Os estudos a respeito dos benefícios da cannabis tem evoluído exponencialmente desde a descoberta do sistema endocanabinoide, realizada pelo químico israelense Raphael Mechoulam. O CBD e o THC, bem como outros fitocanabinoides, foram entendidos como propriedades terapêuticas capazes de tratar uma gama de condições médicas que passam por diferentes áreas da medicina, como glaucoma, endometriose, doença de Parkinson etc. Por isso, a Kaya Mind resolveu explicar, em uma série de textos, a relação entre a maconha e algumas doenças. Neste em questão, será abordada a fibromialgia.
A cannabis é receitada para alívio de dores há milhares de anos – um dos primeiros registros data de 70 d.C., quando havia uma receita médica indicando o uso de maconha para dores de ouvido. Hoje, a planta é considerada uma das formas mais eficazes para tratar dores crônicas e os estudos apontam que sua eficácia pode ser, inclusive, melhor que a de opioides, já que não causa efeitos colaterais graves, como overdoses ou problemas hepáticos. Para tratar a fibromialgia, portanto, não seria diferente.
O que é a fibromialgia?
A fibromialgia é uma síndrome reumatológica sem cura que se manifesta, principalmente, com dor pelo corpo inteiro. Como é difícil de entender o local onde as dores se dão, como nas articulações ou nos músculos, ainda não se sabe a causa exata da doença e os tratamentos tornam-se muito mais limitados. Assim, pela lenta e difícil melhora, os pacientes acabam desenvolvendo novos sintomas e condições médicas, como fadiga, insônia, alterações intestinais e até depressão e ansiedade por conta da dificuldade em manter uma vida normal.
Mais frequente em mulheres e em pessoas de idades entre 30 e 55 anos, a fibromialgia acomete por volta de 2% da população mundial. No entanto, mesmo que não seja uma condição tão comum, ela afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes e, mesmo com a terapia indicada, a dor é frequente, forte e inesperada.
Histórico da fibromialgia
O termo “fibromialgia” foi introduzido por Hench em 1976, mas há relatos compatíveis datando de 1927. Apesar da longa presença na história, a síndrome tem sido objeto de estudo e pesquisa apenas recentemente, e ainda há muito a ser descoberto sobre sua origem. O diagnóstico é principalmente clínico, pois não apresenta alterações em exames laboratoriais e radiológicos. Portanto, os critérios estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR), são utilizados para confirmar o diagnóstico quando o indivíduo apresenta dor generalizada crônica (por mais de três meses) e sensibilidade alterada em onze dos dezoito pontos sensíveis (pontos dolorosos). Recentemente, estão sendo explorados outros métodos de detecção para se tornarem clinicamente aplicáveis.
As principais características
A fibromialgia é um diagnóstico complexo, mas alguns fatores caracterizam a condição, como por exemplo:
- Dor Generalizada: A dor associada à fibromialgia é frequentemente descrita como uma dor constante e maçante que persiste por pelo menos três meses. Geralmente afeta ambos os lados do corpo e pode ser sentida em várias áreas, incluindo pescoço, ombros, costas e quadris.
- Fadiga: Indivíduos com fibromialgia frequentemente experimentam fadiga persistente e distúrbios do sono, incluindo dificuldade para dormir ou manter o sono.
- Pontos Sensíveis: Médicos podem diagnosticar fibromialgia identificando pontos sensíveis específicos no corpo. Esses pontos sensíveis são áreas localizadas de sensibilidade aumentada, e sua presença ajuda a distinguir a fibromialgia de outras condições.
- Dificuldades Cognitivas: Algumas pessoas com fibromialgia experimentam dificuldades cognitivas, frequentemente referidas como “névoa fibro”. Isso pode incluir problemas de memória, concentração e clareza mental.
- Outros Sintomas: A fibromialgia frequentemente está associada a outros sintomas, como dores de cabeça, síndrome do intestino irritável e sensibilidade aumentada a estímulos como luz, ruído ou temperatura.
As possíveis causas da fibromialgia
As causas exatas da fibromialgia ainda não são totalmente compreendidas, e é provável que a condição resulte de uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Alguns dos principais fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da fibromialgia incluem:
- Fatores Genéticos: Assim como em diversas condições de saúde, pode haver uma predisposição genética para a manifestação da fibromialgia
- Infecções e Doenças: Algumas infecções e doenças podem desencadear ou agravar os sintomas da fibromialgia. Infecções virais e bacterianas, como o vírus Epstein-Barr, têm sido associadas a casos de fibromialgia.
- Desequilíbrios Químicos no Cérebro: Alterações nos neurotransmissores, substâncias químicas cerebrais que regulam a dor e o humor, podem estar envolvidas na fibromialgia. A diminuição dos níveis de serotonina, por exemplo, está associada à amplificação da dor.
- Distúrbios do Sono: Problemas crônicos de sono, como a síndrome das pernas inquietas ou a apneia do sono, podem contribuir para o desenvolvimento da fibromialgia ou agravar os sintomas existentes.
- Fatores Hormonais: Certas alterações hormonais, como aquelas que ocorrem durante a menopausa, podem estar relacionadas à fibromialgia. A condição é mais comum em mulheres em idade reprodutiva.
Benefícios da cannabis para dores crônicas
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A cannabis contém fitocanabinoides, como os populares CBD e THC, que oferecem benefícios terapêuticos importantes. Entre muitas de suas qualidades, eles são analgésicos e anti-inflamatórios, além de ajudar na insônia e aliviar ansiedade e depressão. Mesmo que sejam medicamentos naturais, com efeitos colaterais mais leves, o acompanhamento médico para se tratar com esses produtos é essencial, pois cada organismo reage de uma forma às propriedades da maconha. O THC, por exemplo, pode incitar ansiedade em alguns pacientes, enquanto para outros, proporciona relaxamento.
