Quais setores serão afetados pela regulamentação da cannabis?

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A cannabis pode ser usada para fins recreativos, medicinais e industriais, usos que, se regulamentados, podem impactar inúmeras indústrias de forma positiva, aumentando oportunidades econômicas

Pelo fato da Cannabis sativa L. ser uma planta versátil, ela é usada para fins recreativos, medicinais e industriais, sendo que cada uma dessas vertentes abrange uma variedade imensa de mercados. Por isso, com a regulamentação da cannabis, são muitos os setores já existentes que seriam afetados e novos que poderiam surgir, o que acaba por gerar mais empregos, movimentar o mercado local e mundial, arrecadar impostos e muito mais.  

Conforme divulgado no relatório Impacto Econômico da Cannabis, produzido pela Kaya Mind, a maconha pode impulsionar um mercado de até R$ 26,1 bilhões no Brasil, caso fosse legalizada em todos os seus usos. A cannabis para uso adulto atrairia usuários do mercado ilegal e garantiria qualidade nos insumos para novos entrantes, além de impulsionar diversos setores, já que não é apenas por meio do fumo que se faz uso recreativo da planta.  

Ainda, a maconha para fins medicinais abrangeria milhares de pacientes que são acometidos por condições médicas que podem ser beneficiadas pela cannabis, incentivando o crescimento de diferentes áreas da medicina e da indústria farmacêutica.  

Por fim, o uso industrial do cânhamo atingiria uma enorme amplitude de setores, pois cada parte da planta (caule, flor e semente) pode ser transformada em inúmeras matérias-primas.  

cânhamo e indústrias

Veja abaixo algumas indústrias que podem ser afetadas pela regulamentação da cannabis: 

Alimentos e bebidas 

Os três usos da cannabis – medicinal, industrial e adulto – podem impactar esse setor, que, inclusive, virou uma tendência no mercado da planta.  

Os alimentos e as bebidas podem ser infundidos com fitocanabinoides, em especial o CBD, como as gummies, chocolates, sucos etc., e, assim, serem usados para fins medicinais. Além disso, também há cervejas, vinhos e até gins que são produzidos com THC, mas com pouco ou nenhum álcool, e são consumidos para fins recreativos; a indústria do álcool encontrou um nicho no mercado da cannabis, pois muitos jovens vêm diminuindo o consumo de bebidas alcoólicas e substituindo pelos efeitos da planta. 

Já em relação ao uso industrial, a semente do cânhamo é um insumo que pode ser usado para produzir “carnes”, “leites” e óleos vegetais, além de ser consumida in natura. Ela tem propriedades nutricionais importantes, sendo considerada uma superfood, e pode competir com uma variedade de alimentos já conhecidos, como frango, leite, whey protein, ervilha e mais.  

Beleza e bem-estar 

Os fitocanabinoides da cannabis, como o CBD, bem como as propriedades da semente de cânhamo podem trazer benefícios significativos para a pele e o bem-estar no geral. Em mercados legais, a planta tem sido procurada como um ingrediente para cosméticos e maquiagens, pois é anti-inflamatória, diminui os sinais de envelhecimento,  acalma peles sensíveis, reduz a acne, hidrata a cútis e pode tratar condições da pele como a psoríase.  

A tendência é tanta que, no Brasil, diante de falta de regulamentação, a indústria da beleza começou a criar produtos com um princípio ativo natural que tem propriedades semelhantes ao do CBD, chamado de CBA. Entenda aqui o que é esse composto e como ele age no corpo.  

Mercado financeiro, criptomoedas e outras moedas digitais 

Com a regulamentação da cannabis em alguns países, empresas de grande porte voltadas à planta surgiram e muitas foram incluídas na bolsa de valores, possibilitando os investimentos nessa indústria. Os ativos do setor de cannabis não se limitaram ao mercado financeiro; o de criptomoedas também foi afetado.  

Existem investimentos digitais da cannabis que servem como incentivo para o desenvolvimento do mercado da planta, mesmo em regiões onde não existe regulamentação. Há criptomoedas e NFTs com foco na maconha e sua indústria que são comercializados e vistos com muito interesse pelo público entusiasta. 

Esportes  

O mercado fitness e de suplementos alimentares vem crescendo nos últimos anos no Brasil e no mundo. Há uma variedade enorme de produtos voltados para atletas profissionais, amadores e eventuais, e a cannabis poderia ajudar a desenvolver ainda mais esse setor.  

Por seus benefícios medicinais, os fitocanabinoides da planta podem oferecer mais saúde e bem-estar aos praticantes de esportes, já que auxiliam no tratamento de diversas consequências das atividades físicas. O CBD, inclusive, tem sido visto como um suplemento alimentar em países onde há regulamentação por conta de suas propriedades terapêuticas. Ainda, a semente de cânhamo, por ser uma importante fonte de proteína, pode servir de base para a alimentação desses atletas, já que eles necessitam desse nutriente para manter um bom desempenho.  

Entenda no relatório “Cannabis e Esportes” como que a regulamentação da maconha poderia desenvolver o mercado de esportes e melhorar a vida de atletas de diferentes níveis. 

Tecidos e moda 

As fibras que são provenientes do caule do cânhamo têm inúmeras funções, mas uma das mais conhecidas é a de servir de base para tecidos e, portanto, vestimentas. Suas vantagens em relação às matérias-primas comumente usadas são várias, como o fato de serem mais sustentáveis, terem mais durabilidade, serem mais resistentes e serem antialérgicos pela menor quantidade de produtos químicos aplicados.  

Hoje, grandes marcas já utilizam a fibra do cânhamo como insumo para a produção de suas roupas, como Levi’s, Patagonia, Osklen, Reserva e mais. No Brasil, o cultivo de cânhamo ainda não é regulamentado, mas a importação de tecidos derivados da planta é possível, apesar do limbo legislativo existente. Caso houvesse uma legalização, mais marcas poderiam se beneficiar desse insumo tão poderoso.  

Apesar das diversas utilidades já conhecidas para a cannabis, é importante lembrar que o período de proibicionismo impediu a pesquisa e descoberta de mais de suas funções. Um dos exemplos é o fato de que o THC e o CBD são os fitocanabinoides mais explorados, sendo que ela contém mais de 100 diferentes, ainda boa parte desconhecidos pela comunidade científica. Os terpenos também são propriedades da cannabis pouco estudadas, mas que têm um potencial relevante para diferentes mercados.  

Referências 

https://www.forbes.com/sites/elvaramirez/2021/04/28/is-cannabis-beer-the-next-big-trend-in-the-us/?sh=36fd671e2cda

https://www.marketwatch.com/story/millennials-appear-to-like-cannabis-more-than-booze-2018-09-26

https://www.outsideonline.com/culture/food/cannabis-beer/

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