitoramento regular para ajustar o tratamento e garantir a segurança.
- Ouça as perguntas do paciente e forneça informações claras e baseadas em evidências.
Essa abordagem transparente e empática ajuda a estabelecer confiança e a tomar decisões informadas sobre o uso da cannabis medicinal.
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