A pesquisa sobre cannabis tem ganhado cada vez mais espaço no cenário científico, especialmente entre pessoas que desejam entender os efeitos terapêuticos, usos recreativos e econômicos da planta. Se você já teve curiosidade de mergulhar nesse universo, mas não sabia por onde começar, este texto é para você.
Nesse artigo, mostramos como iniciar sua pesquisa de forma segura, onde buscar fontes confiáveis e por que esse tipo de estudo é fundamental no Brasil.
Você sabe fazer pesquisa sobre cannabis?

A primeira coisa que muita gente se pergunta é: qualquer pessoa pode fazer pesquisa sobre cannabis? A resposta é sim — com algumas ressalvas.
Se você está no início da jornada, o ideal é aprender a buscar, ler e interpretar estudos científicos. Isso significa entender o que é um artigo revisado por pares, conhecer os tipos de estudos (como meta-análises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos) e saber onde encontrar essas publicações.
Para quem deseja conduzir uma pesquisa acadêmica ou científica no Brasil, é necessário estar vinculado a uma instituição de ensino ou pesquisa, pois a cannabis ainda é uma substância controlada. Isso significa que sua manipulação para estudos requer autorizações específicas da Anvisa, como a AEP (Autorização Especial para Pesquisa).
Para facilitar seu caminho, veja nosso guia sobre como usar evidências científicas sobre cannabis e também os textos da Kaya sobre atualização médica em cannabis.
Por que a pesquisa sobre cannabis é importante no cenário brasileiro?
Ainda que a descriminalização do uso pessoal da maconha tenha ocorrido em junho de 2024, o Brasil tem avançado lentamente na regulamentação da cannabis medicinal, mas ainda enfrenta muitos desafios, entre eles a falta de dados locais robustos. Por isso, a realização de estudos científicos no país é essencial.
De acordo com levantamento da Kaya, desde 2015, a Anvisa já concedeu 89 autorizações de pesquisa para instituições de ensino e pesquisa, referentes a 72 projetos científicos. Hoje, 40 instituições espalhadas pelo Brasil conduzem essas iniciativas. As regiões Sudeste e Sul lideram em número de autorizações, com destaque para São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.
No Nordeste, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba também se destacam, sendo este último o estado com a maior associação de pacientes do país. O Rio Grande do Norte, inclusive, é o único estado onde uma instituição recebeu permissão para cultivo de cannabis para fins de pesquisa até o momento.
Esses dados mostram o crescimento do interesse científico no tema e reforçam a importância de fomentar pesquisas que possam comprovar os benefícios terapêuticos da planta, auxiliar na regulação e estimular o desenvolvimento de produtos nacionais.
Principais bases de dados para pesquisar o assunto cannabis
Quando o assunto é pesquisar com segurança, a escolha da fonte é tudo. Evite sites sem embasamento e priorize bases de dados científicas confiáveis, como:
- PubMed: uma das mais completas bases de estudos biomédicos do mundo. Contém artigos revisados por pares e permite filtrar por tipo de estudo (ensaios clínicos, meta-análises, revisões sistemáticas).
- ScienceDirect: ampla base multidisciplinar, com muitos estudos sobre canabinoides e terapias alternativas.
- Scielo: base que reúne produções científicas da América Latina, incluindo pesquisas brasileiras.
- Google Scholar: útil para encontrar artigos acadêmicos, teses e livros. Requer cuidado para checar a qualidade das fontes.
Dados da Kaya sobre produção científica
A Kaya realizou uma busca na base PubMed com os termos “cannabis” e “canabidiol”, considerando apenas ensaios clínicos, meta-análises e testes controlados. O resultado revela um crescimento expressivo nas publicações nos últimos 10 anos.
- 2020 teve o maior aumento recente: 23,4% em relação a 2019.
- 2023 registrou retração de 7%, mas 2024 já mostrava 60% da produção do ano anterior apenas no primeiro semestre.

Isso mostra que, mesmo com oscilações, a produção científica segue aquecida, especialmente em temas como:
- Saúde mental: ansiedade, estresse e depressão continuam sendo os tópicos mais pesquisados.
- Redução de danos em jovens: cresce o número de estudos sobre o impacto da legalização nos EUA sobre adolescentes.
- Interações com outras substâncias: álcool, tabaco, opioides e outros vícios.
- Condições específicas: epilepsia, câncer e distúrbios do sono permanecem entre os assuntos de maior interesse.
- Performance física: novos estudos surgem sobre o impacto da cannabis em esportes e atividade motora.
Esses temas são abordados com frequência em conteúdos como redução de danos, comestíveis e uso da cannabis na saúde mental.
A pesquisa sobre cannabis é um campo em plena expansão e tem potencial de transformar não só a medicina, mas também a regulação e o acesso à saúde no Brasil. Se você quer iniciar nesse tema, comece entendendo os tipos de estudos, as bases confiáveis e os caminhos para desenvolver projetos com respaldo legal.
Com mais de 70 projetos ativos e dezenas de instituições brasileiras envolvidas, o Brasil está construindo sua própria base de conhecimento. Isso é essencial para que decisões políticas, médicas e regulatórias sejam feitas com base em ciência, dados e segurança.
Quer aprofundar sua visão sobre o mercado, a ciência e o futuro da cannabis no país? Acesse gratuitamente o Anuário da Cannabis Medicinal 2024 e descubra os dados mais atualizados sobre o universo canábico brasileiro.


