Você sabia que a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, atrás somente da petrolífera? De acordo com a Global Fashion Agenda, organização sem fins lucrativos que visa tornar a indústria da moda mais sustentável, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartados, sendo que a decomposição de roupas feitas de fibras sintéticas pode levar centenas de anos e seus componentes químicos podem contaminar o solo e a água. Ainda, a cadeia de produção destes materiais também é uma grande emissora de gases de efeito estufa, que, acumulados, são conhecidos por resultarem no aquecimento global.
Por isso, é urgente a necessidade por uma indústria da moda mais sustentável, nas quais cabem o uso de tecidos sustentáveis, naturais e orgânicos. O bom é que muitos consumidores já se ligaram dessa importância, o que fez com que esses materiais, inclusive, começassem a se tornar uma tendência internacional e nacional. Hoje, as marcas que carregam a bandeira da sustentabilidade, por mais que encontrem uma série de dificuldades ao longo do caminho, têm autoridade enorme na indústria e devem se desenvolver cada vez mais.
Ainda assim, muitas pessoas ainda não entendem a diferença entre os tecidos sustentáveis e os sintéticos, tanto no sentido de sua origem e cadeia de produção quanto no de seu impacto no mundo. Vamos descobrir?
O que é um material sustentável?
Um material sustentável é aquele que, durante toda sua cadeia de produção, gera menos impacto ao meio ambiente, com base na ética, na consciência ecológica e no respeito aos recursos naturais.
Além de gerarem um impacto ambiental positivo, esses materiais não deixam a desejar em termos de qualidade, resistência, conforto, utilidade e mais. Inclusive, muitos desses tecidos têm melhor desempenho do que outros não-sustentáveis.
Quais são os tecidos sustentáveis e os não-sustentáveis?
Os tecidos sustentáveis podem ser feitos por meio de matérias-primas orgânicas, naturais, recicladas e/ou biodegradáveis. Veja alguns exemplos:
Cânhamo
Variação da Cannabis sativa L., mas sem quantidades significativas de THC, ou seja, sem propriedades psicotrópicas, o cânhamo é muito utilizado de forma industrial. Isso porque sua estrutura permite a criação de diversas matérias-primas, como seu caule, de onde são extraídas fibras que geram tecidos.
Os tecidos de cânhamo vêm sendo aproveitados em diferentes países ao redor do mundo, como na Europa, onde o cultivo da planta é legalizado – no Brasil, isso ainda não é possível, mas o potencial seria enorme. É um material extremamente sustentável, pois o plantio do cânhamo não necessita de muitos recursos naturais e nem de agrotóxicos, bem como a extração de suas fibras e a transformação em tecido são ecológicas. O cultivo de cânhamo, inclusive, é capaz de sequestrar carbono, contanto que esse plantio tem sido uma das estratégias de países para se tornarem carbono neutro, como é o caso do Paraguai.
Linho
Esse material tem sido utilizado há séculos e talvez seja um dos mais populares dentre os sustentáveis. O linho é uma planta herbácea que pode ser cultivada sem fertilizantes e em locais onde outras culturas não vingam, além de poder ser aproveitada por inteiro, assim como o cânhamo, sem gerar desperdícios. Ele também é biodegradável.
Algodão orgânico
A cultura do algodão é uma das mais prejudiciais ao meio ambiente, pois utiliza muitos agrotóxicos e pesticidas, além de consumir uma quantidade significativa de água em sua cadeia de produção. Por isso, o cultivo e fabricação do algodão orgânico é muito mais sustentável já que reduz o consumo de água, afeta menos o solo, diminui a emissão de gases efeito estufa e mais.
Bambu
Esse tecido absorvente e confortável é proveniente da fibra do bambu, planta de cultura regenerativa e de rápido crescimento. Ainda que seja natural, alguns dos processos podem incluir o uso de produtos químicos, por isso, é muito importante questionar a marca que utiliza esse material antes de comprar o produto.
Já os tecidos não-sustentáveis são, normalmente, os sintéticos. Se você olhar a etiqueta de uma roupa e encontrar os nomes listados abaixo, significa que eles não são positivos para o meio ambiente:
- Nylon;
- Poliéster;
- Lycra;
- Viscose;
- Cetim;
- Acetato;
- Acrílico;
- Elastano; e mais.
O consumo em lojas que se preocupam como meio ambiente e consideram a importância da sustentabilidade dos tecidos é essencial para os próximos anos que virão. É claro que nem todas as marcas que têm essa vertente são acessíveis para a maioria da população, principalmente em comparação às marcas fast-fashion que tanto impactam o mundo negativamente, mas, à medida que a sustentabilidade cresce como uma tendência, os produtos ecofriendly podem se tornar mais democráticos. Sua escolha pode mudar o mundo!