A indústria medicinal da cannabis tem tido um crescimento mundial impressionante. E não só para humanos. Estudos apontam que os pets também podem ser beneficiados pelas propriedades medicinais e terapêuticas da planta, descoberta que vem sendo aceita por diversos países e recomendada por veterinários ao redor do mundo. Esse mercado, que já tinha um enorme potencial econômico, ganhou um novo atrativo para investidores e, claro, para os tutores dos animais de estimação.
Assim como para os humanos, os gatos, cachorros, cavalos e outros mamíferos podem ter uma qualidade de vida muito melhor com o uso de produtos derivados da maconha. Os organismos são parecidos e, portanto, esses animais também têm um sistema endocanabinoide – mecanismo que interage com os canabinoides (THC, CBD e tantos outros) presentes na cannabis.
O uso mais comum na relação entre cannabis e pets é o CBD, devido ao preconceito e falta de conhecimento sobre o uso conjunto com o THC, que proporciona o efeito entourage (mais benéfico e eficaz). O canabidiol para uso veterinário é recomendado para condições médicas similares às dos humanos; eles também podem sofrer com depressão, transtornos de humor, ansiedade, falta de apetite, além de dores crônicas, câncer, epilepsia etc. Ainda assim, é muito importante consultar um veterinário para saber o produto ideal e a dosagem correta antes de dar ao seu animal de estimação.
Como comprar CBD para pets no Brasil
No Brasil, esses medicamentos já são receitados por alguns veterinários e, inclusive, só podem ser comercializados se prescritos por um profissional. A regulamentação a respeito de cannabis e pets, no entanto, é confusa. Enquanto a Anvisa proíbe a prescrição da cannabis para fins medicinais para pets, o estatuto dos médicos veterinários autoriza que eles adotem quaisquer tratamentos que julguem eficazes. Assim, a maconha para os animais de estimação entra em um limbo legal – não é proibida e nem permitida no país. Os veterinários, então, podem receitá-la sem que sofram penalizações, mas se entregarem o medicamento diretamente ao tutor, a ação pode ser considerada tráfico de drogas.
O Projeto de Lei 369/21 visa transformar esse cenário. Proposto pelo deputado Bacelar (Pode – BA), o PL permite o uso veterinário de produtos industrializados derivados da cannabis, desde que prescritos por profissionais habilitados. Eles devem ser autorizados pela Anvisa ou, se forem importados, por autoridades do país de fabricação. Atualmente, essa proposta está em tramitação na Câmara dos Deputados.
Ainda assim, é possível encontrar esses medicamentos para animais de estimação no país. A Abracepet Esperança, do mesmo fundador da associação Abrace Esperança é um exemplo, além do Cannimal. Há, também, a opção de importação.
Mas o potencial desse mercado no Brasil, caso devidamente regulamentado, seria gigantesco. Em um cenário em que a indústria de maconha para fins medicinais movimentaria R$ 9,5 bilhões no 4o ano de regulamentação, conforme os dados do relatório “Impacto Econômico da Cannabis“, apenas para uso humano, é possível afirmar que ela seria ainda maior se o consumo para pets fosse incluído. Afinal, esse mercado se tornou o segundo maior no Brasil em 2020, além de ter gerado um faturamento de R$ 35,4 bilhões até o terceiro trimestre de 2019, de acordo com o Instituto Pet Brasil.
Nos Estados Unidos, por exemplo, após a aprovação do Farm Bill de 2018, que expandiu o cultivo e a pesquisa legais de cânhamo, a demanda de produtos com CBD para animais de estimação aumentou rapidamente. Segundo o Brightfield Group, esse mercado cresceu, em 2019, mais de 10 vezes o tamanho de 2018, e tinha uma previsão de movimentar US$ 563 milhões até o fim de 2020.
Meu cachorro comeu maconha, e agora?
Muitos tutores já devem ter pesquisado essa frase no Google. Uma situação dessa pode até ser comum, principalmente entre cães e gatos, mas não deve ser normalizada. Os produtos à base de cannabis que costumam ser vendidos para pets são em forma de óleo, petiscos, tópicos e outras formas, exceto a forma humana, que pode ser tóxica aos bichos.
Caso seja consumida in natura ou até se seus tutores fumarem próximo a eles, os animais ficam “chapados” e até intoxicados. Os cães, por exemplo, têm mais receptores endocanabinoides do que humanos e pesam menos, por isso, podem sentir efeitos psicotrópicos da maconha mesmo com quantidades mínimas.
Os sintomas, nesses casos, podem ser: desorientação, saliva e urina excessiva, vômitos, alteração da frequência cardíaca, falta de coordenação, dilatação das pupilas, hiperatividade e outros. Se isso acontecer com o seu pet, é essencial consultar um veterinário, mas o ideal é que os animais fiquem longe da substância, a não ser que tenha sido receitada em formas específicas voltadas para pets.