“Cannabis”, “maconha”, “ganja”, “liamba”, “marijuana”, “cânhamo”… são inúmeras as palavras utilizadas para se referir à espécie da Cannabis sativa L. Todas elas têm uma origem por trás, ainda que algumas sejam mais conhecidas do que outras, e muitas ressoam de forma importante na percepção social sobre a planta.
A escolha de palavras para tratar sobre certos assuntos não é uma mera coincidência; a linguagem é estabelecida de acordo com acontecimentos históricos e, por isso, muitas vezes, podem se basear em discriminações e disseminar esses preconceitos. É o caso da diferença entre os termos maconha e cannabis.
Diferenças entre “maconha”, “cannabis” e “cânhamo”
“Maconha” tem sua origem numa das línguas angolanas, o quimbundo, que era muito falada entre os escravizados – a palavra “ma’kaña”, com som “makanha”, significa “erva santa”. Já “cannabis”, em latim, vem do grego “kánnabis” e é originária de línguas mais primárias da Antiguidade, como os citas (povos nômades da Eurásia) ou os trácios (população que habitava partes do leste e sudeste europeu).
Ambas as palavras, no entanto, têm o mesmo significado e não devem ser diferenciadas. Maconha e cannabis são a mesma subespécie da Cannabis sativa L. que tem fitocanabinoides psicoativos e psicotrópicos, como o CBD, THC, CBN, THCA, CBG etc., e é utilizada para fins medicinais e uso adulto. A maconha, portanto, vem da planta Cannabis sativa L. e não é “folha de maconheira” – essa nomenclatura, inclusive, é inexistente.
Além dessa origem da “maconha”, há uma outra hipótese de que ela é um anagrama – combinação das letras da palavra-matriz – do termo “cânhamo”, a fim de evitar repressão para os usuários. “Cânhamo” diz respeito a uma outra subespécie da Cannabis sativa L., mas que tem características físicas e químicas diferentes, além de ser voltada para fins industriais, como a fabricação de tecidos, alimentos, cosméticos e muitas outras matérias-primas. O cânhamo contém quantidades que podem variar de 0,2% a 2% de THC, as quais são insignificantes para causar efeitos psicotrópicos.
Origem da palavra Haxixe
Já a origem da palavra “haxixe” ou “hash”, uma resina extraída das folhas da cannabis e que contém altos níveis de THC, é árabe e significa erva seca. Há diversas formas de fazer o haxixe, como a seco, com álcool, as mãos, gás butano etc., e, assim como a maconha, também tem diferentes tipos, sendo eles afegão, libanês, marroquino, nepalês e mais.
O “hash”, como é chamado esse tipo de extração, é muito comum entre usuários de uso adulto e também tem sido adaptado por modelos de negócios que investem em produtos para consumo terapêutico, pois oferece uma série de vantagens medicinais por ser capaz de entregar altos teores de fitocanabinoides, canaflavinas e terpenos.
Como a maconha chegou ao Brasil e quais as nomenclaturas mais usadas?
Registros fósseis encontrados apontam que a planta da maconha tem origem no Planalto do Tibete, na Ásia Central. No Brasil, o cânhamo foi trazido por meio das navegações portuguesas, que utilizavam essa matéria-prima em suas velas e caravelas, e a a cannabis chegou a partir dos negros escravizados que a utilizavam como parte de rituais religiosos, sendo, inclusive, chamada de “fumo d’angola”.
Desde então, o uso e a palavra “maconha” se referiam diretamente à população negra e pobre como algo pejorativo, e isso se mantém até hoje. Testemunha-se isso principalmente na imprensa, que trata com frequência os assuntos de tráfico de drogas e violência a partir da palavra angolana “maconha”, associando-a a algo negativo. Por outro lado, o termo europeu “cannabis” é colocado em texto quando são abordados temas voltados à saúde e negócios, relacionados a um teor positivo. O primeiro relatório da Kaya Mind, “Cannabis na Imprensa”, mostra esses dois fatos a partir de dados coletados ao longo de três anos sobre a mídia nacional.
Alguns termos “brasileiros” para maconha são:
- Diamba;
- Baseado;
- Erva;
- Chá;
- Ganja;
- Fumo;
- Beck;
- Manga Rosa;
- Marafa;
- Pito de pango;
E muitos outros!