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Legalização da cannabis no Líbano: do mercado ilícito à esperança econômica

Foto de Maria Riscala

Maria Riscala

Tempo de leitura: 5 min

Publicado em

  • outubro 7, 2025

A legalização da cannabis no Líbano tem se tornado um tema cada vez mais relevante no cenário global, especialmente pela combinação de fatores que envolvem crise econômica, instabilidade política e uma longa tradição no cultivo da planta. Em meio à recessão mais grave de sua história, o país aposta na cannabis medicinal e industrial como possível saída para reerguer sua economia — e o caminho, embora promissor, está repleto de desafios.

cannabis no libano

O Líbano e sua história com a cannabis

Segundo o Relatório de 2019 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Líbano é o terceiro maior produtor de resina de cannabis (hashish) do mundo, atrás apenas de Marrocos e Afeganistão. Estima-se que cerca de 6% de toda a resina de cannabis do planeta seja de origem libanesa — uma estatística que revela tanto o potencial agrícola quanto a complexidade política por trás dessa cultura.

O país convive há décadas com uma contradição: embora o cultivo ilegal de cannabis seja amplamente praticado, especialmente na região do Vale do Bekaa, as leis sempre foram extremamente rígidas. Desde 1998, a Lei 673/1998 enquadra a planta como uma “substância muito perigosa e sem uso médico”.

Mas o cenário começou a mudar em abril de 2020, quando o Parlamento libanês aprovou uma lei que legaliza o cultivo, produção e venda de cannabis para fins medicinais e industriais. Essa decisão colocou o Líbano como o primeiro país do Oriente Médio a dar esse passo em direção à regulamentação.

Da proibição à regulação: o avanço de 2020

A medida aprovada em 2020 foi celebrada como um marco histórico, ainda que seu impacto prático tenha sido, inicialmente, simbólico. A criação de uma autoridade reguladora foi prevista, mas sua implementação demorou a sair do papel, refletindo os desafios políticos e administrativos do país.

Em 2024, no entanto, o governo anunciou o início efetivo da Autoridade Nacional para a Regulação do Cultivo de Cannabis, comandada por Dani Fadel, com o objetivo de supervisionar todo o ciclo produtivo — desde o teste do solo e da água até o licenciamento de agricultores, empacotamento e exportação.

“O potencial econômico é altíssimo, e a cooperação internacional será essencial para garantir qualidade e abrir mercados de exportação”, afirmou Fadel à agência Anadolu.

A nova estrutura é uma tentativa de transformar uma atividade historicamente marginalizada em uma cadeia produtiva legalizada e rentável, voltada para os setores médico, cosmético, alimentar e farmacêutico.

Quer saber mais sobre outros países que estão comprometidos com a cannabis? Comece lendo sobre a legalização da cannabis na Turquia.

Uma economia em colapso e a cannabis como saída

O pano de fundo dessa decisão é a crise econômica sem precedentes enfrentada pelo Líbano. Desde 2019, o país perdeu mais de 98% do valor de sua moeda, com a inflação ultrapassando os 300%, segundo o Banco Mundial. Cerca de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, e as restrições bancárias fizeram desaparecer a poupança de milhares de cidadãos.

Com essa situação, o governo passou a buscar novas fontes de receita — e a cannabis surgiu como uma alternativa viável. Estimativas do ministro da Agricultura, Nizar Hani, apontam que o cultivo e a regulação da cannabis podem gerar entre US$ 1 bilhão e US$ 3 bilhões anuais em arrecadação estatal, o equivalente a até metade da receita prevista pelo país para 2024.

Esse dado é especialmente significativo em um contexto onde outras medidas fiscais, como aumento de impostos, têm gerado pouco retorno e grande insatisfação popular. A cannabis, portanto, surge não apenas como uma oportunidade econômica, mas também como um símbolo de reconstrução nacional.

A importância da cooperação internacional

O Líbano, apesar de seu histórico no cultivo da planta, enfrenta grandes desafios técnicos para desenvolver uma indústria medicinal moderna. O país precisará investir em tecnologia, rastreabilidade, certificação e boas práticas de fabricação (GMP) para atender aos padrões internacionais.

“A cooperação global é um elemento essencial para o sucesso e a sustentabilidade desse setor”, explicou Fadel, ressaltando que o Líbano pretende canalizar toda a produção para fábricas licenciadas e exportações controladas.

A proposta é inspirada em modelos bem-sucedidos de países como Canadá, Israel e Alemanha, que conseguiram unir regulação, inovação e segurança sanitária para impulsionar seus mercados internos.

Desafios sociais e políticos

Apesar do otimismo, a legalização da cannabis no Líbano enfrenta forte resistência de setores conservadores e da comunidade médica local. A Sociedade Libanesa de Psiquiatria, por exemplo, criticou a ausência de consulta pública e alertou para os riscos de uma liberalização sem estrutura científica robusta.

Além disso, o país ainda vive sob os efeitos de uma profunda instabilidade política e de conflitos regionais, o que pode atrasar a implementação de políticas consistentes. Mesmo assim, o movimento em direção à regulamentação já é considerado um passo relevante na história da cannabis no Oriente Médio, onde o tema ainda é tabu em muitos países vizinhos.

Do ilícito ao sustentável: uma nova narrativa

O Líbano foi, durante décadas, conhecido pelo seu haxixe — produto exportado ilegalmente e consumido em diversas partes do mundo. Agora, a meta é transformar essa fama em um legado de inovação e responsabilidade, direcionando o cultivo e a produção para o mercado médico e industrial.

Essa transição não será simples. Exige fiscalização, educação técnica e políticas que garantam que os lucros beneficiem a população local — especialmente os pequenos agricultores que há anos vivem à margem da economia formal.

A criação da autoridade reguladora e o início do licenciamento de produtores marcam o começo de uma nova fase: do mercado ilegal ao modelo sustentável, que busca transformar um problema em oportunidade.

O Líbano no cenário global da cannabis

A decisão do Líbano de apostar na cannabis o coloca em um novo patamar dentro do mercado internacional. Segundo o economista Beau Whitney, fundador da Whitney Economics, o mercado global de cannabis medicinal e recreativa pode atingir US$ 237,8 bilhões, enquanto o setor de cânhamo industrial pode alcançar US$ 456,2 bilhões.

Mesmo que o país capture uma pequena fração desse mercado, o impacto seria expressivo. Além da geração de divisas e empregos, o Líbano poderia se tornar referência em cultivo sustentável e produção farmacêutica de alta qualidade no Oriente Médio — uma região que, até pouco tempo atrás, não discutia publicamente o tema.

Não deixe de conferir como está a regulamentação da cannabis no Brasil.

Entre a esperança e o desafio

A legalização da cannabis no Líbano é mais do que uma decisão econômica — é um ato de sobrevivência e reinvenção nacional. O país que por anos foi símbolo do mercado ilícito busca agora transformar essa herança em um motor de desenvolvimento.

O sucesso dessa política dependerá da capacidade de implementação, da transparência regulatória e da cooperação internacional. Se bem executado, o projeto pode se tornar um exemplo de como a cannabis medicinal pode impulsionar economias emergentes, gerar empregos e reconstruir a confiança em meio à crise.

Em um momento em que o mundo observa com atenção o avanço da legalização em diferentes países, o Líbano se apresenta como um caso emblemático de transformação: da criminalização à inovação, do tabu à esperança.

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