Nos últimos anos, o nome HHC — ou hexa-hidrocanabinol — começou a aparecer com frequência nas conversas sobre cannabis e seus derivados. E, com ele, muitas dúvidas: é legal? É natural? É seguro? Recentemente, o HHC foi incluído na lista de substâncias proibidas pela Anvisa, o que torna ainda mais importante entender o que ele é e por que essa mudança está acontecendo.
Neste texto, vamos explicar tudo sobre o HHC: de onde ele vem, como age no corpo, quais os riscos e o que diz a nova regulamentação brasileira.
HHC: o que é o hexa-hidrocanabinol
O HHC, ou hexa-hidrocanabinol, é um canabinoide semissintético, ou seja, que pode até estar presente em pequenas quantidades na planta da cannabis, mas que geralmente é produzido em laboratório a partir de outros compostos, como o CBD.
Quimicamente, o canabinoide é um derivado hidrogenado do THC (tetrahidrocanabinol). A hidrogenação — o mesmo processo usado na margarina — altera a estrutura da molécula, tornando-a mais estável e aumentando seu tempo de prateleira.
Apesar de ser similar ao THC, o canabinoide não é exatamente a mesma coisa. E isso abre margem para muitas polêmicas sobre sua legalidade e segurança.
Como o HHC age no corpo humano?
O canabinoide se liga aos mesmos receptores canabinoides do sistema endocanabinoide que o THC, principalmente o receptor CB1, presente no cérebro. Por isso, seus efeitos são semelhantes aos do THC:
- Alteração de humor
- Sensação de euforia
- Alteração da percepção
- Relaxamento corporal
- Aumento de apetite
No entanto, a potência do HHC é menor do que a do THC tradicional. Alguns usuários relatam que o efeito é mais “suave” e menos ansiolítico. Mas ainda assim, é psicoativo — ou seja, altera a mente.
O HHC é legal no Brasil?
Não mais.
A Anvisa proibiu o HHC no Brasil por meio da Resolução Nº 985/2025, publicada no dia 29 de julho de 2025. O HHC passou a integrar a Lista F2 de Substâncias Psicotrópicas Proscritas, o que significa que não pode ser vendido, fabricado, importado ou utilizado no país, salvo em casos de autorização específica para pesquisa. Para entender melhor, confira nosso artigo completo sobre o assunto.
HHC é natural ou sintético?
Essa é uma dúvida comum. O canabinoide até pode existir naturalmente em quantidades traços na planta da cannabis, mas a maior parte do canbinoide disponível no mercado é sintetizada em laboratório. Geralmente, ele é derivado do CBD extraído do cânhamo, passando por um processo de hidrogenação.
Portanto, ele não é considerado um “canabinoide natural” no sentido terapêutico tradicional, como o THC ou o próprio CBD.
Seu uso é seguro?
Por ainda ser uma substância recente no mercado e pouco estudada, o HHC não pode ser considerado seguro para uso medicinal ou recreativo. Alguns dos efeitos adversos relatados incluem:
- Boca seca
- Tontura
- Ansiedade
- Náusea
- Taquicardia
- Confusão mental
O maior problema é que não há padronização nem controle de qualidade na produção de HHC. Isso significa que diferentes produtos podem ter diferentes concentrações ou impurezas, aumentando os riscos.
Existe uso medicinal do HHC?
Apesar de seus efeitos sobre o sistema endocanabinoide, o HHC ainda não é considerado um composto com valor terapêutico comprovado. Nenhum país do mundo tem medicamentos à base de HHC aprovados pelas suas agências sanitárias. Também não há ensaios clínicos robustos em humanos que sustentem seu uso com segurança.
Por isso, a maior parte das aplicações conhecidas do canabinoide são recreativas ou comerciais — o que levantou o alerta das autoridades.
HHC vs THC vs CBD: qual a diferença?
| Composto | Origem | Psicoativo | Legal no Brasil | Aplicação |
| HHC | Sintético (derivado do CBD) | Sim | Proibido | Nenhuma aplicação aprovada |
| THC | Natural | Sim | Permitido | Tratamento de dor, náusea, epilepsia, etc. |
| CBD | Natural | Sim, porém não altera percepção | Permitido | Ansiedade, epilepsia, inflamação, entre outros |
O hexa-hidrocanabinol (HHC) surgiu como uma alternativa controversa ao THC, oferecendo efeitos semelhantes com uma suposta legalidade. Mas com a nova resolução da Anvisa, o ciclo do HHC no Brasil se encerra oficialmente, reforçando a importância de um mercado de cannabis regulado, seguro e baseado em evidências científicas.
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