O número de pacientes de cannabis no Brasil em 2025 atingiu um patamar inédito. Segundo o Anuário da Cannabis Medicinal 2025, produzido pela Kaya Mind, 873.111 brasileiros utilizaram produtos à base de cannabis neste ano — um crescimento de 30% em comparação a 2024.
O avanço consolida a cannabis medicinal como uma das terapias que mais crescem no país, mesmo em meio a incertezas regulatórias, preços ainda elevados e desigualdade no acesso ao tratamento.
A seguir, entenda os principais dados revelados pela edição mais recente do anuário, como funciona o acesso aos produtos, o impacto regulatório e o perfil dos pacientes brasileiros.

A marca histórica: mais de 873 mil pacientes de cannabis medicinal
O levantamento da Kaya Mind mostra que o Brasil vive um momento decisivo na adoção da cannabis medicinal. O crescimento acelerado vem de três frentes principais:
- Importações (40,55%): 354 mil pacientes
- Dispensação em farmácias (33,6%): 293 mil pacientes
- Associações de pacientes (25,85%): 226 mil pacientes
Somados, esses canais totalizam 873.111 pacientes ativos — o maior número já registrado no país.
Mesmo com debates políticos, decisões judiciais e revisões normativas em andamento, a demanda segue aumentando, pressionando por mudanças estruturais e estabilidade regulatória.
Para entender melhor quem chega até esses números, vale ler o texto Quem pode ser paciente de cannabis no Brasil?.
Importação domina o acesso e deve bater 200 mil pedidos em 2025
A importação de cannabis, regulada pela RDC 660/22 da Anvisa, continua sendo a via de acesso mais utilizada no Brasil — e a que mais cresce.
O anuário estima que 2025 será o ano com maior número de pedidos desde o início das autorizações, com cerca de 200 mil solicitações, uma média de mais de 500 pedidos por dia.
Por que tanta gente importa?
- Maior variedade de produtos disponíveis nos EUA e na Europa
- Busca por concentrações e formulações específicas
- Prescrição online, que ampliou o alcance para cidades sem especialistas
- Redução de preços nos últimos 24 meses
Mesmo com a força das importações, o setor aguarda com atenção os possíveis ajustes na RDC 660 — especialmente porque 90% dos produtos importados ao Brasil vêm dos EUA e podem ser afetados pelo cenário regulatório norte-americano.
Se você quer entender como mudanças internacionais podem afetar o Brasil, vale ver o conteúdo Recriminalização do cânhamo nos EUA e impacto para o Brasil.
Farmácias ganham força e se aproximam dos preços dos importados
Os produtos à base de cannabis vendidos em farmácias brasileiras — autorizados pela RDC 327/19 — avançaram de forma relevante.
Os dados mostram:
- Preço médio por frasco: R$ 679 (queda consistente e aproximação dos preços importados)
- Maior oferta de produtos nacionais
- Segurança sanitária garantida pela Anvisa
- Crescimento da prescrição por médicos generalistas
O mercado farmacêutico ainda é jovem, mas tende a ganhar espaço conforme a regulamentação for ajustada e mais produtos forem aprovados.
Associações seguem essenciais: preços mais baixos e expansão constante
As associações de pacientes continuam sendo um pilar fundamental no acesso à cannabis medicinal no Brasil.
Em 2025:
- Preço médio: R$ 363 por frasco — o mais baixo entre todos os canais
- 315 CNPJs ativos, crescimento de 22%
- Presença mais forte no Sudeste e Nordeste
Mesmo com lacunas nas informações sobre dispensações de 2025, segundo a Ama-Me, o papel das associações continua indispensável para milhares de famílias, principalmente diante da alta dos custos e da falta de opções nacionais.
Para complementar a análise de mercado apresentada neste texto, veja o panorama em Mercado da cannabis no Brasil.
Expansão geográfica: mais de 4.730 municípios alcançados
A cannabis medicinal já chegou a 4.730 municípios brasileiros desde 2019.
Em 2025:
- 59% das cidades registraram ao menos uma dispensação
- Prescrição online encurtou distâncias
- Interior, periferias e pequenas cidades passaram a integrar o ciclo de cuidado
Esse dado mostra que a cannabis medicinal deixou de ser um assunto restrito a grandes centros e começa a fazer parte da rotina de regiões antes invisíveis para o mercado.