No caso da fibromialgia e das dores crônicas, ambos mostraram eficácia. O CBD, mesmo que mais conhecido, não perde para as vantagens do THC em relação a essas condições médicas. Um ensaio clínico duplo-cego realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, publicado na revista científica “Pain Medicine” da Universidade de Oxford, no Reino Unido, investigou a eficácia de um óleo derivado de cannabis rico em THC (10%). Os resultados foram promissores: o medicamento proporcionou melhora relevante em “sentir-se bem”, “dor”, “trabalhar” e “fadiga”, aspectos delimitados por um instrumento de avaliação dos sintomas observados na fibromialgia chamado Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ).
Ainda, a mesma pesquisa apontou que, durante oito semanas de tratamento, o grupo que usou óleo à base de cannabis teve a gravidade da fibromialgia reduzida de 75 para 30 (em uma escala de 0 a 100), enquanto o grupo que recebeu placebo viu uma queda de 70 para 61. Pode-se dizer, portanto, que o THC, ao contrário do que muitos dizem, é medicinal e que a planta tem capacidade de melhorar a qualidade de vida e dores dos pacientes.
Como a cannabis pode ajudar no tratamento?
A cannabis, que inclui substâncias químicas como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), tem sido alvo de diversos estudos para investigar o potencial da cannabis no tratamento da fibromialgia. Estudos recentes constatam o efeito benéfico da cannabis em dores crônicas associadas a diversas patologias, incluindo a fibromialgia. Os principais benefícios envolvem os seguintes aspectos:
Alívio da dor:
Tanto o CBD, propriedade não psicoativa, quanto o THC, um dos principais componentes psicoativos da cannabis, tem propriedades analgésicas que podem ajudar a aliviar a dor associada à fibromialgia. Ele interage com receptores no sistema nervoso central para modular a percepção da dor.
Propriedades anti-inflamatórias:
Os fitocanabinoides possuem propriedades anti-inflamatórias, que ajudam no combate da dor. Essas substâncias interagem com o nosso sistema endocanabinoide, que exerce funções importantes na regulação de vários processos fisiológicos, incluindo a resposta imunológica e a inflamação.
Melhora do sono:
Dormir bem é um aspecto essencial para o nosso bem-estar. É comum que pacientes com fibromialgia frequentemente sofram de distúrbios do sono. Alguns estudos indicam que a cannabis pode ajudar a melhorar a qualidade do sono, o que poderia beneficiar esses pacientes e consequentemente melhorar sua qualidade de vida.
Relaxamento muscular:
A cannabis pode ter efeitos relaxantes musculares, o que pode ser útil para pacientes com fibromialgia, que dependendo do caso, podem vivenciar rigidez, tensões e espasmos musculares.
Redução da ansiedade e depressão:
Estudos constatam que as propriedades terapêuticas da cannabis são eficazes na regulação das nossas emoções. Cientistas destacam que a cannabis pode ter efeitos positivos na redução da ansiedade e no tratamento depressão, que são comorbidades comuns em pessoas com fibromialgia.
Modulação do sistema endocanabinoide:
O nosso corpo é composto por um conjunto de estruturas chamadas de sistema endocanabinoide, que nada mais é que um conjunto de receptores e enzimas que interagem diretamente com os canabinoides da planta. Esse sistema regula funções como dor, sono e resposta imune. O uso dos derivados da cannabis pode modular esse sistema, potencialmente restaurar a homeostase e promover bem-estar e equilíbrio ao nosso organismo.
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Cannabis e outras dores
Como dito anteriormente, não é apenas a fibromialgia que a cannabis pode tratar. São diversas dores, sejam elas consequências de outras condições médicas ou não. A dor de cabeça, por exemplo, é comumente tratada à base da planta, bem como as cólicas menstruais – existem lubrificantes e supositórios vaginais com fitocanabinoides da cannabis que foram criados para tratar localmente os sintomas da menstruação.
Ainda, atletas profissionais, amadores e eventuais também podem se beneficiar da cannabis para aliviar as dores causadas por lesões na atividade física ou no esporte. Esses fitoterápicos podem, ao mesmo tempo, tratar outros sintomas ocasionados pelo exercício físico excessivo, algo que apenas um medicamento sintético não é capaz de fazer, pois cada um tem diferentes efeitos e objetivos. Para esses indivíduos, não são apenas os óleos que são recomendados, mas também os produtos tópicos à base da planta – existem pomadas, cremes e até bombas de banho infusionados com CBD, THC e outros fitocanabinoides. O skatista profissional Bob Burnquist, inclusive, concedeu uma entrevista para a Kaya Mind falando sobre sua relação com a cannabis e a empresa que criou para oferecer o tratamento à base da planta para outros atletas.
Apesar de haver uma regulamentação para uso medicinal da cannabis pouco ampla no Brasil, há formas de realizar tratamentos para condições médicas com derivados da planta. Veja como nesse passo a passo. Não deixe de conferir também os principais produtos à base de cannabis disponíveis para venda no Brasil.
Onde encontrar um profissional especializado em cannabis e fibromialgia?
Na Kaya Mind, nosso compromisso é fornecer a você informações detalhadas e atualizadas sobre cannabis medicinal. Compreendemos que cada pessoa é única e, por isso, personalizamos nossos serviços para atender às suas necessidades específicas.
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