Como substituto dos refrigerantes e outras bebidas industrializadas, as pessoas têm buscado opções mais saudáveis e funcionais para inserir no dia a dia e matar a vontade de um refresco. Por isso, nos últimos tempos, você deve ter ouvido falar com frequência em kombucha, kefir e switchel, mas, com esses nomes difíceis, é natural que fique complicado distinguir um do outro e até de entender o que são cada um deles.
O que é kombucha?
A kombucha era feita tradicionalmente na China e no Japão por meio da fermentação de kelp, uma alga marinha comestível, com chá – “konbu” significa kelp e “ocha” corresponde à chá. Hoje, no entanto, o mercado incorporou essa bebida e ela não é mais feita exclusivamente com kelp, mas principalmente com chá e outros ingredientes como frutas e ervas.
Vale dizer que o chá não é definido por qualquer infusão, mas apenas àquelas que são feitas com a planta Camellia Sinensis. Ao passar por processos específicos, é possível produzir os chás verde, preto, branco, amarelo, puer e oolong, sendo cada um com suas especificidades e sabores, além de propriedades medicinais.
A maioria das kombuchas encontradas no mercado brasileiro tem como base os chás verde e preto, que são mais fáceis e comuns de serem encontrados. Depois da mistura de algum desses chás com frutas vermelhas, maracujá, gengibre, melissa ou outro ingrediente, ou até mesmo sem nenhum, a bebida passa por um processo de fermentação a partir de uma cultura de leveduras e mais de 40 bactérias chamada SCOBY.
Por ser uma bebida fermentada, ela é predominantemente ácida e tem sabores e cheiros fortes, que, para muitas pessoas que não estão acostumadas, podem ser desagradáveis. Mas a kombucha tem muitos benefícios para a saúde, o que faz ela ser bastante procurada e consumida – vamos falar dessas vantagens mais pra frente.
O que é kefir?
O kefir se assemelha ao kombucha por também ser uma bebida fermentada e de trajetória longínqua: há milhares de anos, em montanhas na fronteira entre a Europa e a Ásia, os nômades encontraram crostas na parede dos recipientes em que transportavam leite. A palavra kefir vem do termo eslavo “keif”, que significa bem-estar ou bem viver.
Existem dois tipos de kefir: à base de leite, que é a versão original e mais popular, e de água com açúcar mascavo. Ambos são produzidos a partir da submersão temporária de grãos que são uma colônia de microorganismos, normalmente lactobacilos e bifidobactérias (uns dos maiores grupos de bactéria que compõe a microbiota intestinal e, portanto, residem no cólon). Assim como outros fermentados, oferecem uma série de benefícios terapêuticos.
O que é switchel?
Diferente da kombucha e do kefir, o switchel não é uma bebida fermentada – ela é feita com água, gengibre, vinagre de maçã e algo para adoçar (mel, melaço, maple syrup etc.). Assim como os outros refrescos, ela também é milenar, mas não se sabe suas raízes ao certo – alguns atribuem sua origem à China, outros à partes da África e Caribe onde era usado para fins religiosos e alguns ao período colonial nos Estados Unidos, em que trabalhadores do campo faziam e bebiam switchel para repor as energias.
O switchel não é um suco, um chá e nem uma bebida alcoólica: é um isotônico, ou seja, uma bebida constituída por água, sais minerais e carboidratos, e, portanto, ideal para atletas. Apesar de ter quatro principais, também é possível acrescentar sabores ao switchel. No Brasil, por exemplo, há opções com cupuaçu e cumaru, matcha, maracujá e cúrcuma, maçã e pimenta.
Benefícios do kombucha, kefir e switchel
Alimentos e bebidas fermentadas oferecem uma série de benefícios. O chá, também. Confira as possíveis vantagens da kombucha:
- Melhorar a digestão, por conter probióticos;
- Melhorar o nível de colesterol e reduzir gordura;
- Tem ação antioxidante;
- Prevenir o crescimento e disseminação de células cancerígenas;
- Aumentar a imunidade, por oferecer uma série de vitaminas, aminoácidos, proteínas e minerais;
- Promove saciedade; e mais.
Vale dizer, no entanto, que os benefícios da kombucha não são um consenso. Tudo depende do organismo da pessoa que vai consumir, mas é bom lembrar que nada em excesso faz bem e nenhum alimento ou bebida é milagrosa.
O kefir tem vantagens semelhantes ao kombucha, ao mesmo tempo que seus benefícios também não são uma verdade absoluta, apesar de existirem estudos científicos. Mas veja algumas das propriedades terapêuticas:
- Equilibra a flora intestinal;
- Auxilia a prevenção da osteoporose;
- Fortalece o sistema imunológico;
- Diminui a pressão arterial; e mais.
No caso do switchel, que é um isotônico, as funções são bem diferentes, mas também não são 100% comprovadas:
- É altamente hidratante;
- Revigorante;
- Melhora náuseas;
- Reduz inflamações por conta do gengibre;
- Diminui dores musculares;
- Alivia a ressaca; e mais.
Tanto o kefir e o kombucha, por serem fermentados, tem um nível alcoólico, mas tão baixo que não causa embriaguez e outros sintomas. Já existem, no entanto, kombuchas que são propositalmente alcoólicas e, aí sim, podem ser consideradas bebidas sociais.
Mercado das bebidas funcionais e saudáveis
Esses três mercados têm crescido mundialmente e até se consolidaram em alguns países. No Brasil, ainda há muito espaço para desenvolvimento, mas algumas marcas já vêm se estabelecendo com autoridade.
De acordo com a Associação Brasileira de Kombucha (ABKOM), a produção da kombucha aumentou 50% entre 2018 e 2019, sendo que em 2019 foram produzidos 900 mil litros da bebida. Até hoje, a instituição estima que tenham sido produzidos 1,6 milhões de litros e que a indústria tenha tido um faturamento R$ 18,9 milhões. A tendência é desse mercado crescer cada vez mais.
O kefir já virou um produto industrializado em mercados internacionais, mas, no Brasil, ainda faz parte de uma produção majoritariamente caseira, apesar de existirem algumas opções à venda. Na Europa, por exemplo, nas prateleiras dos mercados existem refrescos feitos à base de kefir e água nos quais são adicionadas frutas, como acontece na kombucha, e iogurtes que nada mais são do que o kefir à base de leite.
Já o switchel, no Brasil, é unicamente liderado pela marca Kiro, que começou a ser concebida em 2014, mas passou a comercializar seus produtos apenas em 2017. Em 2019, já tinha atingido a produção de 15 mil garrafas por mês que eram distribuídas em 90 pontos da cidade de São Paulo, incluindo restaurantes renomados como o Maní, até que os pedidos começaram a se espalhar para fora de São Paulo, chegando ao litoral e ao Rio de Janeiro.
Assim como tantos outros, o mercado dessas bebidas é uma oportunidade para o setor da cannabis, já que a elas podem ser acrescentadas uma diversidade de ingredientes, incluindo a infusão de CBD e até cânhamo, como já acontece em países com regulamentação. Assim, as propriedades terapêuticas da cannabis também poderiam ser aproveitadas em conjunto com os outros benefícios desses refrescos.