Nos últimos anos, o mercado canábico tem se expandido cada vez mais, ganhando destaque não apenas na área de saúde, mas também na cultura pop e em movimentos musicais. O hip hop e o rap, gêneros de música que nasceram nas ruas, estão entre os maiores aliados dessa transformação. A relação entre esses movimentos e a cultura da maconha vai além de uma simples associação, ela reflete uma realidade que mistura música, política e comportamento social.
Neste texto, vamos explorar o surgimento da cultura da maconha no Brasil, a história do rap e do hip hop, e como esses gêneros musicais têm influenciado e sendo influenciados pela cultura da maconha. Além disso, veremos como alguns rappers estão investindo no mercado canábico e o que isso significa para o futuro da música e do consumo consciente.
Surgimento da cultura da maconha no Brasil
Embora a maconha tenha sido consumida por diversas culturas ao longo da história, no Brasil, ela começou a ser notada no século XX, principalmente nas décadas de 1960 e 1970, com o aumento da sua circulação e consumo, especialmente entre os jovens. A partir dessa época, o consumo da maconha passou a ser associado à rebeldia e ao movimento contra a repressão, especialmente durante o período da ditadura militar (1964-1985), quando a censura e a falta de liberdade eram fortes.

A década de 1960 trouxe com ela a ascensão do movimento hippie e a popularização da música psicodélica, com a maconha sendo uma das substâncias mais consumidas pelos participantes desses movimentos. Nos anos 1970, a maconha foi associada à resistência política e à busca por liberdade, o que a tornou um símbolo dos jovens em oposição à ditadura.
Já no início dos anos 2000, o debate sobre o uso medicinal da maconha ganhou força, com diversos movimentos sociais lutando pela legalização, o que acabou ajudando a desmistificar a planta e dar visibilidade ao debate sobre os seus benefícios.
A maconha, até então vista como uma substância marginalizada e proibida, começou a ser discutida de forma mais aberta e a ganhar presença nas artes e na música, influenciando, em especial, o rap e o hip hop, que já estavam em ascensão no Brasil nesse período.
Já em outros países, a cultura do rap e do hip hop se consolidou nos Estados Unidos e influenciou o mundo todo. Snoop Dogg e Dre são apenas alguns dos nomes mais conhecidos desse universo e impactou o nascimento de uma cultura completamente revolucionária, trazendo a pauta da cannabis sob um outro olhar.
História do Rap e do Hip Hop
O hip hop e o rap são gêneros musicais que nasceram nas comunidades negras dos Estados Unidos, mais especificamente no Bronx, em Nova York, nos anos 1970 – mas não existe um consenso sobre onde esse gênero “nasceu”. Embora o hip hop seja um movimento cultural mais amplo, composto por quatro elementos principais — o rap (a música), o breakdance (dança), o grafite (arte) e o DJing — o rap rapidamente se destacou como a principal forma de expressão desse movimento. Mas como o rap e o hip hop se desenvolveram?
- Origens do rap: Surgiu das batalhas de MCs, onde rappers improvisavam rimas de forma a desafiar seus oponentes. Com o tempo, essas rimas passaram a abordar questões como desigualdade social, racismo, pobreza e violência, temas comuns nas comunidades onde o movimento surgiu.
- Expansão global: A partir dos anos 1980, o hip hop começou a se espalhar para outras partes do mundo. O Brasil não ficou de fora desse movimento. A partir da década de 1990, os primeiros grupos de rap brasileiros, como Racionais MCs, Planet Hemp e outros, começaram a criar uma identidade local para o hip hop, misturando questões sociais brasileiras com influências do rap norte-americano.
O impacto do hip hop na cultura brasileira
O hip hop no Brasil não foi apenas uma forma de música, mas também uma poderosa ferramenta de transformação social. Ele se tornou uma maneira dos jovens periféricos se expressarem, falar sobre suas dificuldades e denunciar as injustiças sociais.
O rap brasileiro se consolidou como uma das principais formas de música popular nos anos 1990 e continua sendo um dos principais veículos de expressão da juventude até hoje.
Como o rap e o hip hop contribuíram para a cultura da maconha?

A relação entre o rap, o hip hop e a maconha não é uma simples coincidência. Desde o início, muitos rappers e artistas de hip hop usaram a maconha como uma forma de expressão cultural, abordando temas como liberdade, resistência e quebrando tabus sobre o uso da planta.
As principais formas de contribuição do rap e hip hop para a cultura da maconha consideram a planta como símbolo de resistência. Como falamos anteriormente, a maconha sempre foi associada à resistência e à liberdade, e o rap e o hip hop abraçaram essa simbologia em suas letras. O uso da planta se tornou um tema frequente, especialmente em faixas que falam sobre a vida nas periferias, onde a planta é muitas vezes consumida como um escape das dificuldades cotidianas.
O consumo de maconha no rap também é uma forma de protesto contra as autoridades e contra um sistema repressivo. Muitos rappers abordam a legalização da maconha como um direito e uma questão de justiça social, além de discutir o estigma que recai sobre aqueles que a consomem.
O hip hop sempre teve uma relação estreita com a celebração de diversas culturas, incluindo a canábica. A incorporação de referências à maconha nas letras, videoclipes e até nas atitudes de artistas ajuda a quebrar o estigma e a normalizar o consumo de forma descontraída.
Rappers que investem no mercado canábico
Nos últimos anos, a cannabis não só tem sido um tema recorrente nas músicas, mas também uma oportunidade de negócio para muitos rappers. Alguns artistas começaram a investir diretamente no mercado canábico, criando marcas e produtos relacionados ao consumo de maconha, como cigarros pré-rolados, óleos e até acessórios para o uso da planta. Trouxemos alguns nomes importantes na indústria musical e que são favoráveis à planta:
Snoop Dogg
Um dos pioneiros nesse sentido, Snoop Dogg criou sua própria linha de produtos canábicos chamada “Leafs by Snoop”, que oferece uma variedade de produtos, como flores de maconha e comestíveis. Ele também investiu em empresas de cultivo e distribuição de maconha legalizada nos Estados Unidos.
Além disso, Snoop Dogg é sócio de uma linha de fertilizantes, conhecida por a Snoop’s Premium Nutrient Pods.
Willie Nelson
O cantor country e defensor do uso da maconha legalizada, Willie Nelson, criou a marca “Willie’s Reserve”, que se tornou um sucesso entre os consumidores de cannabis nos Estados Unidos.
Berner
O rapper americano Berner tem uma linha de produtos chamada “Cookies”, que é uma das marcas mais populares no mercado de maconha nos Estados Unidos. A marca oferece diversas variedades de cannabis e acessórios relacionados.
Esses rappers estão utilizando sua popularidade e influência para promover uma mudança na percepção pública sobre a maconha, além de expandir sua atuação no mercado de produtos canábicos.
A relação entre o hip hop, o rap e a cultura da maconha é complexa e multifacetada. Esses gêneros musicais não apenas ajudaram a popularizar a discussão sobre o uso da maconha, mas também desempenharam um papel fundamental na quebra de estigmas e na luta pela legalização da planta. Ao mesmo tempo, os rappers estão aproveitando o crescente mercado canábico para expandir seus negócios e trazer novas oportunidades para a cultura do hip hop.
É claro que, enquanto o mercado canábico cresce, as questões sociais e políticas relacionadas à maconha continuam sendo discutidas. O rap e o hip hop seguirão sendo uma plataforma poderosa para expressar essas questões, proporcionando uma voz para aqueles que buscam mais liberdade, igualdade e justiça.