Nos últimos anos, o sexo tem sido relacionado não só ao prazer, mas, também, ao autocuidado. Essa mudança foi tão significativa que, hoje, o mercado erótico ganhou outro nome, se tornando “mercado do bem-estar sexual”. Assim, inúmeras marcas começaram a surgir e comercializar produtos sexuais voltados à saúde física e mental, bem como ao empoderamento feminino. Essas empresas são as famosas sextechs.
O que são “sextechs”?
As sextechs são startups que criam soluções para o setor do mercado de bem-estar sexual, utilizando tecnologia para oferecer produtos com foco na sexualidade. Um diferencial desse mercado é que essas empresas são fundadas e lideradas por mulheres, além de serem direcionadas para esse mesmo público.
O objetivo das sextechs é acolher mulheres que não tinham suas necessidades atendidas pelo mercado erótico anterior. Assim, as mudanças são claras nos produtos: há vibradores e outros brinquedos sexuais sem formato de pênis, além de terem um design mais clean, assim como suas embalagens. Os lubrificantes, camisinhas femininas, géis e outros itens também são comuns nesse mercado, afinal, são importantes para ajudar no prazer sexual feminino e na saúde da mulher, sem depender do homem.
Em relação à comunicação das marcas, a linguagem é mais acessível, as modelos são pessoas comuns e suas redes sociais são recheadas de conteúdos voltados para a educação sexual – com dicas, cursos, livros, podcast e outras formas de disseminar conhecimento sobre sexualidade.
Com está o mercado de sextechs no Brasil e no mundo?
Segundo o instituto Allied Market Research, o mercado global de bem-estar sexual tem previsão de faturamento de US$ 108 bilhões, em 2027. Já, hoje, o segmento movimenta mais de US$ 50 bilhões por ano em todo o mundo, o que mostra que as marcas e seus produtos se tornaram uma tendência.
No Brasil, o cenário não é muito diferente – o crescimento é expressivo. De acordo com a Abeme (Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico), o ano de 2020 foi significativo para o setor, pois, em meio a pandemia do novo coronavírus, a procura por produtos de sexualidade feminina aumentou no país. Um levantamento realizado pelo portal Mercado Erótico apontou que mais de um milhão de vibradores foram vendidos entre março e junho desse mesmo ano, representando 50% a mais do que no mesmo período de 2019.
Em 2020, inclusive, um dos maiores festivais de inovação e tecnologia do mundo, a São Paulo Tech Week, recebeu um evento voltado exclusivamente para o ecossistema de inovação para a sexualidade, chamado SXtech [BR] Talks, em que houve palestras de grandes nomes do universo de sextechs do Brasil e do mundo.
Exemplos de sextechs que existem no Brasil
Existem algumas sextechs em funcionamento no Brasil e que já vêm fazendo sucesso no mercado. É claro que são todas lideradas por mulheres. Confira:
Pantynova
Pioneira nesse ramo, tendo surgido em 2018, a Pantynova foi fundada por Izabela Starling e Heloisa Etelvina. Em 2020, a empresa registrou um crescimento de 554%, sendo 400% só no mês de março, início da pandemia do novo coronavírus no país. Os produtos variam entre strapons (brinquedo sexual com pênis artificial), dildos com design simples, vibradores, lubrificantes, jogos eróticos, artigos de fetiche e mais.
Feel
A empresária Marina Ratton fundou a Feel em 2020, que teve investimento inicial de R$ 100 mil. A partir de pesquisas sobre o mercado erótico, que apontaram que metade das brasileiras não tem orgasmo nas relações sexuais e que 86% das entrevistadas não estavam satisfeitas com os produtos sexuais disponíveis, ela lançou um lubrificante e hidratante à base de calêndula, aloe vera e vitamina E. O estoque era de 500 unidades e tinha como objetivo durar 2 meses, mas durou 2 semanas. Em 2021, a Feel foi selecionada pelo Grupo Boticário para ser acelerada pela empresa.
Lilit
Fundada por Marília Ponte em 2020, a Lilit é uma sextech que vende vibradores. O primeiro e único produto em que a empresária apostou foi no bullet lilit – um vibrador discreto ideal para mulheres que nunca utilizaram brinquedos sexuais. Desde o lançamento, a empresa faturou R$ 1,2 milhão, apenas com o bullet. No site da marca, no entanto, também há produtos em parceria com a Feel.
O mercado erótico deve, cada vez mais, seguir essa tendência. Caso a cannabis fosse regulamentada para uso em cosméticos e outros produtos de bem-estar, ela poderia ser incorporada no setor de sextechs e, assim, juntar duas tendências em uma, gerando mais faturamento e autocuidado para as mulheres. Afinal, a cannabis está diretamente ligada à sexualidade, já que pode ser usada em lubrificantes, por exemplo, e gerar benefícios terapêuticos importantes para a saúde íntima feminina.