Quando a gente pensa em jogadores e futebol, logo vem à cabeça um universo de treinos, gols, títulos e entrevistas politicamente corretas. Mas nem sempre é assim. Nos últimos anos, o tema maconha no esporte vem ganhando espaço — e alguns atletas têm falado abertamente sobre o uso da cannabis, seja de forma recreativa, medicinal ou como defesa à legalização. No futebol, isso ainda é um tabu, mas que aos poucos está sendo quebrado dentro e fora de campo.
Neste texto, a gente te mostra se pode ou não fumar maconha e ser jogador, quem são os craques que já se posicionaram sobre o assunto, e como até torcidas organizadas estão criando espaço para unir amor pelo time com a cultura canábica.
Os jogadores de futebol podem fumar maconha?

Tecnicamente, a maconha ainda é proibida no futebol profissional, principalmente por conta das regras da Agência Mundial Antidoping (WADA), que classifica o THC como substância proibida durante o período de competição. Ou seja, se o jogador for flagrado no exame antidoping com altos níveis de THC, pode ser suspenso — mesmo que o uso tenha sido fora do contexto esportivo.
Mas isso está mudando. Com a descriminalização da cannabis no Brasil e a flexibilização em diversos países da Europa e América do Norte, cresce a pressão para que o futebol também atualize seus regulamentos. Na Alemanha, por exemplo, após a legalização do uso adulto da maconha, dois jogadores do Bayer Leverkusen — Frimpong e Amine Adli — comemoraram um gol com gesto simbólico de “fumar um”, gerando debates e memes.
Além disso, o STF decidiu em 2024 que o porte de cannabis para uso pessoal no Brasil não configura mais crime, o que pode ter reflexos diretos no antidoping nacional.
Jogadores de futebol que falam sobre maconha
Alguns jogadores e ex-jogadores já abriram o jogo sobre o uso de cannabis — seja de forma medicinal, para tratamento de dores crônicas, ou como crítica à criminalização. Listamos nomes que se posicionaram e ajudaram a tirar o assunto do armário do vestiário.
1. Ronaldo Fenômeno
Ronaldo já falou sobre o uso de cannabis em entrevistas e até mesmo ironizou algumas reportagens que diziam que ele era visto “fumando algo suspeito”.
Embora nunca tenha declarado uso medicinal, sua postura mais leve sobre o tema reflete o comportamento de muitos ex-jogadores que entendem a cannabis como parte da vida real — principalmente para alívio de dores pós-carreira.
2. Craque Neto
O ex-jogador e apresentador Neto revelou em podcast que vem usando cannabis medicinal com orientação médica para tratar dores no joelho e ansiedade. No episódio do podcast da Rádio Hemp, ele afirmou: “Me ajudou muito, sem me deixar ‘chapado’. É outra coisa”.
Neto é um dos poucos nomes do futebol brasileiro que falou publicamente sobre o uso com responsabilidade e informação.
3. Ricky Williams
Lenda da NFL, Ricky Williams jogou futebol americano, mas seu nome também circula no mundo da bola. Ele foi suspenso diversas vezes por uso de cannabis, e hoje é um dos maiores defensores do uso medicinal no esporte.
Fundou a marca Real Wellness, com produtos voltados ao bem-estar de atletas. Em entrevista ao Sechat, disse: “Não teria jogado nem cinco anos na NFL se não fosse a cannabis”.
4. Megan Rapinoe
A estrela do futebol feminino dos EUA também é uma defensora do uso da cannabis para recuperação muscular e redução de estresse.
Megan é embaixadora de marcas que produzem CBD e já declarou que deveria haver mais acesso à cannabis no esporte de alto rendimento, especialmente para atletas mulheres.
5. Wesley Sneijder
O ex-meia da seleção holandesa e do Real Madrid Wesley Sneijder foi um dos jogadores citados em matérias internacionais como entusiasta da cannabis. Após a aposentadoria, revelou que fuma ocasionalmente para relaxar e que apoia a legalização completa, como ocorre na Holanda há décadas.
Veja também nosso conteúdo sobre maconha e performance física e como a cannabis pode ajudar no esporte sem comprometer o desempenho.
Torcidas organizadas de maconheiros
Se os jogadores ainda falam pouco, nas arquibancadas a voz é bem mais alta. Diversas torcidas organizadas canábicas têm surgido pelo Brasil, misturando o amor ao futebol com a militância antiproibicionista, a cultura do autocultivo e o respeito ao uso consciente da planta.

- TRICOLOMBRA (São Paulo FC): Mistura de “tricolor” com “colômbia”, essa torcida é uma das mais ativas nas redes, com presença em protestos, campanhas de descriminalização e ações culturais.
- FACÇÃO MACONHEIROS (Grêmio): Grupo gaúcho que se posiciona contra a repressão nas arquibancadas e luta por políticas mais justas sobre drogas, conectando o orgulho gremista com a luta canábica.
- VASCONHA (Vasco da Gama): Além da torcida, virou até loja oficial: a Vasconha Store vende bonés, camisas e acessórios canábicos com a identidade vascaína. O movimento cresceu a ponto de virar case de marketing cultural.
- CORINGONHA FIEL TORCIDA (Corinthians): Faz parte da Gaviões da Fiel, com bandeiras, camisetas e presença em manifestações da Marcha da Maconha. Reivindica o direito ao uso e ao respeito nas quebradas.
- BOTABOLDO (Botafogo): Com nome que brinca com “boldo” e “fogão”, essa torcida representa a vibe botafoguense unida ao autocultivo e ao consumo responsável.
Esses grupos são exemplo de como a cannabis está presente na cultura futebolística além das quatro linhas, criando comunidades, fortalecendo debates e mostrando que o amor pelo time e pela erva podem andar juntos.
Ainda há muito tabu quando o assunto é maconha e jogadores de futebol, mas é nítido que a conversa está mudando. Com atletas falando sobre o uso medicinal, mudanças nas leis e torcedores assumindo com orgulho sua relação com a planta, a bola está rolando em outro ritmo. Em um país onde cannabis ainda é criminalizada, mas o futebol é quase religião, unir esses dois mundos é mais do que possível — é necessário.
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FAQ
1. Jogador pode fumar maconha?
Depende das regras de cada competição. O THC ainda é proibido durante competições pela WADA, mas há discussões sobre revisão dessas regras.
2. Já teve jogador brasileiro que usou cannabis medicinal?
Sim. O Craque Neto, por exemplo, revelou que faz uso de cannabis medicinal para tratar dores e ansiedade.
3. O que acontece se um jogador for pego no antidoping com THC?
Ele pode ser suspenso, mas a punição depende do nível detectado e se estava em competição. O STF descriminalizou o porte, mas a regra do antidoping ainda vale.
4. Ronaldo Fenômeno já falou sobre maconha?
Sim, já fez comentários irônicos sobre o tema e adotou uma postura mais aberta, embora não tenha declarado uso medicinal.
5. Existem torcidas organizadas de maconheiros?
Sim! Grupos como Vasconha (Vasco), Tricolombra (São Paulo) e Coringonha (Corinthians) misturam futebol e ativismo canábico.
6. E na Europa? Algum caso famoso?
Na Alemanha, jogadores do Bayer Leverkusen fizeram uma comemoração simbólica após a legalização da maconha em 2024.