Conhecido como “remédio da Alma”, o kambô ou veneno de sapo tem origem muito antiga, praticada há séculos pelas tribos indígenas da Amazônia e de outras culturas para processos de purificação e cura. O Jornal da Band divulgou uma matéria interessante sobre os poderes do kambô e porque ele é considerado importante para a cura de doenças, problemas do mundo moderno, além de alguns tipos de câncer.
Vamos entender como o veneno de rã age no organismo, potencializando os compostos ativos e ajudando no processo de cura de algumas condições, além de explorar também os riscos de aplicações incorretas e a sua origem milenar.
O que é kambô?
O Kambô, também conhecido como “vacina do sapo,” tem suas origens nas práticas tradicionais das tribos indígenas da Amazônia, especialmente entre os povos Kaxinawá e Yawanawá no Brasil e o povo Matsés no Peru. A substância utilizada é um veneno extraído da pele de um sapo conhecido como Phyllomedusa bicolor, que é uma espécie de sapo arborícola da região amazônica.
Tradicionalmente, é utilizado em cerimônias de purificação e cura. O veneno é aplicado em pequenas queimaduras na pele, e os compostos ativos presentes no veneno são absorvidos pelo corpo. Os efeitos do Kambô são bastante intensos e podem incluir vômitos, diarréia e sudorese, que são vistos pelos praticantes como processos de limpeza física e espiritual.
Na medicina tradicional indígena, acredita-se que o Kambô ajuda a fortalecer o sistema imunológico, limpar toxinas e melhorar a saúde geral. Com o tempo, o uso do Kambô se espalhou para fora da Amazônia e ganhou popularidade em círculos de medicina alternativa em outras partes do mundo.
De acordo com as tradições indígenas, o ritual com o kambô é realizado para acabar com a má sorte na pesca e caça, além de acabar a “panema”, ou seja, o estado de espírito negativo que causa as doenças no corpo. Para os povos Kaxinawás, o sapo kampu era considerado o chefe do “nixi pëi”, a bebida preparada com o cipó Banisteriopsis caapi, o mesmo usado para produzir o Ayahuasca.
As primeiras aplicações do kambô em centros urbanos foram realizadas em São Paulo, no ano de 1994. Segundo o artigo publicado pela Revista da UFPR, a difusão urbana deste composto s deu pelo seringueiro Francisco Gomes, na década de 1960, que viveu entre os Katukina no riozinho da Liberdade (AC).
Em 2006, o jornal The New York Times publicou uma matéria sobre o uso que os Katukina faziam do kambô e após isso, outras mídias internacionais e pesquisadores começaram a se aprofundar no assunto.
Os compostos medicinais do kambô envolvem ações antibacteriana e antifúngica, agindo contra fungos e bactérias. Além disso, existem diversas pesquisas científicas em andamento para entender outros tipos de ações, como a antitumoral, sendo a maioria das pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ainda que repleto de benefícios, seu uso irregular pode levar à morte e muitos cientistas advertem sobre o uso generalizado deste composto.
Conforme entrevista na BBC News, para que o “remédio” faça efeito, o paciente precisa comparecer à sessão em jejum, tomar três litros de água enquanto o curandeiro realiza o início do procedimento.
Como ocorre a aplicação do veneno de rã?
Vamos compreender como ocorre a aplicação do kambô, seu processo de preparação e quem pode aplicá-lo nos que desejam receber este tratamento considerado holístico. A aplicação do veneno de sapo é um processo que deve ser realizado com cautela e geralmente é conduzido por um praticante experiente ou um xamã treinado. Vamos para os passos:
- Preparação: Antes da aplicação, o praticante geralmente prepara o ambiente, que pode incluir a criação de um espaço ritualizado. O recipiente contendo o veneno de Kambô é preparado e o paciente é instruído sobre o que esperar.
- Preparação da pele: Pequenas queimaduras são feitas na pele do paciente com um instrumento de ponta, como um bastão ou uma agulha quente. Essas queimaduras são chamadas de “pontos de aplicação” e servem como locais onde o veneno será aplicado. A pele precisa estar levemente danificada para permitir que o veneno seja absorvido.
- Aplicação do veneno: O veneno seco, que foi extraído da pele do sapo e pode estar em forma de pó ou de um preparado líquido, é misturado com água para criar uma pasta ou uma solução. Essa pasta é então aplicada diretamente sobre as queimaduras.
- Absorção e efeitos: O veneno é absorvido pela pele e começa a agir rapidamente. Os efeitos podem incluir uma sensação intensa de queimação, seguidos por reações como vômitos, diarréia, sudorese e, em alguns casos, desmaios. Esses efeitos são vistos como uma forma de “purificação” ou desintoxicação.
