Como a legalização da cannabis se conecta com as ODS da ONU
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A cannabis, se regulamentada, não só traz benefícios econômicos, como é capaz de auxiliar no desenvolvimento de políticas sustentáveis e sociais; um estudo mostrou como a planta pode ajudar a atingir 15 dos 17 ODS da ONU
A legalização da maconha pode influenciar não apenas o âmbito econômico do país, mas, também, uma série de outros fatores relacionados a sustentabilidade, direitos humanos, educação etc.. Isso foi apresentado em um relatório que associava a regulamentação da cannabis com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS ou na sigla SDG, em inglês), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O que são ODS?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são 17 metas globais definidas pela ONU, em 2015, que visam a construção e implementação de políticas públicas até 2030. Esse plano de ação aborda cinco temas importantes para o desenvolvimento humano: paz, pessoas, prosperidade, planeta e parceria.
As 17 ODS a serem alcançadas até 2030 são:
- Erradicação da pobreza;
- Fome zero e agricultura sustentável;
- Saúde de qualidade;
- Educação de qualidade
- Identidade de gênero;
- Água potável e saneamento;
- Energia acessível e limpa;
- Trabalho decente e crescimento econômico;
- Indústria, inovação e infraestrutura;
- Redução das desigualdades;
- Cidades e comunidades sustentáveis;
- Consumo e produção responsáveis;
- Ação contra a mudança global do clima;
- Vida na água;
- Vida terrestre;
- Paz, justiça e instituições eficazes;
- Parcerias e meios de implementação.
A cannabis e os objetivos da ONU
O documento “Cannabis & Sustainable Development”, de autoria dos pesquisadores Kenzi Riboulet-Zemouli, Simon Anderfurhren-Biget, Martin Días Velásquez e Michael Krawitz, mostrou que a regulamentação da Cannabis sativa L. e suas políticas relacionadas podem contribuir para 15 dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, sendo que o cânhamo, uma de suas subespécies, faz parte de 8 dessas metas.
No caso da meta de “Fome zero e agricultura sustentável”, a semente do cânhamo tem benefícios nutritivos tão relevantes que poderia ser utilizada para combater a desnutrição. Ainda, o cultivo de cânhamo poderia diversificar a agricultura, restaurar solo contaminados, complementar cultivares que são menos sustentáveis ao planeta e mais.
Já a cannabis poderia auxiliar a alcançar o objetivo de “Saúde e bem-estar”, pois contém fitocanabinoides que têm propriedades medicinais importantes e podem, assim, contribuir para o tratamento de diversas condições médicas. Também, as sementes de cânhamo podem servir como base de alimentos, já que oferecem altos níveis de nutrientes essenciais para a saúde, como a proteína e o ômega-3. Outro argumento é de que a legalização do uso adulto da cannabis pode diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e, por consequência, a mortalidade e riscos à saúde causados por essas substâncias.
Já em relação ao ODS “Redução das desigualdades”, a maconha tem um papel essencial, pois, enquanto não houver sua legalização e o fim da guerra às drogas, pessoas, em sua maioria negras e periféricas, ainda serão vítimas de políticas discriminatórias e terão seus direitos humanos violados.
Além desses três ODS, outras 12 fazem parte da lista, deixando de fora (i) Água Potável e Saneamento e (ii) Vida na água. Isso mostra que a cannabis tem envolvimento com políticas de sustentabilidade e de responsabilidade social, não se limitando à ganhos econômicos.
A cannabis poderia não só auxiliar no estabelecimento dos ODS, como, também, auxiliar nas políticas de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa, na sigla em português), segundo o relatório da New Frontier Data em parceria com a Regennabis.
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