Indústria de cannabis para pets no Brasil: tamanho atual e o potencial 

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A cannabis pode tratar condições médicas dos animais assim como dos humanos, o que mostra parte do potencial que teria na indústria pet, que é extremamente relevante no Brasil e no mundo e vem crescendo conforme os anos passam

O mercado de cannabis medicinal para pets já é uma realidade no mundo e até no Brasil. Mesmo que a regulamentação em território brasileiro seja desfavorável aos veterinários que desejam prescrever produtos à base de cannabis, há brechas legais que possibilitam esse tipo de uso, o que já causa uma movimentação relevante na indústria pet em relação à planta. Contudo, o potencial da cannabis no mercado pet no país não chegou nem a um terço do que realmente pode oferecer. 

Cannabis para pets: quais são os benefícios? 

A maioria dos animais vertebrados tem o sistema endocanabinoide, assim como os humanos. Isso possibilita com que as propriedades da cannabis, como os fitocanabinoides, canaflavinas e terpenos, proporcionem efeitos importantes no organismo desses animais. Os estudos científicos a respeito desse tema, no entanto, são, em sua maioria, voltados aos benefícios do CBD para os pets, já que o THC pode causar intoxicações.  

Várias condições médicas dos pets  podem ser tratadas à base de cannabis, muitas delas, inclusive, semelhantes às que acometem os humanos. Em relação aos cachorros e gatos, por exemplo, a Kaya Mind fez um levantamento em que mapeou as seguintes doenças que podem ser tratadas com a planta: dor, câncer, ansiedade, epilepsia e convulsões, inflamação, doenças inflamatórias e osteoartrite, hiperestesia, doença do trato urinário inferior felino (DTUIF). Afinal, a cannabis pode ter propriedades analgésicas, antidepressivas, anti-inflamatórias, ansiolíticas, anticonvulsionantes, antieméticas, entre outras.  

Pets podem usar cannabis medicinal no Brasil? 

No Brasil, o uso medicinal da planta é autorizado a partir de prescrições realizadas por médicos habilitados  pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ou dentistas cadastrados no Conselho Regional de Odontologia (CFO). Nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, veterinários e outras especialidades da saúde ainda não são autorizados a prescrever, mesmo que seus órgãos sejam a favor do uso medicinal da planta.   

Ainda assim, o caso dos veterinários é mais complexo. Mesmo que, por meio da regulamentação da Anvisa, eles não possam prescrever derivados de cannabis, há certas inconsistências na regulamentação que abrem portas para que essa prescrição aconteça. Diante dessa situação regulatória, esses profissionais acabam por receitar esses medicamentos por conta da alta demanda e da eficácia do tratamento, e não são costumam ser criminalizados por isso. Portanto, é possível sim que seu animal de estimação receba um tratamento à base de cannabis, mas com algumas limitações. Vale dizer que é essencial buscar um veterinário para realizar o tratamento, afinal, muitos produtos à base de cannabis podem conter substâncias tóxicas aos animais. 

Potencial do mercado de cannabis para pets 

Existem por volta de 1,8 bilhão de animais de estimação no mundo – no Brasil, esse número chega a mais de 140 milhões, classificando-o como o terceiro maior país em termos de população total de pets.  Além disso, a indústria voltada para os animais de companhia só vem crescendo; no Brasil, de 2006 a 2019, o faturamento com os alimentos, medicamentos veterinários e cuidados com saúde e higiene para pets saltou de R$ 3,3 bilhões para R$ 22,3 bilhões.  

Ainda, em 2018, esse setor representou 0,36% do PIB nacional, ou seja, mais do que segmentos importantes como o de automação industrial (0,08%) e de utilidades domésticas (0,33%). Dois anos depois, mesmo durante a crise econômica agravada pela pandemia do novo coronavírus, a indústria de pets registrou um crescimento de 13,5% e uma movimentação de R$ 40,1 bilhões.  

Segundo dados internos da Kaya Mind, apresentados no relatório “Cannabis no mercado pet”, caso houvesse uma regulamentação da planta para fins veterinários, o Brasil teria uma movimentação de mercado de até R$ 1,45 bilhão, gerando até R$ 109,5 milhões de arrecadação de impostos.  Os dados apontam, também, que por volta de 555 mil animais de estimação poderiam ser beneficiados por tratamentos com cannabis no Brasil, sendo 498.629 cães e 56.623 gatos, o que equivale, respectivamente, a 15% e 12% da população total desses bichos. 

R$1,45 bilhão

Possível movimentação financeira do mercado de cannabis para fins veterinários no Brasil

R$109,5 milhões

Em impostos arrecadados

Mesmo sem regulamentação, o material mostrou que já existem por volta de 230 produtos no mercado que poderiam ser usados pelos animais de estimação. Em relação às marcas, foi possível analisar que mais de 120 delas poderiam atuar nessa indústria, caso fosse regulamentada. 

Isso prova que a falta de uma regulamentação da indústria de cannabis para fins veterinários é uma perda para o Brasil, tanto no âmbito econômico, como social e sanitário.  

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