Diferentes doenças podem acometer o nosso aparelho locomotor, ou seja, os ossos, articulações, cartilagens, músculos, tendões e ligamentos. Essas condições são denominadas doenças reumáticas e são popularmente conhecidas como “reumatismo”. Devido ao sofrimento causado por essas doenças, diversos tratamentos têm sido explorados ao longo dos anos, e os compostos da cannabis emergiram como um potencial aliado no alívio dos sintomas associados ao reumatismo.
As doenças reumatológicas mais comuns são a artrite reumatoide e a artrose. Essas doenças afetam cartilagens e articulações, provocam dor, deformação e limitação de movimentos. Além disso, as doenças reumáticas podem acometer também órgãos internos, como coração e rins e, para a maioria delas, existem fundamentos imunológicos bem definidos.
O que é a artrite reumatoide?
A artrite reumatoide (AR) consiste em uma doença inflamatória, crônica e progressiva de articulações, geralmente iniciando-se em pequenas articulações dos pés e das mãos, e em seguida acometendo, de forma aditiva, articulações maiores, podendo levar a destruição de estruturas ósseas e cartilaginosas.
Os sintomas iniciais e prevalentes para diagnóstico dessa condição incluem dor e edema das articulações, com rigidez articular pós-repouso de pelo menos uma hora. Em longo prazo, o processo inflamatório, resulta em deformidades articulares, perda de função dos membros, fadiga, mal-estar, perda de peso e depressão.
É uma doença autoimune, ou seja, desencadeada pelo próprio sistema imunológico em função de fatores genéticos e ambientais. A doença é mais comum na população adulta economicamente ativa e em indivíduos do sexo feminino. Em 1987, um consenso elaborado pela Associação Americana de Reumatismo determinou sete critérios para diagnóstico da AR, os quais incluíam rigidez matinal, artrite de três ou mais articulações, artrite das articulações das mãos, artrite simétrica, nódulos reumatoides, fator reumatoide sérico e alterações radiográficas. Entretanto, com o reconhecimento do diagnóstico precoce como fator determinante da resposta ao tratamento medicamentoso, tornou-se necessária nova abordagem diagnóstica que tivesse maior sensibilidade para o diagnóstico da doença nas fases iniciais.
E a artrose?
Conhecida também como osteoartrite, doença articular degenerativa, ou osteoartrose, é a doença reumática mais prevalente entre pessoas com mais de 65 anos. Trata-se de uma condição crônica, de causa multifatorial que envolve a deterioração do sistema articular (principalmente as cartilagens e as articulações). Esse processo resulta em artralgia, rigidez e limitação da função articular e tende a se agravar com o tempo. A artrose pode ser causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Alguns fatores de risco incluem envelhecimento, história familiar da doença, lesões articulares prévias, excesso de peso, atividades físicas excessivas ou traumáticas nas articulações e desalinhamento estrutural das articulações.
Portanto, a principal diferença entre artrite e artrose está na causa subjacente das condições. A artrite envolve a inflamação das articulações e pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo problemas autoimunes. Por outro lado, a artrose é uma condição degenerativa em que a cartilagem nas articulações se desgasta gradualmente, frequentemente devido ao envelhecimento e ao desgaste crônico. Ambas as condições podem causar dor e limitação de movimento nas articulações, mas os tratamentos e abordagens para cada uma podem ser diferentes com base em suas causas específicas. É importante consultar um médico para obter um diagnóstico correto e um plano de tratamento apropriado.
O tratamento das doenças reumáticas pode ser conduzido a partir de diversas fontes (utilização de práticas integrativas e complementares, exercícios físicos, terapia física, entre outros) e tratamento farmacológico (com o uso de medicamentos). Entretanto, devido ao sofrimento que acomete esses pacientes e a intensidade da dor causada pela doença, muitas vezes, os tratamentos convencionais não são suficientes para proporcionar o alívio desejado. Diante desse panorama, alternativas têm sido investigadas e demonstrado eficácia em quadros de reumatismo.
Cannabis e reumatismo: como a cannabis atua no combate dos sintomas de doenças reumatológicas
Apesar da complexidade do mecanismo da dor, os avanços no conhecimento da fisiopatologia da dor permitem que os tratamentos das doenças reumáticas fossem expandidos. Dentre as possibilidades, os compostos da cannabis têm se tornado uma alternativa com grande potencial terapêutico no combate do reumatismo, principalmente o CBD, um dos elementos derivados da cannabis que é mais estudado até o presente momento.
O nosso corpo possui um sistema chamado sistema endocanabinoide, que desempenha um papel fundamental na regulação de várias funções fisiológicas e processos biológicos. Esse sistema é composto por uma série de estruturas chamadas de receptores endocanabinoides que estão presentes ao longo de todo o corpo, mas predominantemente localizados no sistema nervoso central, e no sistema imunológico e em células relacionadas à inflamação. Os compostos da cannabis interagem com esses receptores e promovem o equilíbrio do organismo, em um processo denominado homeostase.
Dentre os benefícios das substâncias, os principais efeitos envolvem o controle da dor. A cannabis pode ajudar a aliviar a dor associada ao reumatismo, pois os canabinoides têm propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, que contribuem diretamente para o alívio dessa condição.
Além disso, alguns pacientes relatam que a cannabis ajuda a melhorar a qualidade do sono, o que pode ser particularmente útil para pessoas com reumatismo, já que a dor e o desconforto muitas vezes interferem no descanso dos pacientes.
A terapia com CBD, tem mostrado segura e bem tolerada, mesmo quando o composto é administrado em altas doses. Além disso, não existem indícios de dependência associado ao seu uso terapêutico.
Como evitar o reumatismo:
Conforme já foi falado anteriormente, as doenças reumatológicas podem ter causas multifatoriais, ou seja, mais de um motivo explica a doença.
O primeiro fator que devemos levar em consideração, é não naturalizar incômodos e dores. Sentir dor não deve ser parte da nossa rotina, por isso, o desconforto frequente pode ser um indício da necessidade de consultar um profissional da saúde. No caso do reumatismo, o diagnóstico precoce é essencial para o bom prognóstico da doença.
Embora o desenvolvimento de doenças reumáticas possa ser influenciado por fatores genéticos e idade, existem medidas que você pode tomar para ajudar a reduzir o risco de desenvolver reumatismo e manter um aparelho locomotor saudável. Por isso, os cuidados básicos são fundamentais para minimizar os riscos dessas condições. Invista em uma boa alimentação, na prática de atividades físicas e um estilo de vida mais saudável. Caso você tenha histórico familiar de reumatismo, converse com seu médico sobre medidas preventivas e exames de detecção precoce.
Referências