Ainda que o uso adulto da cannabis seja ilegal no Brasil e em outros países, isso não significa que esse mercado é inexistente. Mesmo sem regulamentação, existe uma movimentação relevante nesse setor, com a planta sendo importada para o país ou até mesmo cultivada ilegalmente dentro do território nacional, afinal, são muitos os usuários de maconha para fins recreativos. Esses mesmos consumidores, inclusive, também movimentam essa indústria por meio do uso de outros produtos relacionados, como aqueles disponíveis nas tabacarias – tabaco, seda, isqueiros, filtros, piteiras e mais.
No entanto, é natural se perguntar qual o perfil e o tamanho desse público que faz o uso recreativo da cannabis, até porque, com números, é possível entender o potencial que a regulamentação dessa forma de consumo poderia ter no país. Vamos analisar o cenário de 2024 conforme dados coletados no Anuário de Growshops, Headshops e Marcas, produzido pela Kaya.
Quem são os usuários consomem maconha no Brasil?
Para melhor compreensão desse cenário, vamos dividi-lo por setores, começando pelas tabacarias. Mais de 1 milhão de pessoas fumam diariamente o tabaco de enrolar no Brasil, sendo que o Sul é a região que mais lidera – com 0,9%, seguido do Centro-Oeste e Sudeste com 0,8%.
Para se ter uma ideia são mais de 11,8% dos adultos que fumam no Brasil, sendo que 10,4% lideram na faixa etária dos 35 aos 44 anos, seguidos dos 25 aos 34 anos, com 9,7%. Isso mostra que o público que mais fuma estão entre os jovens e início da casa dos 40 anos. Esse recorte é importante para compreender quais são os perfis, seus gostos, estilos e o que mais consomem de forma geral, colaborando para o crescimento da indústria de produtos de cannabis.
Outro aspecto relevante a ser considerado são os temas que mais atraem esses consumidores:
- Ciência e saúde está na primeira posição com 82,8%;
- Sociedade e cultura vem logo em seguida com 63,4%;
- Redução de danos com 57,3%;
- Mercado e negócios, um pouco mais abaixo com 49,6%;
- Agronegócio e indústria com 36,5%;
- Política, mais inferior com 35,8%
- Direito, no final da lista, com 34,8%.
De forma geral, as regiões Sul e Centro Oeste são as que lideram uma maior prevalência de fumantes. A primeira é responsável pela maior parte da produção de tabaco no Brasil, além de ser uma das maiores do mundo. Já a segunda, já foi local de migração interna de pessoas da região Sul, as quais levaram seus hábitos e preferências de consumo, tendo uma presença grande na região rural.
Quantos usuários de maconha existem no Brasil?
Já são +2,8 milhões de adultos que fazem uso regular da maconha no Brasil. Esse número pode ser chocante e segue uma linha de crescimento conforme novas regulamentações e movimentações a favor da planta vão surgindo no país.
Além disso, já são mais de 15 mil varejos de planta no Brasil. Somente em 2023, mais de 792 lojas de varejo de cannabis foram abertas ao longo do ano, desconsiderando as tabacarias. Segundo uma pesquisa feita pela Fiocruz, cerca de 2,2 milhões de pessoas fizeram uso de maconha dentro dos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.
Além disso, um levantamento realizado pelo Senado mostrou como o preconceito ainda é um empecilho para as pessoas admitirem que usam ou já usaram maconha: 78% afirmam conhecer alguém que já utilizaram a erva, enquanto apenas 7% dizem ter utilizado. Com o proibicionismo e a guerra às drogas, criou-se uma imagem extremamente negativa a respeito do usuário de cannabis, com a qual os usuários não querem estar associados. Assim, preferem mentir ou omitir em pesquisas, o que comprova como o número de usuários é muito maior do que o apresentado.
O status atual da cannabis para fins medicinais no Brasil tem mudado muito no decorrer dos últimos anos, assim como o uso recreativo. Existe, aproximadamente, 6,9 milhões de pacientes que podem vir a ser atendidos com terapias com cannabis. No Brasil, são +672 mil pacientes que utilizam produtos derivados de cannabis e houve um aumento de 8.000% registrado pelo STJ, em relação aos Habeas Corpus para cultivo de cannabis medicinal entre 2018 até agosto de 2024.
Projeções sobre o consumo de maconha
Conforme consta no Anuário de GHM da Kaya, muitos passos ainda precisam ser estabelecidos para se ter um acompanhamento perene com amostragem completa, baseada em cálculos detalhados. No entanto, já é possível compreender quais são as possíveis balizas e demarcadores em torno do setor da cannabis.
Cerca de 8% da renda mensal dos fumantes é gasta na compra de produtos para fumar, segundo um estudo divulgado em 2023 pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ao menos 1.378 toneladas de maconha são fumadas por ano e acredita-se que esse mercado pode movimentar, anualmente, em torno de R$4 e 11 bilhões de reais referentes ao consumo.
Isso aponta como a regulamentação é importante, já que o consumo acontece mesmo na ilegalidade – tanto que ela se tornou a principal substância a ser consumida no mundo – e muitas dessas pessoas são penalizadas criminalmente por tal, o que acaba sobrecarregando o sistema carcerário de diversos países e também afetando negativamente a vida desses indivíduos.
É essencial, portanto, que diante de uma mudança na lei, a regulamentação seja inclusiva e voltada à reparação histórica das populações que foram impactadas pelo proibicionismo. Mesmo com a descriminalização do uso pessoal da maconha para adultos pelo STF em junho deste ano, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que a maconha possa ser usada de forma segura e sem restrições, como ocorre com o tabaco e o álcool.
Tudo isso q foi dito.e tudo verdade.
Se a (canabis) fosse legalizada (+logo)
consequentemente.+ empregos.menos apriençoês(detentos).
Sen falar na ($$economia a longo prazo)
.economia q vai gerar+investimento na (saúde)(educação)(saneamento básica)
esporte lazer…por experiência+++produção em vários setores de trabalho.E por aí vai…
Com certeza Anderson! E precisamos muito desse avanço, quanto antes melhor