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Fibras de cânhamo: o que são, onde podem ser usadas e tamanho de mercado

Foto de Bianca Lemes

Bianca Lemes

Tempo de leitura: 7 min

Publicado em

  • junho 13, 2025
Do cânhamo, pode-se extrair a fibra do cânhamo, que tem utilidades relevantes para uma variedade de indústrias e pode transformar a economia e agricultura de muitos países

O cânhamo, subespécie da Cannabis sativa L., tem sua estrutura formada por insumos que podem ser aproveitados industrialmente, sendo um deles a fibra. As fibras do cânhamo têm inúmeras utilidades, como a produção de tecidos, cordas, papel, materiais de construção e outros, o que pode afetar positivamente setores das mais diversas áreas. 

As fibras de cânhamo são insumos utilizados pela humanidade há milênios. Há registros de seu uso que datam de, pelo menos, 9.000 a.C., e, desde então, se tornou um material presente em muitos momentos históricos – na chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, por exemplo, a planta constituía as cordas e caravelas dos navios.  

Hoje, o cânhamo é menos explorado por conta do proibicionismo que envolve a Cannabis sativa L., mas esse estigma vem sendo dissolvido a partir de estudos científicos e novas regulamentações que reconhecem as vantagens de suas subespécies. 

O que são as fibras de cânhamo?

fibras-do-canhamo

As fibras de cânhamo são extraídas dos caules da planta, que tem uma estrutura rígida, alta e resistente. O caule é constituído por 15 a 20% de fibra, 40 a 45% de fibra interna limpa, 20 a 25% de fibra intermediária, e 15 a 20% da poeira e fibra fina. Cada um desses insumos tem uma finalidade específica e elas são separadas a partir de um processo que se chama decorticação, etapa do processo de beneficiamento. 

Para extrair as fibras, o cânhamo pode ser cultivado em ambientes outdoor e deve alcançar uma altura de 3 a 5 metros. Ainda, deve ter um plantio denso para evitar a produção de ramos e flores, sendo este de, aproximadamente, 375 a 540 plantas por m².  

O ciclo de cultivo do cânhamo para a extração de fibras gira em torno de 70 a 120 dias e passa por um processo de beneficiamento específico após a colheita, que é feita por meio de um maquinário semelhante ao do feno. 

Quais são as utilidades das fibras do cânhamo?

Como dito anteriormente, cada tipo de fibra extraída do caule tem uma funcionalidade: 

  • Fibras internas: podem ser usadas para produzir painéis, adubo, argamassa, enchimento de papel, roupa de cama, absorventes, matérias-primas químicas (plásticos, tinta, selante). 
  • Fibras primárias: geram tecidos, materiais de isolamento, tapeçaria e painéis. 
  • Fibras intermediárias: são usadas como base para cordas, polpas, aditivos de reciclagem. 
  • Estopas: utilizadas para ensacamento de cordas e painéis. 
Usos do cânhamo para o setor industrial

Os tecidos, por exemplo, são os insumos mais conhecidos feitos a partir da fibra do cânhamo. Pelo fato do cultivo da planta ter menos impacto ambiental do que o do algodão, essa matéria-prima se torna mais sustentável. Além disso, também apresenta vantagens como maciez, resistência e o fato de ser antialergênica. 

No Brasil, durante a época da Coroa Portuguesa, o cânhamo chegou a ser cultivado com o objetivo de desenvolver a indústria têxtil do país. Hoje, o plantio da planta é proibido, mas a importação de tecidos — apesar de estar em um limbo legislativo — é possível e já foi colocada em prática por diversas empresas de moda brasileiras. 

Outra forma de uso das fibras de cânhamo é o hempcrete – em português, concreto de cânhamo – que pode ser integrado a construções civis, embora não sirva como material estrutural. Entre suas vantagens estão: 

  • Sustentável e fácil de fabricar 
  • Econômico 
  • Resistente a fungos e pragas 
  • Impermeável e à prova de fogo 
  • Seguro em caso de terremotos 
  • Boa regulamentação térmica e controle de umidade 

Esses usos vêm se popularizando cada vez mais com as novas regulamentações em países que já investem no mercado do cânhamo, como Estados Unidos, Paraguai, Canadá, França, Letônia, Alemanha e outros. Entre os benefícios ambientais, destaca-se o fato de que o cânhamo pode ser utilizado por uma variedade de indústrias — só a fibra pode movimentar até 7 setores diferentes —, gerando um ganho econômico importante e impulsionando uma mudança agrícola necessária. 

Características das fibras de cânhamo 

canhamo-nas-caravelas

Sua principal característica é a rigidez natural, que permite desde a fabricação de tecidos até aplicações na construção civil. 

Elas apresentam: 

  • Alta resistência à tração: ideal para tecidos, cordas e materiais de uso intensivo; 
  • Leveza e flexibilidade: facilitando seu uso em composições têxteis variadas; 
  • Propriedades antimicrobianas e antialérgicas: tornando-se uma opção saudável para peles sensíveis; 
  • Capacidade de absorver umidade sem reter odores, o que favorece o conforto térmico; 
  • Degradabilidade natural: ao contrário de fibras sintéticas, o cânhamo se decompõe com facilidade no meio ambiente. 

Essa combinação de resistência, conforto e impacto ambiental reduzido é o que tem colocado as fibras de cânhamo no centro das discussões sobre o futuro dos materiais sustentáveis. 

Como é o processo de produção? 