Quer saber quanto isso pesa no bolso do paciente? Veja o artigo Quanto custa o tratamento de cannabis?.
Perfil dos pacientes: maioria entre 40 e 59 anos
O anuário mostra que o maior grupo de usuários está entre 40 e 59 anos, seguido pela faixa entre 29 e 40 anos.
São, em grande parte, pacientes com:
- dores crônicas
- transtornos ansiosos
- distúrbios do sono
- doenças neurodegenerativas
No Norte, há uma proporção maior de crianças e adolescentes em tratamento — reflexo de padrões locais de prescrição e acesso.
Avanços regulatórios importantes — e muitas indefinições
O Anuário da Cannabis Medicinal 2025 traz um capítulo dedicado aos principais movimentos regulatórios do ano. Entre eles:
1. Revisão da RDC 327/19
A Anvisa estuda:
- ampliar formas farmacêuticas
- permitir manipulação de CBD
- flexibilizar prescrições
- atualizar regras de segurança e qualidade
A revisão não trata do uso adulto nem do cultivo individual, mas pode modernizar a oferta terapêutica no país.
2. Cultivo medicinal autorizado pelo STJ
O tribunal já analisou 978 pedidos de habeas corpus para cultivo, beneficiando cerca de 7 mil famílias.
Para um panorama mais amplo sobre o debate nacional, leia O uso e a legalização da maconha no Brasil.
3. Crescimento da pesquisa científica
Desde 2015, a Anvisa concedeu 111 autorizações de pesquisa.
O país avança, mas ainda convive com zonas cinzentas, vetos estaduais e falta de políticas nacionais para produção e distribuição.
Impacto econômico: mercado deve chegar a R$ 971 milhões em 2025
O mercado brasileiro de cannabis medicinal deve movimentar R$ 971 milhões em 2025 — valor próximo de R$ 1 bilhão.
Esse avanço é impulsionado por:
- maior capilaridade da prescrição
- queda nos preços
- crescimento das importações
- aumento do número de pacientes ativos
- expansão do setor farmacêutico
- fortalecimento de associações e pesquisa científica
Com esse ritmo, o Brasil está entre os mercados de cannabis medicinal que mais crescem no mundo.
Para olhar além do consultório e entender o impacto econômico, confira Impactos econômicos da cannabis no mercado.
Por que tão poucos médicos prescrevem cannabis?
Mesmo com alta demanda, o país enfrenta um paradoxo:
Menos de 1% dos médicos brasileiros prescreve cannabis regularmente.
O motivo envolve:
- falta de formação especializada
- insegurança jurídica
- preconceito histórico
- desinformação
- poucos cursos de capacitação
- dificuldades na prática clínica
Com mais de 635 mil médicos e 90 mil farmácias, o potencial de expansão ainda é gigantesco — e pouco explorado.
E, para quem pensa em trabalhar ou empreender nesse setor em crescimento, uma boa leitura complementar é Trabalhar com cannabis no Brasil.
O que esperar do futuro da cannabis medicinal no Brasil
Os dados de 2025 apontam para um cenário claro:
- O número de pacientes continuará crescendo
- O mercado tende a se estabilizar e amadurecer
- A regulação deve ser ajustada
- A produção nacional pode avançar
- As associações seguirão centrais no acesso
- A prescrição online continuará impulsionando novas regiões
- A demanda por formação médica deve aumentar
O Brasil vive um momento de transição. E os próximos passos da Anvisa — especialmente a revisão da RDC 327/19 e a discussão sobre cultivo — podem redefinir completamente o setor nos próximos anos.
Baixe o Anuário da Cannabis Medicinal 2025
Quer acessar todos os gráficos, mapas, análises, séries históricas e indicadores completos?
Baixe gratuitamente o Anuário da Cannabis Medicinal 2025
O relatório mais completo do Brasil sobre pacientes, mercado, prescritores, produtos, preços e tendências.
Link: https://kayamind.com/anuario-da-cannabis-medicinal-2025/


