O potencial medicinal, terapêutico e psicotrópico da cannabis é consequência dos princípios ativos que a compõem. Há terpenos, canaflavinas e fitocanabinoides na planta, sendo os fitocanabinoides as propriedades mais conhecidas e disseminadas desses grupos. Existem mais de 100 fitocanabinoides encontrados na maconha e, até hoje, a quantidade correta ainda é pesquisada. São dois deles, no entanto, que lideram os estudos a respeito da planta: o THC e o CBD. Um tratado como vilão e o outro milagroso, ainda que erroneamente, mas muitos outros fitocanabinoides também oferecem benefícios medicinais. Por isso, a Kaya Mind publicará uma série de textos sobre alguns dos fitocanabinoides da cannabis. Neste material, será explorado um potencial fitocanabinoide para uso medicinal e adulto: o delta-8 THC.
O delta-8 THC não é um fitocanabinoide muito conhecido ou estudado, mas é um dos mais predominantes entre os fitocanabinoides já encontrados na cannabis. No entanto, apesar de não ser o componente mais popular da cannabis, tem chamado bastante atenção em diversos contextos.
Existe algum outro fitocanabinoide que “chapa? Conheça o delta-8 THC.
Semelhante ao seu parente próximo, o delta-9 THC ou apenas THC, o delta-8 THC também oferece a sensação de “chapado” que os entusiastas da maconha tanto procuram, ainda que os efeitos sejam menos potentes – o que pode ser uma alternativa para aqueles que experienciam ansiedade ou paranoia ao consumir produtos com THC. Além disso, ambos se ligam ao receptor endocanabinoide CB1 quando interagem com o organismo humano, mas a afinidade pelo receptor é diferente por conta de sua estrutura molecular. Esta, inclusive, é uma das únicas diferenças entre os dois elementos, por conta da localização de suas ligações duplas na cadeia de carbono (um tem na 9ª e o outro na 8ª cadeia de carbono).
Ao interagir com o receptor CB1, alguns pacientes relatam que o delta-8 THC proporciona benefícios medicinais importantes como as propriedades antieméticas, ansiolíticas, analgésicas, neuroprotetoras, soníferas e estimulantes de apetite. O químico israelense Raphael Mechoulam estudou esse princípio ativo nos anos de 1990 e afirmou que é mais estável que o THC, uma característica importante para manejar compostos medicinais.
Mas o delta-8 THC também é proibido?
Pelo fato do delta-8 THC ser mais comumente extraído do cânhamo, ele é legalizado na maioria das regiões nos Estados Unidos, exceto aquelas que especificamente o proibiram, e em outros países onde há regulamentação a respeito dessa subespécie da Cannabis Sativa L.. No Brasil, também é possível usar as propriedades terapêuticas desse fitocanabinoide por meio da importação de produtos que o contêm, mesmo que não haja tanta variedade por conta da escassez de estudos. Como as pesquisas são focadas principalmente no CBD e no THC, há ainda muito a se descobrir do delta-8 THC, o que exige cuidado e atenção ao fazer esse uso. Ainda, vale lembrar que os efeitos são diferentes a depender da dose e da forma de uso das substâncias.
O reconhecimento do delta-8 THC como uma substância mais “leve” e extraída do cânhamo, fez com que o fitocanabinoide fosse incluído na formulação de diversos produtos, mas especialistas alertam sobre o uso desenfreado da substância.
O delta-8 THC é um composto natural da cannabis?
Recentemente, polêmicas envolveram a comercialização de produtos contendo o Delta8-THC, principalmente no que se refere a prescrição de flores in natura. Apesar dos relatos das propriedades terapêuticas do Delta 8 THC, a cannabis produz uma baixa quantidade da substância, muitas vezes insuficiente para a produção em massa de medicamentos e outros produtos. Devido as limitações burocráticas que envolvem o delta-9 THC, o delta-8 se tornou alvo de produção sintética e simessintética, o que preocupou os profissionais da saúde. A principal dificuldade é converter outros componentes em delta-8, por esse motivo, outros produtos químicos foram utilizados na formulação.
A agência reguladora dos Estados Unidos – Food, Drugs and Administration (FDA) detectou flores in natura que continham a versão sintética do delta-8 borrifadas em sua estrutura. No Brasil, a ANVISA suspendeu as prescrições desses produtos.
Apesar dessas questões e da proibição da prescrição de flores, há diversos medicamentos produzidos com derivados da cannabis, nas mais variadas formas farmacêuticas, com eficácia e segurança comprovada. Para compreender como funciona a importação dos derivados, acesse aqui.
Quanto ao uso recreativo, o fato do delta-8 THC ser conhecido também por efeitos mais amenos, resultou na escolha dos consumidores que preferem não lidar com riscos de efeitos adversos, como distorções cognitivas, sensações de confusão ou paranoia. No entanto, em paises em que o consumo recreativo não é regulamentado, o controle da quantidade de fitocanabinoides é um dos grandes desafios, já que os consumidores sao incapazes de monitorar os componentes, a origem, a subespécie, entre os outros atributos da planta.
Embora pesquisas científicas com a cannabis sejam burocráticas e um desafio para a comunidade científica, há uma vasta literatura que comprova a eficácia de compostos da cannabis, como por exemplo, o CBD. É importante salientar que são necessários mais estudos que comprovem o mecanismo de ação do delta-8 THC, para que o seu consumo seja seguro e eficaz.
A cannabis é uma planta repleta de fitocanabinoides, e cada um deles possui suas particularidades. Nessa seção, é possível conferir os detalhes de cada um desses componentes: