Uma das principais consequências do proibicionismo é o desconhecimento que se cria em torno das substâncias psicoativas, resultando em usos inapropriados. Com a cannabis, ainda que ofereça riscos menores do que outras, não é diferente. O consumo da planta pode ser prejudicial a alguns grupos de pessoas, principalmente os jovens, e a falta de uma regulamentação não ajuda na conscientização a respeito desse assunto.
Os riscos do uso da maconha na adolescência
Diferente do que é disseminado pela mídia, a maconha não mata neurônios. O uso precoce, na verdade, pode oferecer um risco cognitivo ao cérebro por conta da combinação da planta com algumas características dos adolescentes, afinal, ocorrem importantes mudanças físicas e psicológicas na adolescência. Segundo o neurocientista Sidarta Ribeiro, nesse período ocorre uma criação intensa de neurônios e sinapses, mais do que em adultos e idosos, e, ao mesmo tempo, a cannabis promove ainda mais essa neurogênese e sinaptogênese.
O excesso de neurônios e sinapses, portanto, pode ser deletério, ou seja, prejudicial à saúde. Como os jovens têm um repertório muito cru, um grande aumento de criatividade repentino pode atrapalhar em vez de ser construtivo. Os adolescentes precisam de consistência, e por mais que a maioria dos fitocanabinoides ajude nisso, o THC, responsável pelos efeitos psicotrópicos procurados no uso adulto da cannabis e também por diversos benefícios medicinais, ajuda a desorganizar a atividade neural.
Isso não quer dizer, no entanto, que o THC é um vilão e que todas as pessoas que fizerem uso de maconha na adolescência sentirão consequências negativas em relação à sua atividade neural. Mas é fato que elas estarão expostas ao risco, ainda mais se o consumo for abusivo. “Em vários estudos, foi possível perceber a síndrome amotivacional ligada ao consumo abusivo precoce de cannabis em adolescentes”, afirmou Sidarta Ribeiro, em entrevista à Kaya Mind publicada anteriormente.
Mudanças que podem evitar o uso de maconha na adolescência
É muito importante abandonar o preconceito e disseminar informações sérias a respeito da planta para que os grupos de risco possam se proteger de forma correta e que a maconha seja utilizada em todo seu potencial, tanto como medicamento quanto para fins recreativos. Essa é uma realidade já vista em muitos países, como no Uruguai e no Canadá, e não só teve vantagens econômicas como para a saúde pública também.