Pesquisas recentes apontam que a psilocibina, substância natural presente em alguns tipos de cogumelos, pode representar um avanço significativo no tratamento da dor crônica — um dos maiores desafios da medicina moderna.
O novo estudo, publicado no British Journal of Pharmacology, sugere que o composto tem potencial para aliviar a dor de forma profunda e duradoura, atuando não apenas sobre os sintomas físicos, mas também sobre o sofrimento emocional que acompanha a condição.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um terço da população mundial convive com algum tipo de dor persistente. Essa condição afeta a qualidade de vida de milhões de pessoas e frequentemente resiste aos tratamentos convencionais, como os analgésicos e opioides, que oferecem alívio temporário e trazem riscos de dependência.
Uma nova via de cuidado
Diferente dos medicamentos tradicionais, a psilocibina atua em múltiplos níveis do sistema nervoso. O estudo mostra que a substância é capaz de modular receptores de serotonina, reduzir inflamações e estimular a neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de criar novas conexões e reorganizar circuitos ligados à percepção da dor.
Em modelos experimentais, uma única dose de psilocibina reduziu comportamentos relacionados à dor por até dez semanas. Em ensaios clínicos com humanos, pacientes que sofrem de enxaqueca, fibromialgia e dor oncológica relataram melhora sustentada tanto na intensidade da dor quanto no bem-estar emocional.
Entre ciência e empatia
Os achados se somam a um movimento global de reavaliação do uso terapêutico de psicodélicos. Nos Estados Unidos, a psilocibina já recebeu do FDA o status de “terapia inovadora” (Breakthrough Therapy) para o tratamento da depressão resistente — e pesquisadores acreditam que os mesmos mecanismos envolvidos na melhora do humor também podem influenciar positivamente os circuitos cerebrais ligados à dor.
O artigo destaca que a psilocibina pode ajudar a romper o ciclo de dor e sofrimento por meio de mudanças neuroplásticas duradouras, oferecendo uma alternativa mais segura e eficaz que os opioides.
O que vem pela frente
Ainda que os resultados sejam promissores, os autores do estudo alertam para a necessidade de protocolos clínicos rigorosos e uso supervisionado, garantindo segurança e eficácia no contexto terapêutico.
No Brasil, o tema ainda está em fase de debate científico e regulatório, mas especialistas defendem a importância de avançar em pesquisas clínicas que explorem o potencial dos psicodélicos para o manejo da dor e saúde mental.
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Fonte científica:
Psilocybin as a novel treatment for chronic pain, British Journal of Pharmacology (2025). Leia o artigo completo aqui


