Se você leu o relatório “Cannabis na Imprensa“, lançado em março de 2021 pela Kaya Mind, pode notar que a área de negócios em torno da indústria da maconha vem ocupando um espaço inimaginável. Antes ilegal e mal vista na maioria dos países, a maconha hoje é percebida como uma oportunidade não só de auxiliar no tratamento de diversas condições médicas e diminuir o impacto da guerra às drogas, como de investir em cannabis no mercado financeiro.
Nos últimos anos, nações chave regulamentaram a planta, impulsionando o setor e aumentando a expectativa da implementação de uma nova política de drogas mais responsável. Uruguai, Canadá, México e diversas regiões dos Estados Unidos foram algumas que tiveram um papel importante na conscientização e desmistificação sobre a maconha, o que chamou a atenção de empresas e empreendedores.
Em 2020, com a eleição do novo presidente estadunidense Joe Biden, houve uma maior movimentação ainda entre possíveis investidores do meio. Afinal, tanto Biden como sua vice-presidente Kamala Harris apresentaram opiniões favoráveis à maconha, sendo uma delas a intenção de retirá-la da classificação de drogas da “seção 1”, onde estão listadas substâncias mais pesadas como a heroína.
Mas as notícias sobre políticas públicas e leis não são as únicas a aquecer o mercado. Evidências científicas, como a divulgação de novos estudos que comprovam a eficácia da cannabis para doenças, e a opinião do público também são fatores importantes.
Como investir em cannabis: Ações, fundos de investimentos e fusões
Com uma maior aceitação e reconhecimento dos potenciais da planta, empresas que atuam na indústria da maconha foram incluídas em bolsas de valores respeitáveis como a Bolsa de Nova York e a Nasdaq. As ações desse mercado, ainda que muito volátil, têm se valorizado – isso, inclusive, aconteceu quando fóruns do Reddit, agregador social de notícias e interesses, abordaram as ações do setor.
Além disso, surgiram fundos de investimento para contemplar essa nova área. No Brasil, por exemplo, a Vitreo e a XP Investimentos foram responsáveis pela criação dos únicos três fundos para se investir em cannabis existentes no país; um deles encerrou para a captação no início de abril de 2021, mas deve voltar a abrir em maio.
Esse crescimento do mercado da cannabis também impactou as empresas que atuam no setor. Duas grandes companhias, Aphria e Tilray, se fundiram e criaram a maior produtora de maconha do mundo, o que fez ambas subirem consideravelmente de valor (243% e 400%, respectivamente). Também, a Cronos Group, outra da indústria da planta, teve 45% de suas ações compradas pela Altria, segunda maior empresa de tabaco do mundo.
Outra aliança aconteceu com uma biotech de pesquisa e desenvolvimento de cannabis, a Entourage Phytolab, fundada em São Paulo em 2015. No início de 2021, a corporação fechou uma parceria com a multinacional colombiana Clever Leaves Holdings Inc, fabricante de produtos farmacêuticos derivados da maconha, o que gerou uma previsão de investimentos de mais de R$ 60 milhões para a importação de um medicamento. Essa decisão, entre outras acordadas em contrato, procura transformar o Brasil em um dos maiores e mais competitivos mercados para se investir em cannabis do mundo.
Todos esses movimentos, além dos demais que têm se passado em diversas empresas da indústria, validam e expandem mais ainda a evolução desse setor. Com o aumento de pessoas interessadas nos benefícios que a planta pode proporcionar e os governos dando passos em direção à uma possível legalização, a tendência é que o mercado se desenvolva ainda mais ao longo dos próximos anos.