O mercado de cannabis medicinal no Brasil está em plena transformação, e as mudanças regulatórias, como a revisão da RDC 327/2019 pela Anvisa, têm potencial para acelerar esse crescimento. Mas também escancaram gargalos operacionais desde a ausência de cultivo nacional à dificuldade de acesso a serviços financeiros. Compreender esse cenário é essencial para quem atua ou pretende atuar no setor.
Avanços e entraves na regulamentação
A revisão da RDC 327/2019, proposta pela Anvisa, é um marco importante para o setor. Ela propõe mais clareza técnica para empresas que buscam autorizações, e amplia as possibilidades de formulações e vias de administração de produtos à base de cannabis.
Se aprovada, pode facilitar a entrada de novos players e reduzir custos, o que beneficia diretamente os pacientes. Mas, mesmo com essas melhorias, ainda persistem entraves estruturais: o cultivo nacional continua proibido, o que gera uma dependência total de importações e dificulta a formação de uma cadeia produtiva sólida e acessível.
Além disso, a burocracia envolvida no processo de registro e importação de produtos, somada ao estigma cultural e político, ainda afasta potenciais investidores e encarece o acesso ao tratamento.
A barreira invisível: o sistema financeiro
Apesar de regulamentadas, muitas empresas do setor de cannabis medicinal enfrentam resistência na hora de acessar serviços financeiros. Isso acontece por falta de entendimento das normas por parte das instituições ou pelo receio associado ao histórico da planta. O resultado é um sistema disfuncional, onde negócios legítimos e autorizados pela Anvisa têm dificuldade para abrir conta, processar pagamentos ou realizar câmbio.
No setor de pagamentos, as dificuldades são evidentes. Segundo Fernanda Zago, CEO e cofundadora da WEpayments, muitas instituições financeiras ainda têm receio de operar com empresas do segmento de cannabis medicinal, mesmo regulamentadas, devido ao estigma ou à falta de compreensão das normas. “Isso dificulta o acesso a serviços financeiros essenciais, operações de câmbio e meios de pagamento”, ressalta.

Essa lacuna impacta não apenas a operação das empresas, mas toda a jornada dos pacientes, que podem enfrentar barreiras na hora de adquirir seus medicamentos — especialmente quando falamos em transações internacionais ou formas de pagamento mais acessíveis, como o Pix.
O papel das fintechs em mercados emergentes
Nos últimos anos, algumas empresas do setor financeiro passaram a atuar diretamente com soluções voltadas ao setor de cannabis medicinal. Elas têm desenvolvido ferramentas que combinam compliance, validação de prescrições, operações de câmbio e integrações sob medida, respeitando a complexidade normativa brasileira.
Essas soluções ajudam a manter a rastreabilidade de ponta a ponta, oferecendo segurança jurídica tanto para empresas quanto para os pacientes. Outro ponto importante é a viabilização de transações locais: permitir que os saldos de vendas sejam utilizados para pagamentos no Brasil, com conciliação em tempo real, é um avanço importante para quem opera com produtos importados.
Uma das empresas que têm se destacado nesse movimento é a WEpayments, que atua como instituição de pagamento autorizada pelo Banco Central. Além de processar pagamentos com Pix, cartão e boleto, a empresa oferece suporte completo para empresas que atuam com produtos à base de cannabis, incluindo ferramentas de compliance e estrutura jurídica para orientar operações cross-border ou locais.
O cultivo nacional como oportunidade
A ausência de cultivo em solo nacional continua sendo o principal gargalo da indústria brasileira. Permitir o plantio para fins medicinais pode baratear custos, ampliar o acesso e estimular a inovação — além de fortalecer a economia local. Mas essa transição precisa ser feita com cuidado, para preservar também os modelos de negócio existentes hoje, baseados em importações.
Empresas que desejam migrar para uma operação local enfrentam um cenário ainda incerto do ponto de vista regulatório, o que torna o suporte jurídico e financeiro ainda mais relevante. Estar preparado para essa virada pode ser um diferencial competitivo nos próximos anos.
Mais médicos capacitados, mais pacientes atendidos
A recente decisão do STF sobre a descriminalização do porte pessoal de cannabis também contribui para um ambiente mais favorável à discussão aberta sobre a planta. Isso tem se refletido em um número crescente de médicos que passam a prescrever produtos derivados, especialmente após capacitações específicas sobre uso clínico da cannabis.
A capacitação médica é considerada hoje um dos pilares para o crescimento sustentável do setor. Quanto mais conhecimento técnico estiver disponível para os profissionais de saúde, maior será a segurança — e a confiança — no tratamento, tanto para o prescritor quanto para o paciente.
O que esperar do futuro?
Segundo a projeção da Kaya Mind no Anuário da Cannabis Medicinal 2024, o mercado de cannabis medicinal no Brasil pode movimentar R$ 1 bilhão até o fim de 2025. Para isso, será essencial que o avanço regulatório caminhe lado a lado com a infraestrutura de pagamentos, a profissionalização da cadeia produtiva e o apoio a novos modelos de negócio.
O Brasil tem todas as condições para se tornar um polo de inovação e exportação na América Latina — mas isso só será possível com uma regulação coerente, serviços financeiros inclusivos e um ecossistema comprometido com o acesso seguro à saúde.
Sobre a WEpayments
A WEpayments, como participante do setor financeiro, busca aliviar as dores enfrentadas pelas empresas de cannabis medicinal por meio de soluções sob medida. “Focamos em construir com sinergia e baseados no feedback dos nossos clientes. Além de processar pagamentos, oferecemos soluções de compliance, como a validação de receitas médicas na plataforma de pagamentos, operações de câmbio que permitem expatriar recursos das vendas para o exterior e integrações às nossas soluções de acordo ao tamanho e realidade de cada cliente”, explica Fernanda.
Outro diferencial da WEpayments, conforme destaca Fernanda, é a operação concomitante: empresas podem usar os saldos coletados das vendas para pagar fornecedores, colaboradores e parceiros diretamente no Brasil, com conciliação de saldos em tempo real. “Oferecemos também métodos de pagamento locais, como cartões de crédito nacionais, Pix e boleto bancário. Hoje, mais de 20% dos usuários dos nossos clientes de mercado CBD escolhem o PIX para comprar seus medicamentos, enquanto 70% optam por cartões de crédito locais”, informa a CEO.
Fernanda também reforça o compromisso da empresa com a educação e o suporte para os empresários do setor: “É nossa obrigação como especialistas em infraestrutura financeira falar para os empresários de um mercado emergente e com múltiplas dúvidas sobre os processos financeiros que existem soluções que atendem suas necessidades em pagamento e câmbio de ponta a ponta. Os processos financeiros podem ser simplificados com o player correto.”


