As criptomoedas, moedas digitais que não são emitidas por governos, surgiram para facilitar transações financeiras no mundo todo no final dos anos 80 e tinham outra nomenclatura. Após a criação do Bitcoin em 2009, tornaram-se muito conhecidas e, hoje, são consideradas importantes ativos no mercado financeiro global. Como as criptomoedas e a cannabis têm uma aceitação social semelhante e são consideradas investimentos novos, é claro que não poderia deixar de haver opções de criptomoedas voltadas ao mercado da cannabis.
Criptomoedas de cannabis
As criptomoedas de cannabis foram criadas conforme algumas regiões começaram a regulamentar a indústria da planta, principalmente quando alguns estados dos EUA deram um passo à frente da legalização. Há estados norte-americanos que tornaram a comercialização da maconha dentro da lei, mas não estabeleceram o que acontece em relação às transações financeiras, o que gerou uma insegurança jurídica. Como a nível federal a planta ainda não é regulamentada, muitos bancos viram uma brecha para não aceitar recursos ou transações ligadas ao mercado da cannabis e os comerciantes e consumidores, mesmo diante de uma indústria legalizada, se depararam com novos obstáculos.
Esse cenário fez criar uma das moedas digitais voltadas à maconha, em 2014. Ela, então, poderia ser usada por comerciantes e seus compradores como um meio de troca alternativo, sem passar pelos bancos que estavam impedindo o desenvolvimento do mercado. Por possibilitarem transações anônimas, seguras, rápidas e descentralizadas (que não necessitam de uma autoridade monetária), portanto, as criptomoedas preencheram o espaço que as instituições financeiras não ocuparam na indústria legal da cannabis.
Isso porque as criptomoedas de cannabis são moedas digitais que estão conectadas com a indústria da cannabis e do cânhamo, seja como ferramenta de transações financeiras do dia a dia de empresas desses setores ou como forma de investimento para stakeholders interessados no mercado.
Os problemas enfrentados pelo mercado de criptomoedas de cannabis
As criptomoedas de cannabis enfrentam um principal problema em comum: a aceitação social. Tanto legisladores e reguladores, como a sociedade em geral, têm dificuldade de encarar esses mercados com seriedade e mente aberta, o que é uma das grandes consequências do preconceito e do desconhecimento.
Ainda, mesmo com a criação de várias criptomoedas de cannabis em 2014, nenhuma pegou tração no mercado financeiro, pois a indústria das criptomoedas é descentralizada, então não são todas as empresas que usam essa ferramenta no dia a dia, e também porque não houve um atrativo suficientemente grande para os investidores como ocorreu com outras moedas digitais. O fato da indústria da cannabis não ser amplamente regulamentada nos países também é um fator que dificulta o interesse do público e o crescimento desse mercado.
No entanto, a junção dessas duas indústrias é, na verdade, uma aposta relevante para o futuro de investimentos, afinal, a cannabis vem sendo cada vez mais inserida em diversos âmbitos e as criptomoedas têm uma relação direta com o mundo tecnológico atual. Ainda, as criptomoedas de cannabis são uma oportunidade para investir em projetos sustentáveis e sociais por conta de seu envolvimento com esses mercados.
Como funcionam as criptomoedas em geral
Mas como funcionam as moedas digitais? Elas utilizam o blockchain, um sistema à prova de violação que registra todas as suas transações, como se fosse um banco de dados, e podem ser adquiridas quando alguém aceita um pagamento com elas, compra de outra pessoa ou de uma corretora específica.
Investir em criptomoedas e, ainda mais, em criptomoedas de cannabis, é mais arriscado do que em ativos comuns. Como são produtos recentes e que ainda envolvem um tema não regulamentado em diversos países, há muita volatilidade, mas têm alta rentabilidade, assim como os fundos de investimentos de maconha. Por isso, para investir nesses ativos, é importante ter um perfil de investidor arrojado, além de ser interessado no universo canábico, pois pode ajudar (e muito) no desenvolvimento do mercado.
Como comprar criptomoedas
É preciso se cadastrar em plataformas de negociação específicas de criptomoedas que, em inglês, se chamam “exchanges”. Assim, é preciso depositar dinheiro na conta da corretora para adquirir a criptomoeda que você deseja. Muitas dessas plataformas delimitam a transferência de, no mínimo, R$ 100 para realizar a compra. É claro que você pode transferir mais do que isso, mas lembre-se: esse mercado ainda é muito volátil, por isso, comece investindo um valor baixo mesmo.
Para comprar com segurança, é importante que essas exchanges sejam reconhecidas pelo mercado. De qualquer forma, é essencial que você verifique os dados de pagamento corretos antes de realizar a transferência, pois há casos de fraudes com as corretoras.
Para verificar se o seu investimento rendeu bons frutos, é preciso consultar a corretora na qual você adquiriu a criptomoeda. Então, se achar que é o momento para receber o investimento em dinheiro, é preciso vender as moedas digitais nas próprias exchanges, pois elas reúnem vendedores e compradores. É possível também vender diretamente para outra pessoa e, em alguns raros casos, há caixas eletrônicos que fazem essa conversão automaticamente.
Regulamentação de criptomoedas no Brasil
As transações com criptomoedas ainda não são regulamentadas no Brasil, apesar de haver um PL, o 3825/19, que prevê essa regulamentação. Essa proposta foi aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em fevereiro de 2022, e será encaminhada à Câmara dos Deputados caso não haja nenhum recurso para votação em plenário. Ainda, o Banco Central já vem discutindo como regulamentar essas moedas digitais. Para as criptomoedas da cannabis, no entanto, o caminho é ainda mais longo, pois também não há um mercado regulamentado voltado para a planta.
Isso não significa, portanto, que já não haja movimentação de criptomoedas no país, afinal, sem regulamentação, há brechas na lei e ainda existe a possibilidade de comprar criptomoedas fora do Brasil. Segundo a Receita Federal, em todo o ano de 2021, foram movimentados mais de R$ 200 bilhões com criptomoedas.
Para investir nesse mercado sem comprar criptomedas, é possível aplicar em fundos de investimentos ou ETFs que têm parte da carteira voltada para criptomoedas. Essas alternativas podem ser mais seguras para quem deseja começar a entrar nessa indústria.
Principais criptomoedas de cannabis
PotCoin (POT)
Criada em 2014 e totalmente voltada à indústria canábica, tem preço mais acessível e é permitido comprar uma ou mais unidades de criptomoedas, em vez de uma fração.
BitCanna (BCNA)
Criado para ajudar negócios voltados ao mercado de maconha que sofrem com as restrições impostas por bancos e outras instituições tradicionais.
HempCoin (THC)
Afim de descentralizar o sistema de pagamento do mercado da cannabis, o HempCoin providencia uma plataforma para a indústria do cânhamo, medicinal e recreativa. Vale dizer que não é usado apenas para a área da maconha, mas como diversas outras da agricultura.
Dopecoin (DOPE)
Sistema de pagamento descentralizado e digital para providenciar uma forma segura de fazer negócios entre entusiastas de maconha. As transações são pseudo-anônimas e não são cobradas taxas.
CannabisCoin (CANN)
Também criada em 2014, visa facilitar as transações para dispensários da maconha medicinal, convertendo as criptomoedas diretamente para o mercado.
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