Como o agronegócio pode ser afetado pela legalização da cannabis  

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A regulamentação da cannabis, em especial do cânhamo, poderia tornar o agronegócio ainda maior no país e, ao mesmo tempo, seria um cultivo vantajoso em muitos aspectos

Cannabis e agronegócio são assuntos intimamente relacionados. Isso porque o mercado da maconha depende do agronegócio para se desenvolver e o agronegócio pode se beneficiar significativamente com esse tipo de cultivo, se regulamentado no país. Mas como? 

De acordo com dados da Kaya Mind, o mercado de cannabis poderia movimentar por volta de R$ 26,1 bilhões, se o uso medicinal, industrial e adulto fossem regulamentados de forma ampla. Com a legalização, o agronegócio teria uma participação essencial nesse valor, já que seria realizado o cultivo da planta em território nacional para diferentes objetivos, mas, principalmente, em relação ao cânhamo.

O que o cânhamo tem a ver com agronegócio? 

O cânhamo é uma variedade da Cannabis sativa L. e é definido pelo seu baixo teor de THC, ou seja, não é usado para fins recreativos. É uma planta que pode ser cultivada para a obtenção de muitas matérias-primas e, assim, ser aproveitada por uma variedade de indústrias, como têxtil, bem-estar e beleza, automobilística, alimentícia e até medicinal. 

No quesito do cultivo, o cânhamo necessita de grandes áreas para ser cultivado, diferente da maconha para fins recreativos ou medicinais. Além disso, não necessita de tanto controle do ambiente de cultivo, pois é naturalmente resistente a pragas e se adapta a climas diversos. Não só é relativamente simples cultivar cânhamo, apesar de necessitar de uma série de novas tecnologias e know-how para saber como aproveitar suas partes, como também é sustentável: o cânhamo usa menos água para ser cultivado do que o algodão, por exemplo, e também captura carbono e regenera solos contaminados.  

Ainda, uma plantação pode dar origem a diversos materiais diferentes, já que cada parte do cânhamo é aproveitada de diferentes formas, o que é vantajoso para o agricultor, que pode atuar em uma variedade de indústrias com um único produto. Seu caule é usado para a extração de fibras, sua semente gera grãos, farinhas e óleos, e suas flores geram óleos com alto teor de CBD. Não só isso, mas a planta por inteiro pode ser aproveitada em uma tacada só para outras finalidades. São muitos os potenciais do cânhamo no Brasil. 

canhamo e agronegocio

Como está a aceitação da cannabis no meio agro 

Há um debate em torno da pauta da cannabis na política e na sociedade, pois conservadores encaram a regulamentação do cultivo como um risco à saúde pública. Assim, com esse impasse, o setor agro ainda não se movimentou em peso para pressionar a favor da legalização, como aconteceu nos Estados Unidos – em 2018, uma nova Farm Bill que regulamentava o cânhamo foi aprovada após a pressão de agricultores que sofriam com perdas lucrativas com a redução do consumo de tabaco. 

Hoje, no entanto, já é possível ver algumas mobilizações do setor agro no Brasil. Em 2019, a revista “Globo Rural”, considerada a revista do agronegócio, por exemplo, dedicou uma edição inteira para falar sobre cannabis, sendo que o tema ainda se tornou capa. No mesmo ano, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural aprovou um requerimento para discutir o PL 399, que visa a liberação do cultivo da cannabis para fins medicinais e industriais. O deputado e presidente da comissão, Fausto Pinato (PP-SP), foi autor do requerimento e enxergou a importância do setor em discutir a pauta.  

Por outro lado, Marcos Montes, atual Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, já chegou a dizer que ele e a ex-ministra Tereza Cristina eram contra o PL 399 do ponto de vista do agronegócio e que o setor não se beneficiaria da regulamentação.  

As opiniões são divididas, mas o fato é que são inegáveis os benefícios que a regulamentação da cannabis trariam ao país.  

A importância do agronegócio no Brasil 

cannabis e agronegocio

O agronegócio tem uma participação muito significativa no PIB do Brasil: em 2021, o setor chegou a representar 27,4%, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Isso porque o país é um dos maiores exportadores do mundo de diversas commodities importantes, como soja, milho e açúcar – em 2020, por exemplo, 48% das exportações brasileiras eram relacionadas a produtos do agronegócios, e só o complexo de soja rendeu US$ 35 bilhões em exportações. 

Pelo seu tamanho, o setor também acaba empregando milhões de brasileiros. Em 2015, de acordo com dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), por volta de 30,5 milhões de 94,4 milhões de trabalhadores atuavam no agronegócio.  

Com a regulamentação da cannabis, esses números seriam ainda maiores, já que o Brasil tem territórios ociosos a serem utilizados para o cultivo da planta, sem precisar de desmatamento, e, também, tem o clima e solo ideais para essa cultura. Em questão de exportação, o país também seria destaque pela quantidade e qualidade de produto que poderia desenvolver, como ocorre com outras matérias-primas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cannabis legal já é a quinta maior cultura agrícola em valor de mercado, de acordo com informações da Leafly, o que mostra o potencial da cannabis em se tornar uma commodity para o Brasil. 

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Maria Riscala

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