- Pós-aplicação: Após a aplicação, o veneno é removido, e a pele é geralmente tratada para promover a cicatrização. O praticante pode orientar o paciente sobre como cuidar da pele e como lidar com os efeitos residuais.
- Recuperação: O paciente pode sentir-se fraco e precisar de um período de recuperação, que pode incluir hidratação e descanso. O tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa.
Uma das mais famosas aplicadoras de kambô nos centros urbanos foi Sônia Valença de Menezes, que conheceu Francisco Gomes por volta de 1999, em Camanducaia (MG). Para ela, a aplicação do sapo-verde atua “sobre a percepção em geral, a intuição, os sonhos, a terceira visão, o inconsciente e os bloqueios que impedem o fluxo de energia vital”, conforme consta no artigo da UFPR.
Quanto tempo dura o efeito do kambô?
Os efeitos do Kambô geralmente são intensos, mas a duração pode variar dependendo da pessoa e de como o corpo reage ao veneno. Logo após a aplicação, pode durar de 20 a 40 minutos, ao qual a pessoa poderá experimentar uma intensa sensação de queimação e desconforto nas áreas onde o veneno foi aplicado.
Efeitos como vômitos, diarreia e sudorese podem ocorrer dentro de 20 a 60 minutos após a aplicação, dependendo de cada organismo. A recuperação completa pode levar de 1 a 3 dias, variando conforme a intensidade da aplicação e reação em cada organismo.
Benefícios da vacina do sapo
Os adeptos à prática do Kambô acreditam que ele pode oferecer uma série de benefícios potenciais para a saúde e o bem-estar, embora ainda não existam estudos científicos que comprovem esses potenciais benefícios. Vamos ver quais são os principais aspectos:
- Desintoxicação: Frequentemente descrito como um meio de desintoxicar o corpo, ajudando a eliminar toxinas acumuladas. O processo de vômito e diarreia é visto como uma forma de purificação.
- Fortalecimento do sistema imunológico: Acredita-se que pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico e melhorar a resistência a doenças.
- Aumento de energia e clareza mental: Há relatos de que o Kambô pode levar a uma sensação de renovação e clareza mental após a experiência, além de um aumento de energia e vitalidade.
- Alívio de sintomas de saúde mental e emocional: Pode ajudar a aliviar sintomas relacionados a condições como ansiedade, depressão e estresse. Isso pode ser parcialmente atribuído ao efeito purificador e à sensação de renovação após a aplicação.
- Melhora da digestão e metabolismo: A experiência de vômitos e diarréia pode ajudar a melhorar a função digestiva e o metabolismo, ajudando a limpar o trato gastrointestinal.
- Fortalecimento e regeneração da pele: Em algumas tradições, acredita-se que o Kambô pode ajudar na regeneração e fortalecimento da pele.
- Apoio espiritual e emocional: É usado em contextos de ritual e cerimônia para promover um senso de conexão espiritual e crescimento pessoal.
Esses são alguns dos benefícios relatados pelos praticantes do kambô, dos povos indígenas e de outras culturas que usam o composto do sapo em rituais e purificações. É válido lembrar que estes efeitos ainda não possuem comprovação científica e vem sendo amplamente estudado pela comunidade acadêmica.
Riscos do kambô para a saúde
Além dos benefícios, é importante compreender os riscos e efeitos adversos que estes compostos podem causar na saúde. Alguns deles envolvem:
- Reações agudas, podendo levar a complicações mais graves;
- Sintomas de desidratação após a aplicação;
- Reações alérgicas que podem afetar o sistema cardiovascular e pressão arterial;
- Complicações na pele causadas pelas queimaduras;
- Efeitos emocionais e psicológicos, especialmente para pessoas que possuem condições de saúde mental pré-existentes.
- Interações medicamentosas, alterando a eficácia ou podendo causar efeitos adversos.
Para quem deseja e tem interesse em conhecer medicinas alternativas e complementares, é importante consultar um profissional qualificado e experiente, que possa garantir que a aplicação seja realizada de forma segura e com o acompanhamento necessário.
Se você gosta de explorar outras propriedades terapêuticas, a cannabis medicinal pode ser uma excelente escolha. Isso porque ela já vem sendo comprovada por meio de pesquisas científicas por seus resultados em tratamentos para glaucoma, depressão, Alzheimer, Parkinson, dentre outras condições médicas. A Kaya Mind Saúde pode te ajudar a escolher o melhor médico prescritor para o seu tratamento!