Quantos usuários de maconha existem no Brasil?

A discussão sobre o número de usuários de maconha no Brasil é essencial para compreender o cenário atual do consumo da substância no país e embasar políticas públicas mais eficazes. Dados recentes do Anuário de Growshops, Headshops e Marcas 2024 da Kaya revelam novos insights sobre esse universo, que cresce mesmo diante da persistente criminalização e estigmatização do uso. 

Quem são os usuários consomem maconha no Brasil? 

Ou seja, o número de usuários recorrentes pode ser ainda maior, considerando as limitações metodológicas e o receio de autodeclaração em pesquisas por parte dos usuários ocasionais ou esporádicos. 

Além disso, é importante destacar que cerca de 18 milhões de adultos fazem uso de algum derivado do tabaco, o que cria um cenário comparativo interessante entre o consumo de substâncias consideradas lícitas e ilícitas no país. 

Projeções para o mercado de consumo da maconha 

Estimativas feitas com base no Anuário indicam que o mercado brasileiro de maconha pode movimentar, atualmente, entre R$ 4 e R$ 11 bilhões por ano, dependendo do preço médio do grama consumido. A projeção leva em conta um consumo médio de 40 gramas mensais por usuário recorrente – parâmetro que coincide com o limite de uso pessoal estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2024. 

Para alcançar esses valores, considera-se uma faixa de preço entre R$ 3,00 e R$ 8,00 por grama de maconha, bem como o consumo anual estimado de 1.378 toneladas da erva. 

Vale lembrar que esse cálculo não abrange os milhões de usuários esporádicos, que também movimentam o mercado, mesmo que com menor frequência. 

Custo relativo ao consumo 

De acordo com dados do INCA e da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), fumantes de cigarro gastam, em média, 8% da renda com tabaco. Quando aplicamos essa média ao comportamento dos consumidores de maconha, observamos que a maconha prensada tende a ser a opção mais viável financeiramente, dado seu menor custo por grama, principalmente para as camadas mais vulneráveis da população. 

Esse dado é estratégico para os formuladores de políticas públicas, pois reforça a importância de regulamentações que considerem a realidade de consumo e garantam acesso seguro e controlado, diminuindo a dependência do mercado ilegal. 

Volume de consumo 

Com base nos dados do anuário e em uma média de 0,6g por cigarro, estima-se que 2,4 bilhões de baseados sejam fumados por ano no Brasil, o que equivale a 4.600 por minuto. Isso dá uma dimensão do tamanho do mercado, ainda que informal, e da naturalização do consumo entre os brasileiros, especialmente em um contexto onde o uso ainda é criminalizado. 

Por que é relevante saber quantos usuários de maconha existem? 

Saber quantos são os usuários de maconha no Brasil é fundamental por diversos motivos. Primeiramente, porque ajuda a combater o estigma, evidenciando que o consumo é mais comum do que se imagina e que uma parcela expressiva da população está sujeita à perseguição penal, mesmo por uso pessoal. 

Além disso, a informação subsidia a formulação de políticas públicas mais justas e realistas, voltadas à saúde pública e à redução de danos, e não ao encarceramento em massa. 

Segundo o Anuário de GHM 2024, cerca de 850 mil pessoas estão presas no Brasil, sendo que um quarto dessas prisões está ligado ao tráfico de substâncias ilícitas. Muitas dessas pessoas foram detidas portando quantidades pequenas, que em outros contextos poderiam ser consideradas de uso pessoal. 

O custo dessa guerra é alto: mais de R$ 6,1 bilhões foram gastos em 2023 com a punição de pessoas envolvidas com o comércio ilegal de drogas – ou até mesmo apenas com o uso, em casos de enquadramento incorreto. 

Esses números demonstram que é mais estratégico e eficaz investir em políticas regulatórias e educativas, como tem sido feito em outros países, do que seguir alimentando um sistema punitivista que não reduz o consumo nem melhora a segurança pública. 

Comparativo com apreensões e mercado ilegal 

Outro dado que reforça a ineficiência da política proibicionista está no número de apreensões. Em 2023, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram apreendidas cerca de 1.097 toneladas de maconha, skunk e haxixe pelas forças policiais. 

Mesmo com essa quantidade significativa fora de circulação, isso representa apenas 44% do total consumido no Brasil no mesmo ano. Ou seja, a maconha continua chegando aos consumidores com facilidade, mostrando que a repressão não é suficiente para interromper o fluxo do mercado ilegal. 

A realidade ainda se sustenta em margens de risco calculadas pelos traficantes, cultura de auto cultivo e, em alguns casos, desvios de produtos apreendidos, que voltam a circular de forma clandestina. 

O número de usuários de maconha no Brasil é expressivo, e os dados mais recentes indicam que o mercado potencial da erva, caso regulamentado, pode gerar bilhões em movimentação econômica. Além disso, a repressão ao consumo tem se mostrado ineficiente e custosa. 

A compreensão desses dados é essencial para a construção de um debate mais honesto sobre a política de drogas no Brasil. Entender o perfil dos consumidores, os padrões de uso e os impactos da proibição ajuda a pensar em soluções mais humanas, seguras e econômicas para lidar com a realidade do consumo de cannabis no país. 

Quer saber mais sobre o tamanho desse mercado e suas oportunidades? Acesse gratuitamente o Anuário de Growshops, Headshops e Marcas 2024 e entenda como a regulamentação pode transformar o cenário atual. 

FAQ 

1. Quantas pessoas usam maconha regularmente no Brasil? 
Estima-se que 2,8 milhões de brasileiros fazem uso regular de maconha. 

2. O que os dados indicam sobre o mercado da maconha? 
Com base no consumo médio, o mercado pode movimentar entre R$ 4 e R$ 11 bilhões por ano. 

3. Quantos baseados são fumados por ano no Brasil? 
Aproximadamente 2,4 bilhões de baseados por ano — cerca de 4.600 por minuto. 

4. Qual é o custo da repressão ao consumo de maconha? 
Em 2023, mais de R$ 6,1 bilhões foram gastos com punições relacionadas ao comércio ou uso de drogas. 

5. A proibição tem sido eficiente? 
Não. Mesmo com apreensões, 56% da maconha consumida no Brasil segue circulando ilegalmente. 

6. Por que é importante saber quantos usuários existem? 
Esses dados ajudam a criar políticas públicas mais justas, combater o estigma e pensar em regulamentações mais eficazes.