A história da cannabis no Brasil sempre foi contada a partir de um olhar masculino, criminalizado e cheio de estereótipos. Mas, nos últimos anos, quem realmente sacudiu o debate sobre maconha — seja medicinal, recreativa ou industrial — foram as mulheres.
Atrizes, políticas, chefs, comunicadoras, investidoras e vozes das periferias começaram a ocupar esse espaço com coragem, trazendo conversas que antes eram invisíveis ou proibidas.
E mais do que falar sobre a planta, elas trouxeram contexto, ciência, cuidado, responsabilidade e verdade.
Neste artigo, reunimos algumas das mulheres mais influentes do universo da cannabis no Brasil — e contamos como cada uma delas ajuda a transformar o cenário.

Carolina Ferraz — a investidora que entrou no mercado antes de virar tendência
Quando Carolina Ferraz contou que investia em cannabis desde 2020, no Uruguai, muita gente ficou surpresa. Mas o timing dela não foi à toa.
Em entrevista à Breeza, ela revelou que é sócia de uma operação no Uruguai voltada para cannabis medicinal. Enquanto boa parte do Brasil ainda discutia estigma, Carolina já falava de mercado, modelos de negócio, regulação e ciência.
Mesmo tendo relatado que não curtiu sua experiência pessoal com maconha na adolescência, ela nunca transformou isso em preconceito. Pelo contrário: fez um movimento inteligente — separou uso recreativo de uso medicinal, entendendo que são coisas completamente diferentes.
Carolina representa um tipo de influência importante no setor: a mulher que traz visão empresarial, credibilidade pública e abertura de portas para discussar sobre cannabis de forma profissional.
Bruna Lombardi — o questionamento filosófico e a luta contra o absurdo da proibição
Bruna Lombardi sempre foi uma voz ativa em temas ligados a liberdade, espiritualidade e autocuidado. Então não surpreende que ela também tenha se posicionado sobre cannabis.
Em sua entrevista à Breeza, Bruna disse algo simples, mas extremamente poderoso: “Sempre achei muito esquisito proibir uma planta.”
Esse pensamento resume uma das maiores críticas à Guerra às Drogas: a criminalização de uma planta que acompanha a humanidade há milhares de anos.
Bruna fala sobre cannabis com a leveza de quem entende que o debate não é sobre “apologia”, mas sobre lógica, coerência e acesso. Ela já comentou que vivenciou o mercado dos Estados Unidos, onde o consumo é normalizado, discutido, regulado e vendido até em supermercados — e usou isso para contrastar com o Brasil, onde a informação ainda é cercada de tabu.
A influência dela atua especialmente no campo cultural: Bruna não só fala para milhões de pessoas, como fala com profundidade. E isso tem um peso enorme.
Luana Piovani — autenticidade, sem rodeios
Se tem alguém que fala sem medo, é Luana Piovani. Em entrevista, ela contou que fumar maconha faz parte da rotina dela — e que a primeira coisa que faz ao acordar é “fumar um baseado”.
Luana trouxe algo que poucas figuras públicas têm coragem de dizer: a cannabis não precisa ser escondida, demonizada ou tratada como escândalo. Ela abriu uma conversa sobre autenticidade, consumo adulto e responsabilidade, tirando a planta do discurso secreto e colocando no lugar que ela sempre deveria ter ocupado — o da honestidade.
Esse tipo de influência é extremamente importante porque normaliza o tema. Quando atrizes queridas pelo público falam abertamente sobre o assunto, elas ajudam a quebrar barreiras e aproximam o debate da vida real.
Maite Proença — espiritualidade, cura e olhar sensível para experiências
Maite Proença é uma das figuras que mais unem espiritualidade e autocuidado em suas falas — e isso também se conecta ao universo das plantas.
Em sua entrevista à Breeza, ela abordou ritualísticas que envolvem enteógenos e experiências de autoconhecimento, mostrando como as plantas ancestralmente usadas por povos originários fazem parte de jornadas interiores profundas.
Embora não fale especificamente sobre cannabis como uso recreativo, Maite abre espaço para discutir plantas de poder sem tabu, sem julgamento e com muito respeito à ancestralidade e ao contexto espiritual.
É um tipo de influência mais sutil, mas extremamente valiosa: Maite traz a dimensão da cura, e isso também ajuda a expandir o olhar sobre cannabis medicinal no Brasil.
Helena Rizzo — cannabis no bem-estar e o equilíbrio para a vida
A chef Helena Rizzo — uma das mais reconhecidas do Brasil — falou na Breeza sobre seu uso de cannabis e como isso traz equilíbrio para seu dia a dia.
Ela cita a planta como uma ferramenta que ajuda a lidar com a intensidade da vida, o estresse do trabalho e o ritmo acelerado do cotidiano. Esse tipo de relato conecta cannabis a um universo muito real: o das pessoas comuns.
Helena traz naturalidade ao tema. Ela não romantiza e não faz “auê”: simplesmente compartilha sua experiência com tranquilidade. E isso, para milhares de pessoas, já significa muito.
Maria Flor — enfrentando narrativas preconceituosas com coragem
A atriz Maria Flor já comentou publicamente que não aguenta mais ver manchetes sensacionalistas associando maconha à violência — sempre com aquele tom moralista que sabemos de onde vem.