A produção segue etapas específicas que garantem a qualidade e eficiência do material, mantendo suas propriedades naturais. O processo começa logo após a colheita dos caules da planta, preferencialmente em momentos em que a fibra atinge sua maturidade máxima. 

As principais etapas incluem: 

  1. Retting (maceração): é o processo de separação das fibras do caule, que pode ser feito com água, vapor ou métodos biológicos que favorecem a decomposição das substâncias ligantes da planta. 
  2. Secagem: após a maceração, os caules são secos ao sol ou em ambientes controlados. 
  3. Quebra (breaking): os caules secos são triturados para soltar as fibras da parte interna lenhosa (chamada de hurd). 
  4. Espadelamento (scutching): etapa que remove resíduos e partículas soltas, deixando as fibras mais limpas. 
  5. Cardagem e alinhamento: as fibras são penteadas e organizadas para uso na indústria têxtil ou transformadas para outras aplicações industriais. 

Esse processo pode ser ajustado conforme a finalidade do cânhamo — fibras mais finas e longas para tecidos, mais curtas e espessas para compostos de construção, enchimento ou papel. 

As fibras de cânhamo na indústria da moda 

A indústria da moda é uma das principais causadoras dos impactos ambientais que testemunhamos hoje. Ela é responsável por 8% das emissões de CO₂ na atmosfera. Para entender melhor esse impacto: 

  • A produção de poliéster emite 32 das 57 milhões de toneladas globais de CO₂ por ano. 
  • Essa fibra, feita à base de plástico, leva 200 anos para se decompor, contribuindo fortemente com a poluição dos oceanos — cerca de 8 milhões de toneladas de plástico são descartadas anualmente nesses ecossistemas. 
  • A viscose, outra matéria-prima comum na confecção de roupas, é extraída de árvores nativas ameaçadas de extinção e exige o uso de produtos químicos agressivos durante sua produção. 

Além dos danos ao meio ambiente, os tecidos sintéticos amplamente usados nesse setor também podem causar problemas dermatológicos. Nesse contexto, o cânhamo surge como uma alternativa que pode transformar o cenário, reduzindo impactos tanto ambientais quanto sobre a saúde humana. 

Diferente de outras matérias-primas utilizadas na moda: 

  • O cânhamo tem produção carbono negativa, absorvendo mais CO₂ do que emite em todas as etapas da cadeia produtiva (cultivo, colheita, processamento e transporte). 
  • Requer menos água do que o algodão. 
  • É resistente a diferentes climas e solos, e não necessita de herbicidas, pesticidas ou fungicidas, tornando-se mais seguro para a pele e para o planeta. 

Além dos aspectos sustentáveis, a fibra do cânhamo oferece um tecido de alta performance: 

  • É bonito, versátil e brilhante. 
  • Possui resistência superior, regulação térmica, toque macio e proteção contra raios UV. 
  • Se assemelha ao linho e pode substituir o couro em diversas aplicações. 

O cânhamo já vem sendo utilizado por marcas visionárias no Brasil e no mundo. Conversamos com Poli Rodrigues, fundadora e CEO da FloYou, a primeira marca brasileira de calcinhas absorventes com tecido de cânhamo.  

Nos países em que o cultivo é legalizado, o uso do cânhamo na moda está em expansão. Marcas globais como Adidas e Levi’s já incluíram peças com esse tecido em suas coleções. No Brasil, mesmo sem regulamentação do cultivo, a importação do tecido pronto é permitida, e algumas empresas já estão inovando: 

  • A atriz Marina Ruy Barbosa, por exemplo, lançou em 2020 uma coleção com 24 peças de cânhamo pela sua marca Ginger. 
  • As grifes Reserva e Osklen também incluíram produtos com essa fibra em seus catálogos. 

Se mais empresas seguirem esse caminho, o setor da moda pode dar um grande passo em direção à sustentabilidade. 

As fibras de cânhamo nas velas para embarcações 

Que o uso do cânhamo é milenar, já se sabe – esse texto fala detalhadamente sobre esse assunto. Mas, a respeito da relação desse material com a humanidade, é importante entender a sua produção destinada à confecção de velas para as embarcações. 

A fibra de cânhamo não é só utilizada para objetos e funcionalidades da modernidade, como aqueles citados anteriormente. Na verdade, um de seus primeiros usos foi na antiguidade, entre gregos e romanos, que usavam velas e cordas provenientes da planta em seus navios.  

Já a partir do século XV, essa técnica também foi incorporada em regiões da França, em Portugal e no continente africano – essas populações cultivavam o cânhamo para fabricar cordas, cabos, velas e materiais de vedação dos barcos. A fibra da planta, como matéria-prima, proporcionava rigidez, elasticidade e uma maior velocidade às caravelas. 

O plantio de cânhamo no território português foi extenso, recebendo, inclusive, um decreto de D. João V incentivando a sua produção. Assim, Cristóvão Colombo navegou pelos mares e fez parte das Grandes Navegações portuguesas – expedições marítimas que visavam explorar o Oceano Atlântico. De acordo com o autor e ativista de cânhamo, Rowan Robinson, havia 80 toneladas de cânhamo, em forma de vários materiais, nos barcos do descobridor da América. Ainda durante a expansão marítima, as velas feitas à base de cânhamo também estiveram nos navios de Pedro Álvares Cabral e o auxiliaram a desembarcar no Brasil. 

Entenda mais sobre as vantagens do cânhamo e como esse cultivo poderia impactar o Brasil e suas indústrias no relatório gratuito, “Cânhamo no Brasil”. 

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