Na jornada da vida, alguns enfrentam desafios de saúde insuperáveis, onde o foco se desloca para melhorar a qualidade de vida: os cuidados paliativos. Neste contexto, a cannabis medicinal emerge como um aliado potencial, oferecendo alívio para sintomas dolorosos e debilitantes. Este artigo explorará como a cannabis está se integrando aos cuidados paliativos, proporcionando conforto e dignidade aos pacientes em momentos críticos. Vamos discutir sua aplicação, evidências científicas, aspectos legais e histórias reais, abrindo novos caminhos para o alívio e o bem-estar.
Entendendo os cuidados paliativos
Os cuidados paliativos são uma abordagem holística voltada para pacientes enfrentando doenças graves, focando no alívio da dor e outros sintomas angustiantes, tanto físicos quanto psicológicos. Essa prática médica procura melhorar a qualidade de vida não só dos pacientes, mas também de suas famílias, através do suporte emocional, espiritual e psicossocial. Os objetivos incluem a identificação precoce e a avaliação impecável e tratamento de dor e outros problemas, sejam eles físicos, emocionais ou espirituais, guiando o paciente e sua família através do complexo cenário médico, com um forte foco na comunicação e na tomada de decisões compartilhadas.
Quais pacientes podem se beneficiar do uso da cannabis medicinal quando estão sob cuidados paliativos?
Em cuidados paliativos, pacientes com doenças graves como câncer, esclerose múltipla, Alzheimer e insuficiência renal podem se beneficiar do uso da cannabis medicinal. Esta pode aliviar sintomas comuns como dor crônica, náuseas, perda de apetite e distúrbios do sono. Além disso, a cannabis tem se mostrado eficaz no controle de espasticidade e sintomas neuropsiquiátricos, melhorando significativamente a qualidade de vida desses pacientes, ao proporcionar alívio sintomático e apoio ao bem-estar geral.
No próximo capítulo vamos entender em detalhes qual é o papel da cannabis em cuidados paliativos.
O papel da cannabis
O papel da cannabis em cuidados paliativos é proporcionar alívio para sintomas comuns enfrentados por pacientes com doenças graves, incluindo dor, ansiedade, náuseas e perda de apetite. A cannabis medicinal pode melhorar significativamente a qualidade de vida desses pacientes, oferecendo uma alternativa aos tratamentos convencionais que muitas vezes são acompanhados de efeitos colaterais indesejados. Esse uso deve ser cuidadosamente monitorado por profissionais de saúde para garantir a segurança e eficácia no contexto dos cuidados paliativos.
Hiporexia e ganho de peso
A cannabis medicinal pode ser benéfica para pacientes em cuidados paliativos que sofrem de hiporexia, ou perda de apetite, um problema comum que pode levar à desnutrição e enfraquecimento. Os canabinoides, como THC, demonstraram estimular o apetite, encorajando a ingestão de alimentos e ajudando no ganho de peso. Isso é particularmente importante para manter a força física e o bem-estar geral dos pacientes.
Náuseas e vômitos
A cannabis tem sido amplamente reconhecida por sua capacidade de reduzir náuseas e vômitos, sintomas frequentemente associados a tratamentos de quimioterapia em pacientes com câncer. A administração de cannabis pode ajudar a aliviar esses desconfortos, permitindo que os pacientes mantenham uma melhor qualidade de vida e continuem com sua nutrição e hidratação apropriadas.
Tratamento da dor
O alívio da dor é um dos usos mais comuns da cannabis medicinal. Seus componentes ativos podem ajudar a mitigar a dor crônica, incluindo a dor neuropática, que é difícil de tratar com medicamentos convencionais. Isso pode ser uma grande vantagem para pacientes em cuidados paliativos, melhorando significativamente sua qualidade de vida.