Em sua entrevista à Breeza, ela disse:
“Você não vai ouvir ‘ele fumou um baseado e bateu na mulher’. Isso não existe.”
Com essa frase, ela desmonta um dos estereótipos mais repetidos por setores conservadores da mídia.
Maria Flor usa sua influência para questionar narrativas — algo essencial quando falamos de drogas num país onde o tema é usado politicamente para manipular, criminalizar e gerar medo.
Sua presença no debate é direta, firme e necessária.
Manuela D’Ávila — quando a cannabis medicinal vira pauta política
A ex-deputada Manuela D’Ávila deu um depoimento na Breeza que muitas pessoas não sabiam: ela usa canabidiol para tratar uma dor crônica.
Nas palavras dela: “Eu sou garota-propaganda do canabidiol para dor crônica.”
Mas o mais importante é o que isso revela:
Manuela fala de cannabis não só como figura pública, mas como paciente.
Essa perspectiva é essencial porque aproxima o tema da realidade de milhões de brasileiros que dependem de produtos à base de cannabis para aliviar sintomas, mas ainda enfrentam preços altos, processos burocráticos e preconceito.
Quando uma mulher influente assume publicamente seu uso medicinal, ela abre portas para que inúmeras outras pessoas busquem ajuda sem culpa.
Erika Hilton — a voz política mais importante do Brasil sobre legalização
Se existe uma mulher que representa o diálogo político sobre cannabis hoje, essa mulher é Erika Hilton.
Em sua entrevista à Breeza, Erika fala com uma clareza rara: a proibição da maconha tem recortes raciais, sociais e históricos. Ela explica como a política de drogas atual atinge jovens negros, como criminaliza pobreza e como alimenta violência — e defende que a legalização é caminho para uma sociedade menos punitiva, mais justa e mais inteligente.
Erika é influente porque não trata a cannabis como tema isolado, mas como tópico conectado a:
- segurança pública
- encarceramento
- saúde mental
- economia
- direitos humanos
É uma das vozes mais completas e responsáveis do debate no Brasil.
Outras mulheres que moldam o universo da cannabis no Brasil
Além das figuras midiáticas, o movimento cannabis no Brasil é impulsionado por inúmeras mulheres que atuam nos bastidores, nas clínicas, nas associações e nos negócios. Algumas que merecem destaque:
1. Pesquisadoras e médicas da cannabis medicinal
Médicas, neurologistas, psiquiatras e farmacêuticas que estudam o sistema endocanabinoide têm sido fundamentais para trazer credibilidade ao tema. São elas que escrevem artigos, participam de congressos e atendem pacientes que antes não tinham acesso a nada.
Nomes como Andrea Galassi, Margarete Akemi, Mariana Maciel, Patricia Montagner, Carolina Nocetti e tantas outras compõem esse impotante núcleo de força e ciência do país.
2. Mulheres de associações de pacientes
Muitas são mães que lutam pelo acesso de seus filhos a tratamentos. Essas mulheres abriram precedentes jurídicos que hoje permitem que milhares de pessoas possam se tratar e continuam sendo protagonistas nesse mercado, como líderes de associações de pacientes. Cidinha Carvalho, Margarete Brito, Marilene Esperança, Angela Aboin e tantas outras mães que encabeçam essa luta de frente.
3. Empresárias do cânhamo e do CBD
Empreendedoras brasileiras têm criado marcas, consultorias, produtos, eventos e negócios estruturados. Atualmente, essas mulheres lideram algumas das empresas mais poderosas do mercado da cannabis, como a Corina Silva, na USA Hemp, Thaise Alvez, da Alma Lab, Ana Julia Kiss, da Humora, Ana Gabriela Batista, da Tegra Farma e tantas outras.
4. Criadoras de conteúdo e jornalistas
Mulheres que falam sobre cannabis em plataformas digitais, quebrando mitos e ensinando redução de danos para milhões de pessoas. Inclusive, a Anita Krepp, que hoje é uma das responsáveis pela Breeza que entrevistou a maioria das mulheres que estão em nosso artigo.
Por que essas mulheres importam tanto para o futuro da cannabis no Brasil
Essas mulheres fazem muito mais do que se posicionar. Elas:
- dão rosto para um tema historicamente invisibilizado
- quebram estigmas de forma prática e acessível
- aproximam o público da cannabis medicinal
- questionam desigualdades na política de drogas
- inspiram outras mulheres a ocuparem espaços
- preparam o terreno para uma regulamentação mais moderna
Quando olhamos para o cenário cannabis brasileiro, percebemos que não existe futuro sem as mulheres.
Elas já estão fazendo, liderando, educando e puxando a conversa para frente.
O movimento cannabis no Brasil tem nome, rosto e voz feminina
O universo da cannabis no Brasil não é mais dominado pelo estigma nem por narrativas masculinas antiquadas.
Hoje, ele é moldado por artistas, ativistas, políticas, chefs, empreendedoras e comunicadoras que transformam tabu em informação, e preconceito em diálogo.
Essas mulheres não só falam — elas movimentam.


