O que os brasileiros pensam sobre a cannabis é muito relevante para as pautas da planta avançarem no âmbito regulatório. Afinal, o posicionamento da população brasileira a respeito da cannabis para fins medicinais, recreativos e industriais pode ser capaz de movimentar novas leis sobre o assunto e incentivar o Congresso a aprová-las com mais facilidade. Uma das formas mais eficazes de entender a opinião pública é por meio de pesquisas institucionais sobre o tema.
O que os brasileiros pensam sobre a cannabis medicinal
O PoderData, em julho de 2022, por exemplo, realizou um estudo com 3000 entrevistados em 309 municípios das 27 unidades da Federação. O resultado mostrou que 54% acreditam que o Brasil deveria liberar o uso da maconha para tratamentos médicos. Enquanto isso, 9% dos entrevistados não sabiam ou preferiam não opinar sobre o tema, o que aponta uma falha na disseminação de informação sobre a cannabis e seus benefícios.
No mesmo ano, em janeiro, o veículo fez uma pesquisa sobre o mesmo assunto e viu-se que, naquele período, 26% rejeitavam a liberação da maconha para fins terapêuticos, enquanto, em julho, esse valor foi de 37%. Não há como cravar uma explicação concreta para esse resultado, mas o aumento de notícias na imprensa a respeito do assunto, gerando uma apreensão no público, além da polarização das eleições de 2022, que também divide as opiniões em torno do tema da maconha, podem ter sido alguns dos fatores.
Outra pesquisa que foi um medidor importante foi a do Senado em 2019, que apontou que 79% dos entrevistados são a favor da distribuição gratuita de medicamentos à base de cannabis pelo SUS. Essa é uma opinião relevante de se considerar, pois mostra que a sociedade brasileira entende da dificuldade para ter acesso aos derivados da planta no país – as restrições regulatórias fazem com que o custo do tratamento com a cannabis seja alto.
Opinião pública sobre o uso adulto
O parecer dos brasileiros em torno do tema da cannabis para uso adulto é bem diferente do medicinal. Uma pesquisa do Senado de 2014, a mais recente mapeada pela Kaya Mind, revelou que apenas 9% da população é a favor da liberação da planta para qualquer fim.
Ao mesmo tempo, existe um grande estigma em torno do tema, o que dificulta o entendimento e posicionamento sobre o assunto. O mesmo levantamento realizado pelo Senado, inclusive, mostrou como o preconceito ainda é um empecilho para as pessoas admitirem que usam ou já usaram maconha: 78% afirmam conhecer alguém que já utilizou a erva, enquanto apenas 7% dizem ter utilizado.
Esses estudos justificam a regulamentação da planta ter começado pelo uso medicinal no país e corroboram para o fato de que ela deve se tornar mais abrangente nos próximos anos. O uso recreativo, no entanto, ainda deve levar um tempo para se consolidar à medida que a população se tornar mais receptiva. Para entender mais sobre o assunto, baixe o relatório “Anuário da Cannabis no Brasil”.