Manejo da espasticidade na esclerose múltipla ou lesão medular
Pacientes que sofrem de esclerose múltipla ou que tiveram lesões medulares podem experimentar espasticidade muscular severa. A cannabis medicinal tem mostrado eficácia na redução dessa espasticidade, melhorando a mobilidade e diminuindo a dor e o desconforto associados.
Controles de sintomas neuropsiquiátricos na demência
O manejo dos sintomas neuropsiquiátricos, como agitação e agressividade, em pacientes com demência pode ser desafiador. A cannabis medicinal pode oferecer uma alternativa para aliviar esses sintomas, proporcionando um efeito calmante que pode melhorar a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto dos cuidadores.
Pesquisas e evidências científicas
As evidências científicas atuais sobre o uso da cannabis medicinal em cuidados paliativos indicam uma potencial eficácia na redução da dor e melhora da qualidade de vida para pacientes com condições graves. Os estudos apontam para resultados promissores, especialmente em casos de esclerose múltipla e mieloma múltiplo, mas também destacam a necessidade de mais pesquisas para determinar dosagens e métodos de administração adequados. Os efeitos colaterais, como tontura e aumento do apetite, são considerações importantes no uso da cannabis nesse contexto.
O estudo sobre o uso da cannabis medicinal no manejo da dor em cuidados paliativos destaca a utilização dos efeitos farmacológicos da Cannabis sativa L. em contextos terapêuticos, focando especialmente no manejo da dor dentro dos cuidados paliativos. Os compostos Δ-9-tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD) são identificados como os mais ativos clinicamente, atuando principalmente através do receptor CB1 para suprimir a excitabilidade neuronal. Isso evidencia uma abordagem potencial para alívio da dor e sofrimento psicossocial em pacientes de cuidados paliativos, ainda que enfrentem barreiras legais e regulatórias, especialmente em países como o Brasil, onde há uma significativa dificuldade na legalização da cannabis para uso medicinal.
Este documento ressalta a importância dos cuidados paliativos na busca por tratamentos que aliviem o sofrimento dos pacientes, apontando para a cannabis medicinal como uma alternativa promissora para o alívio da dor, um dos principais focos nesse tipo de cuidado. A análise sugere que, apesar dos avanços e do reconhecimento dos benefícios clínicos dos canabinoides, persistem desafios significativos relacionados à regulamentação, acesso e compreensão clara das melhores práticas para o uso da cannabis em contextos paliativos.
Posicionamento ANCP: Uso de canabinoides no contexto de cuidados paliativos
A ANCP (Associação Nacional de Cuidados Paliativos) oferece diretrizes, pesquisas e recomendações sobre a implementação e gestão de cuidados paliativos no Brasil. A associação visa orientar profissionais de saúde na prestação de assistência integral e humanizada a pacientes com doenças graves ou em fase terminal, abordando temas como alívio de sintomas, comunicação eficaz e apoio emocional.
Em 2020 a associação publicou um material sobre o uso de canabinoides em cuidados paliativos, em que oferece uma visão abrangente sobre a aplicação de cannabis medicinal em contextos paliativos, discutindo aspectos como eficácia, segurança, legislação e diretrizes éticas. Destina-se a profissionais de saúde, pacientes e famílias, visando orientar sobre o uso responsável de canabinoides para aliviar sintomas em pacientes com doenças graves.
Como iniciar seu tratamento com cannabis medicinal
Pacientes em cuidados paliativos enfrentando condições como câncer, doenças neurodegenerativas e sintomas relacionados podem considerar a cannabis medicinal como uma opção para alívio de dor, náuseas, perda de apetite e problemas de sono. Para iniciar o tratamento, é essencial consultar um médico especializado que possa avaliar a situação e prescrever a cannabis de forma adequada.
A plataforma de saúde da Kaya Mind pode ser um recurso valioso nesse processo, oferecendo acesso a especialistas em cannabis medicinal, informações sobre dosagens e métodos de consumo, além de suporte contínuo para garantir o uso seguro e eficaz da cannabis em conformidade com as necessidades individuais do paciente.